10 de setembro de 2025
“É crucial unir forças para resistir ao avanço do capitalismo sobre nossos territórios”, diz Anderson à Rádio Nyéléni
A Via Campesina celebra um Dia Internacional de Ação contra a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os Acordos de Livre Comércio (ALCs) a cada 10 de setembro, para denunciar os impactos negativos destes acordos sobre os agricultores, as economias locais e a soberania alimentar dos povos.
Esta data homenageia o agricultor sul-coreano Lee Kyung Hae, que se sacrificou em protesto contra a OMC em 2003, e serve para defender a soberania alimentar e promover um comércio solidário, opondo-se aos modelos de livre comércio que, segundo a Via Campesina, geram fome, pobreza e morte.
Para marcar o Dia Internacional de Ação Contra a OMC, o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Via Campesina Brasil e América Latina, Anderson Amaro, concedeu entrevista nesta quarta-feira, dia 10, à Rádio do 3º Fórum Global Nyéléni, que está sendo realizado em Sri Lanka, transmitida pelo YouTube (link abaixo).
Anderson ressalta a necessidade de preservar a natureza e transitar para uma agricultura agroecológica, mesmo diante do uso de químicos na agricultura convencional. A transição exige investimentos e está sendo implementada em várias partes do mundo, como em Brasília, com foco na produção de biossumos.
“A produção de alimentos pelos camponeses é essencial, sendo que eles são responsáveis por grande parte da produção mundial e, portanto, cruciais no combate à fome e na construção de um sistema alimentar saudável e sustentável”, destaca, acrescentando que a que a fome é usada como arma e enfatiza que apenas os camponeses são capazes de “esfriar o planeta”, necessitando da união de povos indígenas, pescadores e camponeses para realizar essa transformação em seus territórios e em todo o mundo.
A agroecologia é mais do que apenas produzir alimentos orgânicos, diz, pois envolve respeito pela natureza (terra, água) e pelas relações humanas (gênero, família, comunidade), uma produção harmoniosa, integrando diversos elementos como animais, plantas e grãos. O uso de insumos externos é desaconselhado, afirma e continua: a alimentação saudável, baseada na agroecologia, é fundamental para a saúde do povo e a produção sustentável é essencial para o futuro.
Ainda em sua entrevista, Anderson Amaro fala sobre a importância fundamental das sementes para a agricultura camponesa. Destaca que a preservação e autonomia sobre as sementes são essenciais para a segurança alimentar e a soberania camponesa. A mensagem critica a tentativa de grandes corporações de controlar as sementes, defendendo que elas são um patrimônio dos povos, e não um produto a ser mercantilizado. E enfatiza a necessidade de garantir a produção, multiplicação e conservação das sementes pelos próprios camponeses para evitar a dependência e a deterioração da qualidade dos alimentos.
Na entrevista denuncia a exploração das empresas sobre os povos e camponeses, a perda de um companheiro que lutava contra essa apropriação e a importância de resistir. O objetivo dos camponeses e das camponesas, ressalta Anderson, é alcançar a soberania territorial, alimentar, hídrica e genética, transformando os sistemas alimentares e construindo um mundo sem guerras. A mensagem expressa solidariedade aos povos em conflito, como Palestina, Sudão, Venezuela, Congo e a expectativa de continuar o debate no Fórum.
No último bloco da entrevista, Anderson afirma acreditar na construção de um mundo novo com a participação de todos e acreditamos que o Fórum trará grandes resultados para a unidade na luta de mais de 200 milhões camponesas e camponeses ao redor do mundo.
“O objetivo principal é buscar uma renda comum e convergência para o futuro, diante de um cenário dinâmico e desafiador. As organizações globais presentes, representando diversos grupos (camponeses, pescadores, consumidores), têm a responsabilidade de alcançar essa convergência. É crucial unir forças para resistir ao avanço do capitalismo sobre nossos territórios e garantir a soberania alimentar. Acreditamos que o fórum resultará em acordos e lutas para alcançar a vitória desejada pelo povo”, finaliza.
Ouça a íntegra da entrevista no link abaixo:
https://www.youtube.com/live/aph0B-OrzdQ?si=BDNv3a9QpBdaxeyn
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