24 de agosto de 2018
“A Greve de Fome continua”. Essa foi a palavra de ordem dos militantes em Greve de Fome neste 24º dia de resistência por justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). Sem posicionamento oficial dos ministros da Casa, os grevistas afirmam que a Greve de Fome terá continuidade até que a democracia social seja garantida, conforme prevê a Constituição Federal. Segundo os grevistas, a mobilização reflete a multiplicação do amor inconformado pela justiça.
A manhã foi marcada pela visita de apoio e solidariedade do atual Diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), José Carlos Torves aos sete militantes – Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves, Luiz Gonzaga, o Gegê, Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico e Leonardo Soares, em nome de toda a Federação. Os grevistas afirmaram que apesar do corpo estar fraco, a mobilização nunca esteve tão forte em todo o Brasil.
O procurador Federal dos Direitos do Cidadão, em exercício, Domingos Silveira, esteve com os grevistas e avaliou a relação de poder dentro das instâncias da sociedade brasileira, com olhar sobre o Poder Judiciário e a representatividade do STF. “É essencial para a democracia que se tenha uma justiça transparente que exerça o poder de forma clara com regras a serem seguidas. É estranho e não é comum na mais que centenária tradição do STF, que temas tão essenciais como o duplo grau de jurisdição, que atinge várias pessoas no país, não ser pautado. É preocupante e isso foge e não guarda nenhuma relação com a longa tradição democrática que o STF possui. Os grevistas assumiram o mais radical ato de coragem em defesa da justiça e da democracia já realizada nos últimos tempos no Brasil, que é colocar a própria vida em risco por uma causa”, expressou.
Mensagens de solidariedade também chegam de Milão (Itália) à reivindicação dos grevistas. “Expressamos nossa solidariedade aos grevistas de Brasília, que estão lutando por justiça no Supremo Tribunal Federal para que o ex-presidente Lula possa competir nas eleições presidenciais de outubro e o Brasil volte a ser um país sem fome, desemprego, doenças”, reforçaram o médico Tullio Quaianni e o Jornalista Nicoletta Manuzzato.
Gianni Oropallo, também de Milão (Itália), reforçou o apoio aos militantes em Greve de Fome há 24 dias. “Espero que o apelo dos grevistas, juntamente com o da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), desperte as consciências daqueles que têm o dever de garantir um futuro de justiça e democracia para o Brasil”, pontuou.
O direito à democracia foi reivindicado também em Santa Catarina. Manifestantes da Via Campesina e mandato do deputado Pedro Uczai-PT fortaleceram a mobilização por justiça no STF e realizaram Ato em solidariedade aos militantes em Greve de Fome em frente à Catedral Chapecó.
À noite, os militantes da Greve de Fome realizaram Ato Inter-Religioso em frente ao STF. O reverendo Luis Sabanay, da Igreja Presbiteriana, conduziu o ato e esclareceu que a Greve de Fome tem objetivo estritamente político, em que soma a decisão individual dos grevistas à consciência dos movimentos populares que compõem a representação dos sete grevistas. “O fato é que qualquer cidadão tem o direito a presunção de inocência, antes que todos os recursos sejam esgotados, pressupõe que o cidadão é inocente. Até que se prove o contrário e que se consolide no rito judiciário, os direitos estão assegurados. Além disso, outro importante elemento de indignação que a consciência de Greve de Fome trouxe à maioria do povo brasileiro, é a volta do quadro de fome e miséria ao nosso país, fruto do golpe”, reiterou.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro, reforçou a força que o povo brasileiro possui diante do atual contexto de injustiça social. “É a classe trabalhadora que paga os salários dos ministros e por isso eles devem contas e obrigações ao povo brasileiro. Da produção de uma empada a um avião tecnológico, é o povo brasileiro que está envolvido neste processo de produção”, pontuou.
Contrário do que imaginavam os golpistas, explicou Gilmar Mauro o golpe aplicado à nação não calou a mobilização nacional, ela está cada vez mais forte em todo o país. “Essa realidade se reflete às pesquisas populares realizadas sobre a preferência para a Presidência da República, em que Luís Inácio Lula da Silva aparece em primeiro lugar. Esse cenário também se dá pelo processo de politização da sociedade brasileira”, destacou.
A advogada Marisa Helena Ferreira também afirmou que a mudança depende de cada cidadão. “Lamento profundamente que o STF, guardião da nossa Constituição, descumpra seu papel primordial, e que nós, trabalhadores, temos que chegar a esse ponto da Greve de Fome para combater várias questões que contrariam nossa Carta Magna. Nosso coração e nossa alma estão com os grevistas, na verdade todos nós deveríamos estar em greve pois essa é uma luta de todos nós, brasileiros. Esse país é nosso, e não de corruptos que querem entregar as riquezas do nosso Brasil”, acrescentou.
Por fim, unidos por uma única voz, militantes encerraram o Ato Inter-Religioso reivindicaram: “Cármen Lúcia, respeite o povo brasileiro”.
Por Comunicação a Greve de Fome
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