15 de outubro de 2016

O dia 15 de outubro tradicionalmente tem sido comemorado como o Dia Mundial da Trabalhadora Rural, para os Movimentos Campesinos é o Dia Mundial da Mulher Camponesa. Calcula-se que pelo mundo as mulheres camponesas representam mais de que um quarto da população, porém a Terra, que é seu principal meio de trabalho e auto sustento, apenas 2% é de propriedade feminina e recebem só 1% de todo o crédito destinado para a agricultura.

Segundo as Organizações das Nações Unidas pela Agricultura e Alimentação (FAO) na América Latina e o Caribe, a população do campo ascende a 121 milhões de pessoas, 48%, correspondente a 58 milhões são mulheres que trabalham até 12 horas diárias cuidando da horta, animais, recolhendo e cozinhando alimentos, criando os filhos, cuidando de pessoas idosas e enfermas, entre outras tarefas. Dos 37 milhões de mulheres camponesas maiores de 15 anos, apenas 17 milhões são consideradas parte da População Economicamente Ativa (PEA), e só 4 milhões são consideradas “produtoras agropecuárias”, dados estes muito contestáveis pois só considera como produtoras as mulheres que geram mercadoria para a venda, negando sua contribuição para a economia, tanto no trabalho doméstico realizados pelas camponesas, como nas tarefas de produção para o consumo próprio, familiar e das comunidades.

É preciso chamar a atenção para o fato de que 70% da população mundial se alimenta da produção dos camponeses, pescadores artesanais, hortas urbanas, de tudo o que é denominado de ‘pequena agricultura’, ou ‘pequena produção’, porém somente dispõe de 20% da Terra. Enquanto que agricultura industrial, ou o agronegócio usa 80% da Terra, e 80% de toda a água e dos combustíveis que se usa na agricultura.

Quando olhamos para o campo brasileiro vemos o quão distinto são o Agronegócio é a Agricultura Camponesa, isso reflete fortemente na vida das mulheres do campo brasileiro, mesmo que nos últimos anos tenha havido conquistas consideráveis, as quais com o golpe estão em risco.

Conforme o Anuário das Mulheres Brasileiras, publicado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) em 2011, dos 27,1% de empregos permanentes da agropecuária, somente 5,1% são ocupados por mulheres. Quando olhamos para os empregos temporários 6,1% equivale as mulheres, porém, quando o quesito é trabalho não remunerado essa percentagem aumenta para 30,7% das mulheres trabalham no campo sem remuneração. Segundo o anuário, mais de 80% das mulheres residentes no campo recebem até 1 salário mínimo por mês.

Se olharmos para os dados do último Senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje as mulheres do campo são responsáveis por quase metade da renda familiar (42,4%), valor superior ao das que vivem nas cidades (40,7%).  Em 2000, as mulheres chefiavam 24,9% dos 44,8 milhões de domicílios particulares, em 2010, essa proporção cresceu para 38,7% dos 57,3 milhões de domicílios.

Por Comunicação MPA com informações da Revista Biodiversidad: sustento e culturas, DIEESE e IBGE