7 de outubro de 2016
A plenária de conhecimento do Acampamento da Juventude do MPA no RS resgatou lembranças e renovou o rosto da militância camponesa
A imagem é emblema. A força dos símbolos, tantas vezes se imaterializa no cotidiano de nossos dias, sem que tenhamos a atenção para aprender e viver com a experiência da emoção. Na manhã de céu sisudo deste 7 de outubro, enquanto os dirigentes Frei Sérgio Goergen e Plínio Simas relatavam as histórias e estórias da formação do Movimento dos Pequenos Agricultores, ao fundo um pequeno gigante do alto de seu pouco mais de primeiro ano de vida, socava com alegria um tambor do coletivo de agitação dos jovens camponeses. Não poderia ser mais intenso, maior ou mais representativo o contraste. Nas palavras finais, frente aos mais de 500 jovens participantes do primeiro acampamento estadual no RS, ambos selariam as lembranças com uma concordância: a passagem da “bola”, a partilha da responsabilidade de uma geração que fez muito, que enfrentou muito, para uma próxima que vem chegando com grandes desafios no seu roteiro do tempo, tendo a frente um chamado insistente de que é preciso levantar-se, é preciso manifestar-se, é preciso, como disse o Goergen, “começar a escrever a própria história, porque o tempo de ler a história dos outros já passou”.
Na cena do dia primeiro do Acampamento Estadual da Juventude Camponesa do MPA no RS, o pequeno João Pedro dividiu o protagonismo da fala. Foi ele, a seu modo, também parte da pauta. Espelhado no rosto sorridente do menino os exemplos de luta foram sendo apresentados em cronologia de peleias e de afetos. Sim, também afetos, porque em suas duas décadas de atuação o MPA lutou com garra e gana por seus objetivos, mas acima de tudo o fez por crer em dias melhores, em justiça solidária, em afetividade revolucionária. “Em que mundo vocês querem viver?” – questiona o veterano dirigente aos jovens atentos. “De que lado vocês vão ficar? Que valores defender? Que projeto abraçar?” – insiste na provocação, até arrematar o chamado: “Não podemos mais esperar, vocês vão definir e isso é agora”.
Solidariedade revolucionária. Duas palavras que refletem uma jornada de enfrentamento e construção, de pé trancado contra as forças reacionárias de outro tempo e também deste. “Sim, tivemos muito debate, muita reunião, mas foi na rua, na estrada que o MPA nasceu e ali que devemos permanecer, defendendo nossas pautas de luta, que hoje estão integradas a outros movimentos sociais tanto do campo quanto da cidade, buscando conquistas coletivas”, palavras agora de Simas. “Se um de nós sozinho grita contra uma injustiça, é muito fácil ter a voz abafada ou o grito ignorado, mas quando somos 10 mil ou 15 mil vozes gritando juntas, nas mesma direção, podem ter certeza que eles vão nos ouvir e vão nos respeitar”.
O Centro de Formação São Francisco de Assis amanheceu agitado neste 7 de outubro. Colorido. Barulhento. Sorridente. Desobediente. Sonhador. E a conservadora Santa Cruz do Sul ganhou novos ares. A terra mãe das fumageiras, por três dias deixa de ser lembrada pelos males da produção que mata o plantador e mata o consumidor, para resplandecer na gênese de uma nova juventude camponesa, nascida para perpetuar a luta e, mais que isso, para renovar a luta com sua criatividade e energia. Com seu jeito de desconstruir as amarras e fazer das correntes ornamentos de alegria. É por mim e por ti que eles lutam. É por um Plano Camponês construído de sonhos para se fazer realidade, e por uma Aliança Camponesa e Operária que se projeta como verdadeira via para a conquista da soberania alimentar. Sim, por mim, por você e pelo João Pedro. Sem perder a ternura jamais. Mas essa é a pauta de outra prosa.
Marcos Antonio Corbari – Jornalista, Camponês.
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