1 de agosto de 2018
O grupo de seis militantes sociais que se colocou em situação de greve de fome ontem, 31, protocolou e fez leitura pública de uma manifesto onde externiza suas motivações e apresenta uma pauta de reivindicações junto ao Supremo Tribunal Federal.
Após as primeiras 24 horas em jejum e mesmo já tendo sido vítimas de agressões por parte da polícia do judiciário e de guardas privados quando se colocaram nas proximidades da entrada do tribunal, seguem convictos de suas proposições e esperam ser recebidos pela presidenta do STF Cármen Lúcia.
Confira a íntegra do manifesto:
MANIFESTO DA GREVE DE FOME
BRASÍLIA – DF, 31 DE JULHO DE 2018
Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado. Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo. O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras. Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.
Nosso gesto quer denunciar, defender e apelar.
1. Denunciamos a volta da fome, o sofrimento e o abandono dos mais pobres, sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem terra, assentados, quilombolas e desempregados;
2. Denunciamos o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs;
3. Denunciamos a situação dos doentes, da saúde pública, das pessoas com deficiência, a volta das epidemias e da mortalidade de crianças;
4. Denunciamos os ataques à educação pública, que deixam a juventude sem perspectiva de vida;
5. Denunciamos a volta da carestia, o aumento do preço do gás, da comida e dos combustíveis;
6. Denunciamos as tentativas de aniquilamento da soberania nacional, através da entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro: Amazônia, terra, petróleo, energia, biodiversidade, água, minérios e empresas públicas essenciais à geração de emprego e ao bem estar do povo;
7. Nos indignamos e não aceitamos o sacrifício anunciado de duas gerações: as crianças e os jovens;
8. Defendemos o direito do povo escolher livremente, pelo voto, seu próprio destino, elegendo à Presidência o candidato de sua preferência;
9. Defendemos a volta da plenitude da democracia e a vigência integral dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, hoje negada e pisoteada;
10. Apelamos ao Supremo Tribunal Federal pelo fim das condenações sem crime, das prisões ilegais sem amparo na Constituição e pela libertação imediata do Presidente Lula, para que possa ser votado pelo povo brasileiro.
A situação de desespero do povo tem muitas causas. Neste momento, entretanto, os agentes diretos pelo massacre, pela a injustiça e pela destruição da Constituição, têm nome e sobrenome: são donos da rede globo e estão nos tribunais em Curitiba e Porto Alegre. São responsáveis pelo que acontecer com qualquer dos Grevistas de Fome.
Apelamos aos Ministros do Supremo Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Alexandre de Moraes para que respeitem a Constituição, garantam o retorno à normalidade democrática, anulem a condenação sem crime do presidente Lula, reponham o direito à presunção de inocência e o direito do povo de escolher seu presidente de forma livre e democrática. São eles também responsáveis caso algo grave aconteça aos que estão em greve de fome.
Afirmamos que nossa greve de fome é uma escolha livre e consciente para evitar que nosso povo volte a passar fome por imposição.
Tomamos a decisão de iniciar esta Greve de Fome e colocamos as decisões dos Ministros do Supremo Tribunal Federal como condicionantes para seu encerramento, atendendo aos clamores da maioria do povo brasileiro.
Acreditamos no povo brasileiro, nas possibilidades de nossa Nação e temos a firme esperança de que vamos superar este momento grave de nossa história para inaugurar uma nova fase de justiça e fraternidade na vida das brasileiras e dos brasileiros.
Jaime Amorim
Luiz Gonzaga da Silva
Rafaela Alves
Frei Sérgio Görgen
Vilmar Pacífico
Zonália Santos
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