6 de julho de 2022
Comunicação Coopsat
MPA Brasil | Passa Sete (RS)
Um bonito encontro entre camponesas ocorreu no último fim de semana na comunidade de Serra Velha, no município de Passa Sete, região do Vale do Rio Pardo, no RS. O motivo do encontro foi uma oficina facilitada com a dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores, Vanderléia Chittó, sobre o uso de plantas medicinais para a saúde humana. “Com as plantas medicinais estamos conseguindo fazer um debate da nossa conjuntura, da importância da gente resgatar a nossa cultura, as nossas sementes crioulas, nossos saberes e sabores, nossos chás e receitas”, relata Vanderléia.
O encontro ocorreu na casa de dona Santa Teresinha da Costa Severo, onde há o Horto de Plantas Medicinais e Aromáticas da comunidade. Este horto é fruto da organização coletiva e também da incidência do MPA no município, por meio da Cooperativa de Prestação de Serviços, Assistência Técnica e Educação Rural (COOPSAT). Em 2018, a Coopsat executou o projeto “Diversificar para Semear a Agroecologia”, através da Chamada Publica de Diversificação em Áreas Cultivadas por Tabaco no município. Na época, foram escolhidas 80 famílias para participar do projeto, sendo divididas em quatro comunidades principais, Campo de Sobradinho, Baixo Passa Sete, Centro e Serra Velha. A comunidade Serra Velha reuniu 19 famílias de agricultores familiares.
O projeto “Diversificar para Semear a Agroecologia” tinha como objetivo apresentar alternativas de produção e renda para diversificação das propriedades com base em praticas agroecológicas. O técnico agrícola Felipe Moura conta que o primeiro encontro com a comunidade Serra Velha, foi realizado um diagnóstico de possíveis temas que poderiam ser trabalhados com o grupo em atividades coletivas. Um dos temas apontados pelo grupo foi o das plantas medicinais.
“Partindo dessa demanda, e com os atendimentos individuais nas unidades de produção foi se criando um segundo projeto, a construção de um horto coletivo de demonstração, produção e multiplicação de plantas medicinais e aromáticas”, conta o jovem Felipe, que foi quem prestou assistência técnica rural durante o desenvolvimento do projeto.
O horto tomou vida com a escolha do local de sua construção, sendo definido sua instalação na unidade familiar de dona Santa Teresinha da Costa Severo, membra do grupo de famílias beneficiárias do projeto e também como principal responsável pela manutenção e conservação do horto.
“O horto começou a ser construído em 15 de fevereiro de 2020, com a limpeza do terreno, demarcação e construção do cercado, tendo como base principal o Relógio do Corpo Humano e canteiros paralelos para cultivos de diversas plantas de uso medicinal e aromático”, conta Felipe.
Com a estrutura do horto pronta, o plantio das plantas medicinais e aromáticas foi dado como marco histórico sendo finalizado em 17 de março daquele ano. Segundo Felipe, junto ocorreu curso de Plantas Medicinais conduzida pela Mestra em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Rosieli Ludtke de Paraiso do Sul, também da coordenação estadual do MPA.
Coma a chegada da pendemia no Brasil com o COVID-19 impossibilitou que as atividades coletivas fossem realizadas no horto. E o projeto “Diversificar para Semear a Agroecologia” também encerrou suas atividades no fim do ano e nenhum novo projeto foi lançado desde lá. “O Horto de Plantas Medicinais e Aromáticas da Comunidade Serra Velha hoje simboliza um espaço de resistência”, explica Felipe.
Dois anos depois, o encontro com as mulheres e o curso de uso das plantas medicinais, ministrado por Vanderléia, no último sábado marcam a retomada de atividades no espaço. “Foi um momento de fortalecimento, para nossas mulheres permanecerem no campo com dignidade, de ter uma fonte extra de geração de renda, de buscarem juntas novas possibilidades de construção de autonomia e resgatar a a nossa auto estima”, finaliza Vanderléia.
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