23 de junho de 2016

“ Estabelecemos uma conexão direta entre campo e cidade” relata Ramos Araujo militante do MPA, Ramon se refere ao sistema de vendas que o Movimento dos Pequenos Agricultores está desenvolvendo em parceira com estudantes da Escola de Serviço Social da UFRJ, que por meio de uma plataforma web possibilita a comercialização de alimentos produzidos por camponeses e camponesas, fazendo com que a produção saudável chegue até a mesa dos trabalhadores e trabalhadoras da capital carioca.

Preço justo para quem planta e para quem compra

Ramon explica que a ideia da cesta surge para poder criar uma nova rota dos alimentos, superando a lógica das grandes redes e atacadistas, “ a ideia da cesta surge quando percebemos uma grande produção do campo que não conseguia ser comercializada e do outro lado muitas pessoas querendo consumir alimentos de qualidade, mas que não possuem condições econômicas ou logísticas de ir para a feira de orgânicos”, relata o militante.

A Cesta Camponesa garante um preço justo nas duas pontas, a experiência mostra que uma nova rota de alimentos é possível, no entanto é um caminho árduo dominado por grandes empresas que não se preocupam com preço justo, ”conseguimos superar os atravessadores, mas eles ainda existem, por exemplo aqui na região serrana do RJ, um pé de alface é vendido pelos camponeses por 16 centavos e chega no mercado por 3 reais, as grandes redes e grandes atravessadores não estão preocupadas em alimentar os trabalhadoras apenas em lucrar”, afirma Ramon.

Como funciona a Cesta Camponesa

A plataforma é baseada em um website, onde consumidores interessados realizam um cadastro, e escolhem entre os mais de 120 produtos de diversos segmentos que variam de cereais até bebidas, tudo direto das famílias camponesas, depois de escolher os produtos é necessário marcar um entre os três Núcleos de Entrega distribuídos no Rio, o site fica aberto para realização de pedidos até uma semana antes da data de entrega, que é o tempo necessário para organizar a produção. a cesta é distribuída quinzenalmente aos sábados em três pontos, Maracanã, Estacio e Botafogo e o pagamento é feito na hora da retirada da cesta.

Quem disse que o campesinato não usa a tecnologia

Ramon explica que foi construído um preconceito em relação ao uso de tecnologias no meio camponês, e que a Cesta Camponesa desconstrói esse paradigma, “ o fato da gente utilizar site de comercialização mostra que os camponeses tem total condição de empregar novas tecnologias, oque acontece é que grande parte do campesinato não tem acesso a essas tecnologias e quando tem é de forma precária, se tem o computador não chega sinal de internet, se tem o celular o sinal é precário, o campesinato necessita de acesso aos meios com qualidade”, conclui o militante.

A plataforma é desenvolvida conjuntamente ao projeto de extensão universitária “Assentados da Reforma Agrária e Universidade” da UFRJ, e apresenta um espaço que supera apenas a ferramenta de vendas, nela além de informações de cada produto, as pessoas podem conhecer mais sobre a as famílias e unidades que produzem cada alimento, além de encontrarem diversas receitas. A plataforma também oferece um espaço para inscrições no “Mutirão Camponês”, momento de troca de vivências organizados pelo MPA nos assentamento da Baixada Fluminense, que por meio do trabalho e do dialogo fortalecem os laços entre o campo e a cidade.

Por Comunicação MPA

Fotos MPA