17 de novembro de 2021

As rodas de conversa ‘Carolina Maria de Jesus’ iniciaram com o tema Negritude e Juventude

Coletivo Nacional de Juventude

Carolina Maria de Jesus, escritora, negra, símbolo de resistência e da luta política e cultural no Brasil, é a homenageada da juventude camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores para dar nome às rodas de conversa que iniciaram este mês. “O nome de Carolina Maria de Jesus foi para homenagear sua memória e legado como camponesa, poeta, catadora, vítima do êxodo rural e da fome nos anos 50”, revela Marta Inês, jovem camponesa que está na coordenação do Coletivo de Juventude.

A primeira roda de conversa aconteceu no dia 15 de novembro, em formato virtual, com a participação de cerca de 60 jovens. Teve como tema ‘Juventude e Negritude’ e trouxe os acúmulos da luta antirracista no Brasil e as experiências de resistência da juventude negra e quilombola.

Thays Carvalho, da Consulta Popular, trouxe elementos históricos do racismo e como ele atua como um elemento estruturante da sociedade capitalista e em especial na formação do Brasil. Ela apresentou que a contribuição dos povos negros na construção da identidade, cultura e desenvolvimento brasileiro é invisibilizado. Segundo Thays, “a história contada pela classe dominante brasileira tenta o tempo todo apagar a contribuição do negro na constituição do nosso país, o negro só aparece fazendo referência à escravidão”.

Para Beto Palmeira, dirigente do MPA, a educação popular tem papel fundamental na luta pela emancipação dos povos negros e no combate ao racismo estrutural, porque atua como elevadora da consciência crítica, organizativa e revolucionária nos territórios. Trabalhar os métodos da educação popular é uma das tarefas da juventude. Ele apresenta que temos, para isto, uma importante ferramenta, que é o Plano Camponês porque “dialoga com todos os setores do Campesinato, com seus eixos de soberania, acesso à água, terra, sementes, organização da juventude, das mulheres”.

A conversa trouxe elementos que colocam a juventude e o trabalho de base na centralidade da luta pela emancipação dos negros e negras, das mulheres e da classe trabalhadora. A juventude, por meio de sua energia, rebeldia e capacidade de reinventar as formas de luta, estudo e o trabalho de tem capacidade para alterar a correlação de força dos trabalhadores. É necessário afirmar que a luta da juventude camponesa deve ter caráter antirracista, antipatriarcal e anticapitalista.

As rodas de conversa

Estamos em um tempo histórico de muita resistência dos trabalhadores e das trabalhadoras pela sobrevivência e contra a perda de direitos. Vemos o governo Bolsonaro colocando em prática um projeto de entrega do Brasil e dos/as brasileiros/as para os interesses do sistema financeiro com base da exploração por parte da burguesia e do capital internacional, com mais forço do que nunca na história do nosso país.

Esse contexto coloca a realidade da juventude no aprofundamento da exploração, da instabilidade sobre o presente, na insegurança sobre suas condições de construir um futuro e o embaçamento da condição de sonhar e realizar coletivamente a transformação da sociedade.

“Para isso, construímos as Rodas de Conversa Carolina Maria de Jesus e propomos temas de interesse e necessidade da juventude se apropriar como: Negritude, Nova Geração Camponesa, Espiritualidade, Saúde Mental, Agroecologia, Anti-Imprerialismo, Afetividade, Sexualidade, entre outros”, explica Marta.

É fundamental diante dos retrocessos vividos desde 2016 reacender a chama da revolução e a vontade de mudar a realidade da juventude nas bases mais concretas, e para isso, precisamos ir atualizando as concepções da juventude do MPA sobre a nossa realidade.

A próxima Roda de Conversa será no dia 29 de novembro, às 18h30min e terá como tema: Nova Geração Camponesa com Rafaela Alves e Isabel Ramalho, ambas da direção nacional do MPA.

Para se inscrever nas Rodas de Conversa Carolina Maria de Jesus preencha o formulário de inscrição.