10 de outubro de 2021

A comunidade de Urupeu, município de Campo Grande do Piauí, foi a beneficiada

Josefá Galvão
MPA Brasil | Picos (PI)

Os biodigestores são uma tecnologia social utilizada em vários lugares do Brasil. No Piauí, o MPA, em um projeto pioneiro, está construídos mais de 100 mil biodigestores para famílias camponesas, principalmente, nas casas de farinha. Essa tecnologia social nos permite utilizar a manipueira –  palavra indígena que define o suco leitoso e venenoso (ácido cianídrico), obtido da mandioca ralada por compressão – da mandioca, que é armazenada em depósito construído em parte em cimento e parte com uma caixa d’água.

O processo gera um gás metano que é o mesmo gás do botijão. Esse gás é armazenado e transportado por uma tubulação, onde vai ser utilizado no lugar do gás de cozinha. Ainda pode ser utilizado outras fontes de gás, como o esterco ou resto de comidas. Mas, nesse caso, o biodigestor é a partir da manipueira.

Maria Kazé, da direção nacional do MPA, explica que “é um sistema importantíssimo, porque ele vai dar autonomia para as famílias das comunidades, e para as casas de farinhas. É uma tecnologia importantíssima que o MPA, está recebendo”.

O projeto está sendo executado pela Cooperativa de Trabalho de Prestação de Serviços para o Desenvolvimento Rural da Agricultura Familiar (COOTAPI), em parceira com a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (UNISOL). É resultado do projeto Viva o Semiárido, discutido com o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) para a comunidade do Urupeu, município de Campo Grande do Piauí, que é beneficiara do projeto de quintais produtivos e que tem uma casa de farinha comunitária. Uma parceria com o governo do estado do Piauí e a Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).

Maria Kazé ainda relata que “a comunidade se envolveu, as mulheres se envolveram, foi um processo bem interessante, uma experiência importante, porque nós vamos poder pegar as nossas famílias de outras comunidades que tem casa de farinha, pra poder conhecer e a gente, inclusive demandar para o governo do estado a implantação de um Biodigestor em todas as casas de farinhas das nossas comunidades. Então isso é autonomia, soberania, tecnologia, convivência com o semiárido. Porque o Biodigestor impede que a gente utilize lenha, que geralmente é trazida de desmatamento e também num momento como esse de crise no nosso país, de preço de botijão a mais de 100 reais, numa política desumana que o governo Bolsonaro tá fazendo, receber uma tecnologia dessa que gera independência das famílias e das comunidades é importantíssimo. Finaliza a dirigente”.