1 de março de 2025

O Banquetaço foi realizado pelas seguintes organizações: Movimento Nacional de Luta em Defesa da População em Situação de Rua, Movimento Pop Rua, Rede com a Rua, Comseas e Voz das Manas, com apoio do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA),  MAB, MST, MMC, MTST, Via Campesina e os Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (municipal, estadual e nacional).

O Restaurante Popular de Florianópolis, previsto para encerrar suas atividades em 24 de fevereiro de 2025, teve seu fechamento antecipado de forma inesperada para o dia 21 de fevereiro. A decisão pegou a população de surpresa, enquanto os trabalhadores da empresa terceirizada AMINC já cumpriam aviso prévio.

No comunicado oficial, a prefeitura informou que o espaço será reaberto em um “novo formato”, deixando de ser um Restaurante Popular para se tornar o Restaurante da Família e do Trabalhador. No entanto, essa mudança implicaria na perda do caráter de acesso universal, sem previsão concreta para reabertura.

A medida tem impacto direto na população em situação de rua, que representa cerca de 80% dos usuários do serviço. Com o fechamento, essas pessoas passarão a depender da Passarela Nego Quirido, tradicional espaço de desfiles de carnaval, onde há registros recorrentes de violência e dificuldades na gestão do local.

Atualmente, o Restaurante Popular fornece cerca de 2.000 refeições diárias, distribuídas entre café da manhã, almoço e jantar, permitindo que os usuários escolham livremente os alimentos que irão consumir. Em contrapartida, a Passarela não dispõe de uma estrutura adequada para suprir essa demanda. O local tem capacidade para produzir apenas 150 marmitas, sendo necessário o fornecimento de mais 250 refeições pelo Centro Dia, totalizando 400 marmitas diárias – um número muito abaixo do necessário e sem a opção de escolha dos alimentos.

Além do fechamento do Restaurante Popular, a prefeitura também anunciou a proibição da distribuição de alimentos na rua por cozinhas solidárias e organizações não governamentais (ONGs), medida que pode gerar até mesmo aplicação de multas para as entidades envolvidas.

Diante desse cenário, diversos movimentos sociais, como Movimento Pop Rua, MPA, MAB, MST, MMC e MTST, juntamente com os Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (municipal, estadual e nacional), organizaram um Banquetaço no dia 21 de fevereiro.

O ato teve como objetivo dialogar com a população sobre o impacto do fechamento do serviço e reforçar a luta pelo acesso universal à alimentação saudável, soberania alimentar e inclusão da população de rua nos serviços públicos de segurança alimentar e nutricional.

Toda a alimentação distribuída no Banquetaço foi produzida pela Via Campesina em parceria com o Movimento Pop Rua. Os organizadores já afirmam que essa foi apenas a primeira de muitas mobilizações, buscando ampliar o debate para o nível estadual, uma vez que outros restaurantes populares de Santa Catarina também enfrentam ameaças de fechamento.