20 de março de 2021

Nesta sexta-feira (19) a juventude do MPA realizou o Ato Virtual de Lançamento da VI Escola Camponesa da Memória que contou com mais de 160 participantes. Juventudes de todo o país afirmando o seu lugar de luta na construção da soberania popular dos povos amazônicos e de todo o Brasil.

Thais de Jesus
MPA Brasil | Viçosa (MG)

Jeiéli de Rondônia e Mateus do Pará, ambos do Coletivo Nacional de Juventude do MPA, mediaram o espaço com muita animação e mística. Com a presença da Leila Denise da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, Francisco Kelvim do Movimento dos Atingidos por Barragens, Maria Petrolina Neto da Rede Eclesial Pan-Amazônica, Dione Torquato do Conselho Nacional das Populações Extrativistas e da Ana Amazônica e Levante Popular da Amazônia e também da companheira Elida Elena vice presidenta da UNE e da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude. Tecemos juntas e juntos um diálogo sobre a importância da realização da Escola Camponesa da Memória nesse momento tão importante no qual vivemos a maior tragédia recente no Brasil. A Escola da memória que em todos os anos trouxe temas ligados a ditadura.

Nessa edição traz o seguinte tema, AMAZÔNIA: Luta e Resistência dos povos em Defesa da Soberania Popular. Leila enfatizou a importância do MPA em referenciar a questão da Amazônia. O Movimento dos Pequenos Agricultores defende não só a soberania pelo território, mas também alimentar, energética, mineral, hídrica, genética e do conhecimento que é muitas vezes tratado como empírico, mas que os nossos povos cultivam a milênios. A Escola da memória trará os momentos históricos e como a invasão dos militares com o golpe de 64 conseguiu escancarar a possibilidade do capital estrangeiro de invadir com o aval do estado a região amazônica. Não muito diferente do que a gente vive no Brasil hoje, vítimas da cultura genocida do governo Bolsonaro que permite as milícias, os garimpos “ilegais”, abre a porteira pra boiada passar e busca criminalizar o povo que luta por seus territórios, por sua cultura, pelo direito de viver com dignidade e nesse momento pelo mais importante, a vacina para todos e todas. Os povos originários resistem porque sabem que lutar pela Amazônia é lutar pelo planeta. “O povo brasileiro deve se amazonizar”, disse Leila.

A Amazônia é dos povos que vivem na Amazônia, mas também necessita do apoio de luta de todos nós povo brasileiro. Kelvim destacou sobre as grandes riquezas naturais da Amazônia como o minério, o solo, as águas, o petróleo, a grande biodiversidade e potencial medicinal que salta aos olhos do capital como grandes cifrões. E as consequências são sentidas na pele pelo povo amazônico, com o grande aumento da desigualdade na Amazônia e em todo o Brasil, conflitos pela terra, expulsão dos pequenos agricultores, da agricultura familiar e camponesa, pra dar espaço a agricultura da soja, as grandes hidrelétricas, as mineradoras, a projetos que não atendem o nosso povo e suas necessidades.

Dione Torquato, extrativista natural da região do médio Solimões, filho e neto de seringueiro afirmou a importância de discutirmos nesse momento a vida do povo amazônico, discutir a terra, o território e a importância da garantia da vida do povo amazônico e dos seus costumes. É dever de todos os brasileiros e brasileiras defender a vida amazônica e colocar a vida acima do lucro. Élida questionou, como um país que é referência em método de vacinação em massa continua enterrando tantos corpos todos os dias. Vivenciamos uma situação de cortes de auxilio, que não resolve a vacinação que é a única alternativa neste momento. Lutamos pelo acesso à vacina a todos e todas e também pelo auxílio emergencial de pelo menos 600 reais. Diante de um governo que vê o povo morrer de covid e de fome e manifesta que devemos comemorar o Golpe de 64 a juventude responde com muita luta e organização popular.

A VI Escola Camponesa da Memória acontecerá este ano excepcionalmente de forma virtual nos dias 21, 28, 31 de março e 1° de abril. Com o intuito de entender como o regime afetou nosso território amazônico e as formas como o povo tem resistido. Como disse Leila, fazer memória a esse período da história que não merece ser comemorado, mas lembrado.

As inscrições ainda estão abertas!!! Acesse aqui.