14 de setembro de 2021
A conjuntura se moveu nesta semana da Pátria, de modo especial, no pós 7 de setembro. Difícil uma análise que consiga captar todos os elementos, ainda mais, num momento complexo em que vive o Brasil. Vamos fazer um esforço analítico para ver os rumos e as tendências do próximo período para nos movimentar enquanto Movimento e enquanto militância. E como contribuição ao debate, pois a melhor análise de conjuntura é a que soma e confronta muitas percepções, olhares e ângulos diferentes de análise.
I – Situação do Povo e do País
1 – Fome continua e aumenta. Nada indica que diminuirá no período próximo.
2 – Inflação geral chegando perto de 10% nos últimos 12 meses. Inflação dos alimentos, luz e do gás acima deste índice, o que afeta o poder de compra dos mais pobres.
3 – Preço dos combustíveis e da energia elétrica em alta. Impactam todas as cadeias produtivas. Provocam inflação em cascata. Eram preços controlados. Com as privatizações, estão fora de controle.
No caso de energia elétrica, usam o argumento da seca, o que é real só em parte. Jogaram água das barragens fora para ganhar mais dinheiro acionando as térmicas, mas erraram o cálculo não prevendo o tamanho da estiagem. Agora há risco de apagões e os preços estão na estratosfera para inibir o consumo e forçar a poupança de energia.
Observação 1 – No caso do aumento do preço da energia a desastrada gestão privada das águas e da geração da energia tem influenciado tanto ou mais que a estiagem prolongada no Sudeste Brasileiro.
Observação 2 – As causas desta estiagem severa têm a ver com a destruição ambiental da Amazônia, Pantanal e Cerrado onde se formam as chuvas e se acumulam as águas que alimentam os rios que geram energia. O preço da destruição da natureza começa a ser cobrado e quem paga é todo o povo quando os ganhos econômicos da destruição foram para o bolso de poucos.
Observação 3 – o “esvaziamento” das represas em função de terem despachado muita água, somada a falta de chuvas, está trazendo impactos para a população ribeirinha, para o turismo associado aos rios e represas, afetando transporte de cargas e pessoas nos rios e terá impactos em todo o ecossistema diretamente vinculado aos rios e barragens.
4 – Economia não cresce. O PIB é um fiasco atrás do outro. Só cresceram o agronegócio da soja e os negócios da mineração e suas cadeias produtivas associadas. Isto graças às robustas compras chinesas.
Mas o crescimento destas duas commodities de exportação geram poucos empregos e tem “efeito repique” pequeno e limitado no conjunto da economia. A crise energética também é apontada como inibidora da retomada do crescimento econômico no próximo período.
5 – Há uma pequena recuperação do nível de emprego, mas não está impactando nos índices do IBGE, por causa da metodologia que não considera desempregado quem nunca procurou emprego ou quem há meses não procura. Como a economia cresceu um pouco, mais gente passou a procurar emprego e as estatísticas de desemprego continuam elevadas. O emprego que recuperou é o chamado “trabalho por conta própria”, o “bico”, não é um emprego estrutural, e a prova disso é que entre junho de 2020 e junho de 2021, aumentou em 4,4 milhões o número de pessoas ocupadas (falta empregar 5,6 milhões de pessoas para retomar a situação anterior à pandemia – já muito ruim) enquanto que, na soma de todos os salários, caiu 1,7% a renda média por trabalhador, de R$ 2.693,00 por mês para R$ 2.515,00.
6 – Há um baixo índice de investimento produtivo, real, no país. Investidores externos estão em “compasso de espera” por conta da crise política. Algumas empresas estão batendo em retirada – Unilever anunciou fechamento de fábricas no Brasil e agora produtos como sabão em pó OMO e Sorvetes serão importados do México. Antes outras empresas como a FORD, Mercedes Bens, Sony e Roche decidiram em 2021 encerrar suas unidades no Brasil. O investimento do Estado é minguado. E sem investimento, a economia patina, não cresce.
O Governo e sua facção neoliberal alojada no Ministério da Economia sob o comando de Paulo Guedes, com mais alguns governadores neoliberais nos estados (entre eles, Eduardo Leite, no RS) apostam nas privatizações e na dilapidação do patrimônio do povo para atrair investimentos.
As privatizações estão em marcha lenta, embora andando, e não geram expectativa de grandes investimentos no curto prazo.
Se considerarmos que estamos num período de acelerada transformação tecnológica migrando para a indústria 4.0, e que estamos em crise econômica desde 2015, já se vão 6 anos sem investimento do setor privado e a defasagem tecnológica que se acumula na indústria brasileira é gigantesca, constitui-se um abismo.
7 – O início do fim da pandemia está levando a uma pequena recuperação da atividade econômica, mas está sendo tragada pela “inflação de escassez”, principalmente dos alimentos, e pela “inflação inercial” (inflação que gera mais inflação) e pelo baixo nível de investimentos produtivos.
Mas nenhuma ação efetiva do Governo Federal no campo da economia, da política agrícola, da política energética, da política de desenvolvimento, das políticas de juros e crédito, da política econômica em geral, está sendo tomada para superar este momento de transição, para reverter o quadro grave da economia nem para melhorar a vida desgraçada do povo.
Conclusão: A fome, a inflação, o adoecimento e o desemprego – geradores de desesperança – formam o conjunto dos dramas do povo hoje e no próximo período.
O mundo real das pessoas concretas, as condições de vida e a situação da economia continuam ruins e todos os indicativos são de que esta situação tende a se agravar. E a crise política só piora esta situação.
II – Impactos Políticos
1 – A sociedade começa a demonstrar cansaço com a exacerbação dos conflitos tal como vem acontecendo desde 2013, como método de fazer política, invadindo o quotidiano e a intimidade das famílias, das comunidades, dos grupos sociais e das ruas. Pesquisas qualitativas revelam anseios por paz, menos stress relacional, mais harmonia e tolerância nas relações. “Chega de tanta briga” é o que se começa a ouvir de forma cada vez mais intensa.
Estes anseios se disseminaram nas bases sociais e começam a impactar nas opções políticas das pessoas em amplos setores e a impactar negativamente no modo de fazer política do bolsonarismo.
2 – Tendo a avaliar que o “7 de setembro” foi um rotundo fracasso para Bolsonaro. Não em termos de público, que até não foi mal, se bem que muito inferior ao projetado e esperado. O fracasso foi em relação aos objetivos projetados e à estratégia traçada.
A estratégia tinha três objetivos:
– Emparedar o STF;
– Manter a tropa bolsonaristas unida e agitada;
– Cacifar a candidatura Bolsonaro junto ao povo e aos partidos do Centrão visando às eleições de 22.
A presença de enorme e aguerrido público em Brasília era essencial para o sucesso desta estratégia e para impor e negociar estes três objetivos com Bolsonaro timoneando a situação. O cantor Sérgio Reis – que prefiro interpretando “Poeira” e outros clássicos da música caipira – expressou didaticamente em áudio vazado estes objetivos de Bolsonaro e seus estrategistas.
Neste sentido, da estratégia estabelecida, o fracasso foi retumbante e obrigou Bolsonaro a dar um “cavalo de pau” político, invertendo a aposta e sendo emparedado pelo STF, na figura do Ministro Moraes. As forças políticas que o sustentam o obrigaram ao recuo, após a derrota, capitaneadas por ninguém menos que um dos maiores mestres das maracutaias políticas de bastidores e que atende pelo nome de Michel e do qual sempre há muito a temer.
Com isto, Bolsonaro sai de cena?
Parece que ainda não, até porque, para a direita brasileira, ainda não está resolvido o “Enigma 22”, e se não conseguirem decifrar uma solução palatável, terão que engolir a solução que aprisionaram e vetaram em 2018, o nordestino, antes de tudo um forte, que atende pelo nome de Luiz Inácio.
É sob este prisma que Bolsonaro ainda pode ser útil. Mas me parece que a condução do processo mudou de mãos, ainda não claramente para quais. É certo que Michel, Lira, Ciro Nogueira, Gilmar Mendes e Alexandre Morais terão protagonismo mais explícito. Mas as forças reais de poder que se movimentarão no subterrâneo da política e da economia, quais peças vão movimentar no próximo período da política brasileira, ainda são perguntas em aberto. O certo é que estes personagens terão um papel importante para viabilizar uma “terceira via”, ou transformá-la em “segunda”, excluindo Bolsonaro, para afugentar a possibilidade de Lula e das forças de esquerda estar de volta no comando do Executivo Federal.
Não subestimar os inimigos, nem nos amedrontar.
III – Os Desafios Políticos para as Esquerdas e as Forças Políticas Populares
Em meu entender, os principais desafios são:
1 – Unidade política da esquerda em torno de Lula em qualquer cenário. Não há espaço para nenhum tipo de vacilo neste ponto.
2 – Foco central na derrota do fascismo e no fortalecimento da democracia.
3 – Buscar e consolidar alianças ao centro político e em meios empresariais para bloquear e evitar que sejam centrifugados por uma “segunda via” sem Bolsonaro, ou uma “terceira” com o criminoso no páreo. Fará bem evitar patrulhamento a movimentos políticos de Lula neste sentido. Só nos desviaria do foco central da disputa estratégica.
4 – Adensar a disputa contra o fascismo e o neoliberalismo nas ruas, nas redes sociais, nas comunidades e ambientes de trabalho e convivência, nas ações culturais, nos meios de comunicação, na vida quotidiana. Atentar para a mudança comportamental em curso com o enfadamento dos conflitos quotidianos e políticos. Na vida quotidiana e nas relações interpessoais, atitudes diálogo e escuta, convencimento e respeito, produzem bons resultados. Evidente que com fanáticos e recalcitrantes não há que se perder tempo.
5 – Sempre deu muito certo o que chamamos de “trabalho formiga”, miúdo, mas constante, nas famílias e comunidades, plantando a esperança de um novo tempo
e motivando para as lutas necessárias. Não só de grandes atos se fazem processos transformadores e se acumula forças.
6 – Continuar o debate e a construção de um Projeto Estratégico de Nação.
7 – Foco das disputas e das atividades pedagógicas e políticas nos dramas que afligem o povo e nos seus anseios de mudança e nos rumos da construção da esperança. PÃO – PAZ – TRABALHO – DEMOCRACIA.
IV – Armando bombas para 2023
O Governo Bolsonaro e sua equipe de ministros estão armando um conjunto de bombas a serem enfrentadas pelo governo que assumir em 2023. O plano de governo de Bolsonaro e sua equipe é privatizar tudo, reduzir drasticamente o papel do Estado na saúde, educação, produção de alimentos, assistência social, infra-estrutura, etc… e dar ampla liberdade aos anseios escravocratas reprimidos desde 1888.
Para enfrentar o período eleitoral o governo opera um arranjo que lhe dará folga de recursos em 2022, permitindo aumentar o bolsa família, emendas parlamentares para o Centrão, desconto de imposto de renda para classe média, redução de impostos para as empresas, dentre outras medidas. Estas medidas estão na MP do “Auxílio Brasil”, na reforma do Imposto de Renda (aprovado na Câmara e agora no Senado), no REFIS (aprovado no Senado e agora a ser analisado na Câmara), PEC dos precatórios, no encaminhamento da privatização da ELETROBRAS e num conjunto de leilões de rodovias, portos e aeroportos a serem feitos ainda em 2021.
O problema é que toda essa “bonança” se esgota ainda em 2022, e 2023 exigirá um ajuste de contas. Caso Bolsonaro ou a turma da “3ª Via” virarem governo, isso não será problema, vão privatizar e precarizar mais o serviço público, fechar universidades, cortar recursos do SUS, dentre outras maldadas operadas desde o golpe de 2016.
Mas se for um governo progressista que busque recuperar investimentos, enfrentar o quadro de fome e desabastecimento, políticas públicas para o povo, retomada do crescimento, esse governo terá muitas dificuldades, terá que mexer no TETO DE GASTOS, haverá ataques especulativos do “mercado”, comentaristas econômicos carregarão na tinta contra o governo, e a base bolsonarista estará a postos para impedir de governar, com lockout de caminhoneiros e motins de PMs.
É preciso impedir que essas bombas sejam armadas, e se armadas, serão necessárias estratégias claras para desarmá-las e evitar sua explosão num governo progressista.
V- Cenário externo
Ainda é cedo para ter uma clareza maior do cenário externo, mas ao que parece, os EUA, desde a descoberta do óleo de xisto, e com a transição para uma matriz energética renovável, tem reduzido seus esforços para o controle do Oriente Médio e a retirada do Afeganistão é um indicativo desta movimentação.
Por outro lado, a floresta amazônica e as reservas minerais dos Andes são ativos fundamentais nesta nova fase “energética” e na transição ecológica, impulsionada pela China, grande rival dos EUA como potência econômica e militar. Assim, o controle da América Latina pelos EUA se torna passo estratégico importante, e as recentes visitas de agentes americanos a governos da região, o endurecimento do bloqueio a Cuba e a demonstração de interesses de tutelar as democracias da região são aspectos a serem considerados.
Podemos viver processos semelhantes à guerra fria, que em nome de frear o “Comunismo Chinês”, serão aceitas perseguições, restrições democráticas, ataques à esquerda e aos movimentos sociais.
VI – O Início do Fim da Pandemia
1 – Embora devamos ainda nos cercar do máximo de cuidados, mas a grande vitória popular sobre Bolsonaro naquela que chamamos “A Baralha das Vacinas”, ainda que tardiamente, fazendo acelerar a vacinação, está dando resultados reais e vemos a expansão do vírus cair dia após dia.
A vitória popular na “Batalha das Vacinas” fortaleceu a luta social e enfraqueceu Bolsonaro. Uma vitória gigantesca, fruto de unidade política e luta intensiva em todos os cantos e espaços. Vitória que se mede em vidas salvas, no minguamento do negacionismo e no fortalecimento cultural e político das forças populares e progressistas.
Mas nada de descuido nesta reta final, pois algumas variantes do vírus ainda preocupam e a imunização total está em apenas 35% da população. Tomar todas as doses necessárias da vacina e manter a disciplina do uso da máscara e higienização.
Mas é real que estamos entrando numa outra fase e a percepção popular é forte neste sentido.
2 – Com isto a atividade econômica e o nível de emprego tende a melhorar, até por efeito natural de final de represamento prolongado.
Mas como o governo federal não preparou nem projetou medidas para este novo momento – até porque não é de sua índole pois acredita que o mercado por si só resolve tudo – a tendência é a chamada “inflação de escassez” se expressar em todos os ramos da economia, corroendo a possibilidade de retomada robusta do crescimento econômico.
Poderá haver uma retomada econômica, o que animará setores conservadores e o próprio povo, mas ao que tudo indica, será “voo de galinha” e nem beliscará no tamanho do problema social fruto da política econômica do governo, mais até do que dos impactos da pandemia.
3 – Tudo indica, também, que teremos no próximo verão uma explosão de relações sociais e comunitárias. Uma catarse relacional, mecanismo psíquico coletivo compensatório de um tempo longo de isolamento.
Fundamental a militância popular ser capaz de presença e ação, com criatividade e simbologia, nas ruas, comunidades, redes sociais, rádios, enfim, no quotidiano da vida, fazer a disputa política, ganhar corações e mentes para os embates do próximo período, decisivo na história do Brasil, com dupla atenção: a) o fracasso social do modelo imposto por Temer, Bolsonaro, Guedes e sua tropa e b) os anseios populares por um novo tempo com melhoria nas condições de vida, solução das angústias quotidianas e de paz e mais harmonia nas relações pessoais, familiares e políticas.
VII – Avarias na Estrutura Orgânica de sustentação do Bolsonarismo
O Bolsonarismo construiu uma estrutura orgânica de sustentação, uma espécie de estrutura óssea, um esqueleto, respeitável e consistente, que permitiu resistir com sucesso os principais embates até aqui. Vinha perdendo gordura, perdendo musculatura, mas a estrutura óssea continuava intacta, o que garantia também um apoio popular respeitável, poucas vezes menor que 25% da população. Em suma, uma vigorosa base de sustentação política constituída por grupos, extratos de classe, corporações, coletivos sociais e estruturas religiosas.
1 – Agronegócio e latifundiários.
2 – Caminhoneiros.
3 – Igrejas evangélicas e extratos católicos (arautos, carismáticos, Opus Deis, Shalom.)
4 – Policiais militares estaduais.
5 – Exército e Forças Armadas.
6 – Centrão – ajuntamento de parlamentares e partidos no Congresso Nacional.
7 – Estrutura ágil, afinada e lubrificada de Comunicação – Rede de mídias sociais, blogueiros, Record, SBT e Jovem Pan.
8 – Lumpem burguesia varejista – Havan, Riachuelo et caterva.
9 – Pequena burguesia comercial
Nas ações do dia 7 de setembro esta engrenagem não funcionou a contento, como vinha funcionando desde o período eleitoral.
O setor industrial e exportador do agronegócio abandonou o barco bolsonarista e esta tropa se dividiu, ficando os produtores rurais ao lado de Bolsonaro e os setores empresariais do agro questionando sua estratégia. Da mesma forma os caminhoneiros. Poucos atenderam o chamado e a capacidade de mobilização foi acanhada.
Apesar do forte chamamento dos pastores, apóstolos e bispos, o público evangélico ficou aquém do esperado. Os católicos conservadores, cada vez mais constrangidos, estão se amoitando calados em seus ambientes de oração espiritualista sem entender direito o que está acontecendo – algo se move nas bases sociais que se movem motivados pela fé – os governadores manearam os policiais militares e estes pouco puderam fazer, as Forças Armadas se recolheram na quietude dos quartéis, o Centrão ficou olhando de longe para ver o que aconteceria (nenhum de seus próceres importantes vestiu a camisa amarela para ir à rua), a estrutura de comunicação funcionou a pleno vapor mas a resposta e o efeito foram menores desta vez e até o “Véio da Havan” foi menos saliente desta feita.
A conferir nos próximos dias, mas ao que parece, está havendo “desgaste de ossos” na estrutura orgânica do Bolsonarismo.
Podem recuperar? Creio difícil. Acho que, lentamente, este desgaste vai se ampliar no período político próximo. Mas como é forte e bem estruturada, ninguém se iluda com implosão rápida. Poucas vezes na história do Brasil a extrema direita teve uma capacidade organizativa, funcional e ideológica semelhante a esta que se formou nas últimas duas décadas, construiu unidade e se expressou no Bolsonarismo a partir de 2013. Problemas na cabeça, coluna vertebral, joelhos, tronco e membros, mas processo de desgaste lento. Manter a vigilância com o modo de fazer política de Bolsonaro, suas reações explosivas e recuos no dia seguinte.
VIII – Apontamentos Rápidos para um Programa Mínimo para o período próximo
1 – Derrotar o fascismo/bolsonarismo e a agenda neoliberal;
2 – Vencer a fome – produzir alimentos;
3 – Gerar empregos em massa;
4 – Restaurar a convivência civilizada;
5 – Salvaguardar a democracia;
6 – Defender a soberania popular e nacional sobre os territórios, os bens comuns da Nação e do povo e sobre as empresas públicas estratégicas;
7 – Medidas contínuas para o cuidado da saúde do nosso povo;
8 – Reabrir os horizontes da esperança para a juventude de nosso país.
Observação: A necessidade de um Programa Mínimo não exime da necessidade urgente de continuar a construção de um Projeto Estratégico para o Brasil.
IX – Lições da Luta Indígena
Outro elemento importante na conjuntura foi a impressionante capacidade organizativa e de luta demonstrada pelos povos indígenas.
Na luta contra o chamado “Marco Temporal” e pelo direito originário sobre suas terras, os povos indígenas do Brasil deram e estão dando uma grande lição à esquerda brasileira e aos movimentos populares. Mais de 6 mil indígenas se concentraram em Brasília para defender sua pauta. Algumas lições:
1 – Unidade nacional. São tão diversos e diferentes, inclusive cultural e linguisticamente, mas se uniram de forma inquebrantável em torno de um objetivo comum. Picuinhas e detalhes não os dividem no objetivo estratégico que estabeleceram conjuntamente.
2 – Beleza estética, cultural e simbólica, expressando cultura e sacralidade, nas formas de expressão pública da luta. Pouco discurso e muita dança, música e mística.
3 – Paciência e determinação para agir e se expressar na hora certa, de forma unida e organizada. Preparação prolongada e efetiva nas bases e aguardo do momento da ação política concentrada.
4 – Articulação nacional unificada de forma simplesmente impressionante.
5 – Simplicidade e sacrifício. Poucos recursos, condições precárias não fazem desanimar, antes é um estímulo para continuar lutando e pressionando.
6 – Não compram brigas desnecessárias nem se expõe a aventuras diversionistas. Buscam o apoio do conjunto da sociedade. Não perdem o foco central.
7 – Disciplina coletiva invejável, respeitando as características de cada povo e suas culturas próprias, bem como os cuidados com a proteção da saúde.
Muito que aprender com nossos ancestrais originários para construir o futuro desta nação e uma nação com futuro.
X – Tarefas e Desafios para o MPA – e movimentos camponeses
1 – Denunciar a fome e a inflação dos alimentos;
2 – Demonstrar que é possível produzir alimentos de qualidade, em abundância, com preço acessível, superando a fome e a inflação, desde que se obtenha apoio decidido do Estado com políticas públicas adequadas.
3 – Denunciar o latifúndio e o agronegócio como incapazes de garantir o abastecimento popular nacional pois seu foco são os monocultivos de exportação.
4 – Fortalecer a presença nos territórios com práticas de solidariedade, formação, participação em atividades comunitárias, lutas, agitação e propaganda, panfletagem, simbologia, atividades culturais, panfletagem, etc.
5 – Fazer o “trabalho formiga” e o trabalho de base nas comunidades reanimando a esperança e fortalecendo a luta pelos nossos objetivos táticos e estratégicos.
6 – Fortalecer nas bases a formação para reorganizar e preparar as lideranças e militantes para os embates e as lutas do próximo período.
7 – Preparar o dia 2 de outubro – Mobilizações Fora Bolsonaro – para fazer ações públicas onde for possível.
8 – Pressão para sanção sem vetos da Lei Assis Carvalho.
9 – Ações conjuntas e coletivas na semana e no dia internacional da Alimentação Saudável.
10 – Preparar o dia 16 de outubro. Organizar nos estados a nossa Jornada Nacional de Lutas com o tema; SOBERANIA ALIMENTAR! POR UM BRASIL LIVRE DA FOME!
10 – Construir a estrutura óssea de organização, luta e resistência camponesa.
Frei Sérgio Antônio Görgen, frade franciscano e militante do MPA, autor de “Para Fazer Análise de Conjuntura”.
Contribuições de Raul Krause, Rafaela Aleves e Josineide Costa.
12 de setembro de 2021.
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