22 de agosto de 2016
Produzir alimentos saudáveis para atender a necessidade do povo brasileiro é um desafio posto para os camponeses e camponesas, principalmente, para aqueles que fazem parte do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
O MPA compreende que sem a existência de organizações camponesas que conduzam a luta, que coloque ações em práticas, que apresentem propostas para o campo e para a sociedade como um todo, que defendam os interesses da Classe Camponesa, dificilmente conseguiremos avançar num processo de afirmação do modo de ser e de Viver Camponês e, por conseguinte, de garantir a Soberania Alimentar do país.
Compreende-se a produção como um processo da prática produtiva, beneficiamento, armazenamento e comercialização. Neste sentido, o MPA está trabalhando em todo o país, no intuito de fortalecer as famílias camponesas que são bases desta organização e apresentar propostas para o Campesinato brasileiro.
Na Bahia, o foco é fortalecer o coletivo de produção, manter-se na luta e garantir a materialização de um projeto para Agricultura Camponesa, o Plano Camponês. Compreendendo este papel central, o dirigente nacional do MPA, Leomárcio Araújo, e, que na Bahia está com a tarefa de coordenar o coletivo de produção, afirma:
“O coletivo de produção do MPA tem se desafiado no último período construir estratégias de geração de renda e autonomia para as famílias camponesas de um modo geral, e especialmente para aquelas que lutam organizadas na base do Movimento. Para isso, tem sido insistente na necessidade da consolidação do próprio coletivo, garantindo a paridade de gênero, a representatividade regional, bem como, a estruturação de eixos produtivos estratégicos, sendo eles apicultura, produção de sementes crioulas, horticultura, beneficiamento do café e beneficiamento de frutas.”
Nestes últimos anos, o MPA/BA apresenta diversas conquistas que estão contribuindo para estruturação das famílias camponesas, assim relata o dirigente do MPA:
“As famílias organizadas pelo MPA tem conseguido dar passos, mesmo que pequenos, mas considerados muito importantes em dois sentidos. O primeiro deles é de caráter organizativo, as conquistas que temos até aqui é resultado de sermos uma organização a nível nacional, demonstrando sempre que organização local canalizada por um movimento social de expressão estadual e nacional, como no caso do MPA, reúne uma expressão de forças reivindicatória com clareza de estratégia significativa. E o segundo sentido, é a diferença real que estas conquistas tem feito na vida de cada camponesa e cada camponês em diferentes comunidades e ou grupos de base, dos cerca de 50 municípios onde o MPA atua na Bahia.”
Leomárcio ainda destaca as principais conquistas do MPA na Bahia nestes últimos anos:
“É oportuno destacar algumas das nossas ações a exemplo da implantação de 40 estufas familiares nos municípios de Barra do Choça e Ribeirão do Largo, que darão suporte a uma das fases mais importantes do beneficiamento do café, que é a secagem, qualificando portanto, em larga medida a bebida e por consequência agregando valor ao produto.”
“A construção de 9 Unidades de Beneficiamento de Mel (UBMs) em 9 diferentes municípios do Estado, beneficiando diretamente cerca de 400 familias camponesas pela atividade apícola, podendo ser responsáveis pela produção média anual de 40 mil kg de mel, para além do zelo com o meio ambiente que cada apicultor passa a ter. Esta produção significa um incremento médio de cerca de R$ 400.000,00 (quatro centos mil reais) gerado pelos camponeses/as”, relata o dirigente do MPA.
Não se pode deixar de destacar a implantação de 16 campos irrigados para identificação, recuperação e multiplicação de Sementes Crioulas nos territórios do Piemonte da Chapada Diamantina, Piemonte Norte do Itapicurú e Sudoeste – Vitória da Conquista, beneficiando diretamente mais de 500 famílias, o que representa uma das lutas mais importantes para a Soberania do nosso país e dos povos do campo das águas e das florestas para manter a sua autonomia e a construção da sua Soberania. Um povo soberano é aquele que mantém sob seu controle o patrimônio genético, pois as sementes significam vida, futuro, esperança, avançamos na recuperação e multiplicação das sementes e nas técnicas de estocagem das variedades, caso contrário, a Soberania Nacional seguirá ameaçada pelas grandes corporações, hoje representadas pelas multinacionais como a Monsanto.
Outro elemento que os camponeses e camponesas do MPA tem dados passos importantes é na mecanização agrícola, “conquistando junto ao governo da Bahia, implementos agrícolas (atualmente somam 06 tratores e seus implementos) para diferentes Associações e comunidades da base do MPA, que tem permitido para além da agilidade no trato da terra e no suporte a outros serviços, tem contribuído em um grau importante com a redução da penosidade do trabalho, luta constante travada pelo movimento para que tenhamos uma vida camponesa com satisfação pelo cumprimento da sua missão em alimentar os demais brasileiros/as, assim como, sentindo orgulho de viver no campo”, afirma Leomárcio.
Apesar dos desafios postos pela conjuntura política nacional ou internacional, o MPA projeta passos importantes para o próximo período, como avançar na organização do Campesinato gerando renda e dignidade, para isso é fundamental o diálogo com a população urbana que igualmente tem sido vítima por consequência do avanço da agricultura empresarial, especialmente pelo intenso processo de envenenamento dos alimentos e da natureza. Por esta razão, esta luta deve ser entendida como uma luta de todos, por essa razão que em abril de 2010 durante o 3º Encontro Nacional o MPA foi realizado o lançamento da Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida.
Leomárcio ainda destaca outros processos que o MPA tem construído na Bahia, como: “a construção de 2 Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBSs) no Estado e a construção de 02 entrepostos avançados para a atividade apícola.
Em nível nacional o MPA tem elaborado um projeto inspirador para as novas gerações que sintetiza no PLANO CAMPONÊS numa perspectiva socialista de contribuição do Campesinato para um Projeto Popular para o Brasil, o qual tem buscado traduzir este plano em ações concretas, em programas práticos que poderão e deverão ser executados pelos governos federal, estaduais e municipais. Esta iniciativa tem ganhado a opinião do conjunto das organizações e movimentos sociais do Brasil e fora dele, num contexto onde as políticas agrícolas brasileiras, especialmente a politica de crédito para a Agricultura Familiar (PRONAF) já não responde às necessidades que tem o Campesinato na sua diversidade identitária, de Bioma, de Diversidade, etc. Por isso, o MPA considera que para Campesinato seguir dando passos e superar seu lugar secundário historicamente reservado pelas políticas é urgente a Construção do Programa Camponês.
O dirigente do MPA, ainda deixa bem claro como estão as negociações com o governo do Estado na Bahia sobre o Programa Camponês: “a proposta é conhecida pelo governo do Estado desde o ano de 2014, no entanto, as respostas têm sido muito tímidas, embora sinalizando para o diálogo no sentido de aprofundar o debate e avançar na construção”, finaliza Leomárcio.
É precisa compreender que o caminho o qual o Campesinato deve percorrer para consolidar um projeto para Agricultura Camponesa é longo e exige muitas lutas, no entanto, os camponeses e camponesas do MPA tem se colocado na luta para consolidar essa proposta.
Por Adilvane Spezia | Comunicação MPA
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