27 de outubro de 2017
Com o objetivo de conhecer as experiências em Agroecologia e Sementes Crioulas do Campesinato brasileiro, uma delegação composta por camponeses com terra, sem-terra ou pouca terra, estudantes, professor, técnicos e líderes campesinos do Chile estão no Brasil. Entre os dias 8 e 9 de outubro, algumas das famílias camponesas do MPA no Noroeste do Rio Grande do Sul, que tem a Agroecologia como um modo de ser e de viver no campo os receberam para a troca de conhecimento.
No primeiro dia de intercâmbio no Estado a delegação composta por 10 pessoas antes de iniciarem a visita pelo Espaço de Formação e Produção do MPA em Seberi, puderam tomar um banho de cachoeira. No Centro de Formação os visitante conheceram um pouco do histórico dessa área, qual o funcionamento de centro como um espaço de formação e também produção, tanto de alimentos quanto de conhecimento e tecnologias camponesas.
Ainda neste dia, foi realizado um roda de conversas sobre o centro de formação e também das práticas que estão sendo desendividas neste espaço. Como diz Marcelo Leal, “este Centro de Formação e Cooperação é um símbolo de luta do Movimento Camponês nessa região, quem tem um povo muito valente, um povo que não se rende”. Destacando as lutas do Movimento, bem como a atual conjuntura em que vivemos, o processo de estudo do Campesinto, a elaboração do Plano e do Programa Camponês pelo MPA.
A produção de insumos orgânicos e biomineralizados saltaram aos olhos dos visitantes, assim como, o conceito de Alimenrgia que consiste na produção de alimentos e energia cuidando/preservando da Natureza, as estruturas do centro construídas por meio da Permacultura e, a implantação do Programa e do Plano Camponês. Segundo Marcelo, “a Biotecnologia é anterior ao Capitalismo, pães e bebidas tradicionais já eram produzidas a partir de processo da Biotecnologia da Fermentação, que é uma tecnologia estratégica para o Campesinato, chamamos de Biopoder, de Biotecnologia Camponesa”.
No segundo dia de troca de visitas, o grupo conheceu a Unidade Camponesa de dona Salete Gehm e seu Valdir Gehm que junto com seu filho Ticiano Gehm cultivam erva-mate no Sistema Agrossilvipastoril. Moradores 50 anos na mesma área, a família segue no cultivo e processamento da planta, conhecimento passado de geração em geração. “A mata tem árvores de até 20 anos, formada a partir do aperfeiçoamento do manejo ao longo dos anos e hoje, lutamos pela certificação agroecológica da produção”, explica Ticiano.
Já próximo ao meio dia, a delegação visitou a Unidade Camponesa da família de Sirlei da Silva e Eli da Silva. “Há 20 anos na mesma área e cultivando de forma agroecológica, verduras, frutas, hortaliças, sementes crioulas. Plantamos um pouco de tudo”, explica a camponesa enquanto já se dirigia para mostrar a horta.
“Dessa horta e pomar nós tiramos os produtos que vendemos na feira camponesa e para a comercialização por meio do Programa Nacional de Aquisição de Alimentação Escolar (PNAE), toda essa estrutura conseguimos organizar por meio do Programa Camponês do MPA”, revela Sirlei, que ainda critica a rispidez da Vigilância Sanitária no município.
Ainda no Rio Grande do Sul, em Vicente Dutra, os intercanbistas tiveram a oportunidade de conhecer a Unidade Camponesa do seu Ibanês e da dona Elizete, onde as técnicas adotadas para a recuperação do solo encantaram os visitante. Os dois realizaram um breve relato de como era a propriedade quando a família a adquiriu, o proprietário que estava vendendo a área avisou aos novos donos que “não valia a pena adquirir a área porque nada produzia nela”, de fato foram precisos vários anos para a recuperação do solo. Hoje a família vive do cultivo da cana-de-açúcar, da produção de hortaliças, frutíferas, bovinos, agrofloresta, além de toda a auto sustentação da família. “Vivemos da Agroecologia”, como diz dona Elizete.
“Nos últimos 5 anos temos trabalhado com o MPA a Produção Agroeoclogica e a Certificação, já se vão 6 anos em que não dependemos em nada da Agropecuária, estamos usando os Bios do MPA e a Agroecologia”, explica seu Ibanês que ainda emenda, “na Agroecologia precisa ter paciência”. Durante a roda de conversa, regada a garapa de cana, Elizete e Ibânes contam que o lugar não tem nenhuma porteira, exatamente para que as pessoas possam vir conhecer. “Se nós fizermos Agroecologia aqui e está dando certo, vocês também podem, ou já estão fazendo Agroecologia lá e está dando certo, eu fico muito feliz, pois estamos no caminho certo”, conta seu Ibanês.
Na saída, a van voltou um pouco mais pesada do que quando chegou, afinal aparte da produção das 3 famílias é adquirida pelo Centro de Formação e Produção do Movimento, quando há muitos cursos no espaço. Na saída, Debora Varoli explica que o Movimento na região tem criado uma definição que melhor condiz com a produção que vai para o auto sustento da família, ou com os cultivos realizados entorno da Moradia Camponesa, “historicamente tem sido usado o termo “miudezas” ainda mais nas regiões de colonização italiana e alemão, nós do Movimento temos chamado de Riquezas, pois são elas que vão para a mesa, garantem a auto sustentação da família e dos animais, também vai para as feiras e programas de aquisição de alimentos, logo se tornam uma das principais fontes de renda, se tornam a riqueza da família”, explica Debora.
O intercâmbio foi realizado entre os dia 3 a 13 de outubro de 2017. E, foi possível por meio do projeto Gira Tecnológica que busca realizar a troca de experiências entre os camponeses e camponesas no Brasil organizados no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e os camponeses e camponesas no Chile organizados pelo Conselho Nacional de Produtores de Chile (CONAPROCH).
Por Adilvane Spezia – Jornalista|MPA
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