4 de junho de 2018
Com o tema Agroecologia e Democracia unindo o campo e a cidade, entre os dias 31 de março a 3 de junho foi realizado o IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA) em Belo Horizonte, Minas Gerais, com a presença de delegações de todos os Estados brasileiros e de 14 países. Esta edição do evento representa o esforço coletivo de organizações, entidades, mulheres, jovens, crianças, agricultores/as, camponeses/as que com alegria, mística e poesia trouxeram sua diversidade de sementes, artesanato, saberes e saberes para construir esse grande momento.
Foram mais de 50 camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) vindos de 13 Estados, embora esse número tenha sido bem maior na construção do ENA em cada uma de suas etapas, nas comunidades, na Estado e nas Regiões.
As feiras da Agrobiodiversidade e de Sabores e Saberes, além de um espaço de integração, revelou-se em um espaço de intercâmbio e trocas de experiências entre os povos que vivem em cada bioma. Quando se trata da Agrobiodiversidade, Sabores e Saberes as mulheres e todas as etnias se destacaram pela atuação enquanto guardiãs e protagonistas no resgate, mantenimento e multiplicação da biodiversidade.
Na ocasião o MPA lançou a proposta da Campanha “Cada Família Adote uma Semente”. “A proposta da campanha é que cada família camponesa assuma o compromisso de adotar uma nova variedade de semente de qualquer cultura vegetal ou raça animal. Aquela que desperte maior interesse para cada família, por sua identidade, seu território, como parte da afirmação do modo de vida camponês. Após a adoção, a família passa a se tornar uma guardiã dessa semente, garantindo sua reprodução, multiplicação e a distribuição dessa semente ou raça animal”, explica Gilberto Schneider, do MPA e integrante do Coletivo Internacional de Sementes Agroecologia e Biodiversidade da Via Campesina.
O MPA teve uma boa participação, não só em número de pessoas, em especial jovens e mulheres, mas também nos debates, nas feiras, na apresentação de experiências como do Programa Camponês e o Plano Camponês, na coordenação, construção, articulação e realização do evento. “Sem contar na Plenária do Jovens onde eles [a juventude camponesa do MPA] ajudaram a construir a partir de suas regiões os anúncios e denúncias, e, apresentando nossas experiências que a juventude tem protagonizado”, destaca Claudiano Souza, camponês e agroecólogo do Movimento.
Outro destaque foi a Plenária das Mulheres, “para MPA é de grande importância nós mulheres estarmos aqui, neste espaço tão rico e estar socializando o que a gente já vem fazendo como mulheres camponesas, negra no meu caso, e a construção do Feminismo Camponês e Popular. O ENA é um espaço que nos representa, onde podemos trazer, apresentar e debater o que nós estamos fazemos, desde a nossa labuta até a nossa luta, os avanços e os desafios deste feminismo que queremos construir, bem como o fortalecimento da nossa aliança entre o campo e a cidade”, explica Marinei Maria dos Santos, mais conhecida como Neinha.
A programação do IV ENA contou ainda com atos públicos e políticos, plenárias e vivências em experiências agroecológicas bem-sucedidas na grande em Belo Horizonte e um farto banquete. Durante todos o processo de construção do IV ENA o MPA afirmou, “que para promover a Agroecologia precisamos estar unidos nas lutas, na defesa dos territórios indígenas, quilombolas, povos e comunidade tradicionais, camponeses, pesqueiros, a luta e a defesa da Reforma Agrária, a defesa do Campesinato, das sementes crioulas como patrimônio dos povos a serviço da humanidade, da água comum um bem comum e como um direito, então a Agroecologia , a comida de verdade, o alimento saudável como um patrimônio também é parte da luta política do povos e trabalhadores do campo e da cidade”, relata Gilberto.
Claudiano faz uma breve avaliação da participação do Movimento nestes 4 dias do evento, bem como seu processo de construção:
“Foi um momento muito bom, que ajudou o MPA a colocar para fora suas experiências e o que o Movimento vem construindo em cada território, para aqueles e aqueles que ainda não conheciam nosso trabalho. Foi méga diverso em produção, agrobiodiversidade, cultura, trocas de experiências, teve muita participação dos povos tradicionais, juventude e mulheres, um momento de reafirmar e construir novas parcerias e alianças”.
As edições anteriores do ENA formam realizadas em 2002 no Rio de Janeiro, em 2006 no Recife e 2014 em Juazeiro, períodos em que o povo brasileiro usufruía de suas conquistas históricas e contribuíram para implementação de importantes políticas públicas, o IV ENA é o primeiro que realizado em um período de retrocessos e retirada de direitos. Diante disto, todas as entidades participantes do evento se unem para denunciar o Golpe e defender eleições livres e democráticas, garantindo ao ex-presidente Lula o direito de se candidatar.
Por Comunicação MPA
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