19 de janeiro de 2024
Manoela Alcântara
Metrópoles
Além das personalidades públicas citadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em nova fase da Operação Lesa Pátria, lideranças locais aparecem como organizadoras de bloqueios em rodovias após as eleições de 2022 e dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
As investigações apontam “forte ligação” do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) com Carlos Victor de Carvalho, o CVC, líder de extrema direita em Campos dos Goytacazes e preso pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. E mostram também outras oito pessoas que atuaram diretamente no ataque aos prédios dos Três Poderes.
Entre essas pessoas estão Lúcia Maria Caxias dos Santos, a “Lúcia Banerj” e o “Júnior Bombeiro”. Diálogos captados pela investigação apontam que Lúcia “participou ativamente nos acampamentos em frente ao quartel do Exército, em Brasília”.
“O que reputa-se mais grave e que leva-se a crer que Lúcia efetivamente estava presente nos atos do dia 8 de janeiro é sua conversa com ‘Júnior’, cujo áudio em transcrição diz:
‘Oi, Júnior. Tudo bem? Com certeza, meu filho, com certeza. E eu vou presa a qualquer momento (risos). Porque eu tô no meio do pessoal organizando. Pessoal do agro lá de Goiânia, dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou aí um apoio aí pra três mil ônibus. Não sei como que eles vão sair. Pessoal tá combinando de chegar diversos horários assim pra não, né? Tem gente que vai chegar de madrugada, tem gente que vai chegar… mas o negócio tá grande. O negócio tá grande, tá? Tá bonito’.”
A 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (18/1), teve como principal alvo o deputado federal Carlos Jordy. Contudo, além do parlamentar, os investigadores apuram a conduta de outras nove pessoas, suspeitas de planejar, financiar e incitar atos antidemocráticos entre outubro de 2022 e o início do ano passado, no interior do estado do Rio de Janeiro (RJ).
Durante a ação, policiais federais fizeram buscas em endereços ligados aos investigados, entre eles, o gabinete do político na Câmara dos Deputados e endereços do Distrito Federal e Rio de Janeiro. Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2).
Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa e incitação ao crime.
As investigações continuam em curso, e a Operação Lesa Pátria é permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais cumpridos e pessoas capturadas.
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