14 de julho de 2023
Com o lema “Democracia e Esperançar, produzindo alimentos saudáveis e justiça social na Amazônia”, iniciou na manhã desta sexta-feira (14) a VII Festa Camponesa da Via Campesina no município de Jaru, Rondônia. A mística de abertura trouxe a reafirmação do compromisso dos movimentos populares do campo e da cidade em defender a sociobiodiversidade, os territórios dos povos amazônidas e promover a agreoecologia como um caminho alternativo ao modelo hegemônico do agronegócio.
Há mais de 10 anos, com periodicidade bienal, os movimentos sociais da Via Campesina realizam a Festa Camponesa em Rondônia para anunciar para toda a sociedade que um outro modelo de produção é possível, respeitando a natureza, as relações de trabalho, oferecendo alimentos saudáveis e sem agrotóxicos para toda a classe trabalhadora.
A abertura do evento também contou com uma mesa de análise de conjuntura, na qual participaram o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Claudinei dos Santos, a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Camilla Holanda, e o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Ricardo Gilson.
Para Claudinei, “vivemos um período sombrio nos últimos anos, em que o Brasil se deparou com o domínio de um projeto de morte, no qual o campesinato, as comunidades tradicionais, as mulheres, a população negra, o público LGBTQIA+, entre outros, eram vistos como obstáculos a serem superados pelos interesses do grande capital”. Explicou que o projeto da Via Campesina propõe exatamente o contrário:” a integração entre os povos e a natureza, a solidariedade e a defesa da vida”.
O professor Ricardo Gilson tratou sobre os grandes desafios do campesinato diante do avanço voraz do agronegócio sobre áreas protegidas, territórios indígenas e tradicionais, “o qual se dá com grande violência, de forma com que o estado de Rondônia tem a maior incidência do país em assassinatos de lideranças da luta pela terra e pela floresta”.
A procuradora Camilla Holanda relatou a grande importância de que as instituições públicas se façam presentes para ouvir as demandas dos movimentos sociais para poder se somar na defesa da vida e dos direitos dos trabalhadores do campo, uma vez que “as narrativas desses são abafadas por grandes interesses e o Ministério Público do Trabalho deve atuar de forma a fazer ecoar as vozes dos oprimidos, por mais que as correlações de força sejam extremamente assimétricas”.
Até o dia 16, ainda ocorrerão diversos momentos de construção coletiva, formação e celebração, bem como seminários temáticos, debates, oficinas, atividades culturais, feira e partilha de sementes e produção. A organização conta com a participação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER), além de dezenas de organizações, movimentos e coletivos do território.
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