2 de outubro de 2023
Coletivo de Juventude do MPA
A juventude do Movimento dos Pequenos Agricultores tem como ponto central a construção da Nova Geração de Camponeses. Que é muito mais do que novas pessoas existindo no campo, é uma nova perspectiva de campo, que garanta as condições para a juventude viver de forma digna em seus territórios, que tenha a produção e a distribuição de alimentos saudáveis na centralidade do debate, que faça o enfrentamento constante ao agronegócio e construa uma nova sociedade que supere o sistema capitalista e seus vícios.
A nossa Nova Geração Camponesa é uma forma de resistência e memória da classe camponesa. É pautada nos pilares do campesinato e evoca a resistência e a memória dessa classe que tem o socialismo como horizonte estratégico. Pois somos consequência da expulsão em massa de camponeses de seus territórios, seja pela falta de condições concretas de existência, pela implementação dos grandes projetos no campo ou pelas variadas formas de violências impostas pelo capitalismo e seu pacote de operações.
Mas somos também os frutos desse campesinato diverso, que resiste nas diferentes regiões do Brasil a um mesmo inimigo e que apesar das mazelas sofridas seguem sendo os grandes responsáveis por alimentar a nação brasileira.
Para que essa nova geração seja possível é preciso que uma série de fatores sejam articulados. Elaboramos esses fatores em três pontos centrais que desmembraram em desafios e necessidades 1) Retorno e permanência da juventude no campo, com produção de renda, acesso à educação e condições de permanecer estudando, lazer e tecnologia em seus territórios; possibilidades de acesso à terra com as condições de nela trabalhar, por meio de uma reforma agrária popular que leve em consideração a situação de vida da juventude camponesa; 2) Novas relações sociais, que respeitem a diversidade do campesinato, que sigam visando superar os vícios e as violências produzidas e impostas pelo capitalismo que organiza as opressões de classe, raça, gênero; 3) Nova base produtiva que tenha como foco a construção da Soberania Alimentar e a agroecologia camponesa como modelo de produção. Que respeite a natureza e se oponha ativamente à lógica de produção capitalista e ao avanço do agronegócio no campo, que tem matado os povos e o meio ambiente.
Em tempos de 33 milhões de brasileiros passando fome, de avanço da violência e do capitalismo predatório, é urgente darmos passos concretos na construção de um novo modelo de sociedade. E a juventude camponesa precisa existir e incidir nessa construção colocando as necessidades e anseios que temos no hoje, mas com o objetivo de alcançarmos dias melhores.
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