3 de setembro de 2020
“A burguesia [no Brasil] tem as seguintes características: 1) é necessariamente antidemocrática, antinacional e antipopular – ela precisa preservar seu privilégio de classe, 2) é violenta, 3) é aculturada – e imita padrões de consumo dos países do Centro. Portanto, [a conclusão] é que a burguesia não poder ser a classe protagonista de desenvolvimento, porque ela só sabe copiar. É uma burguesia sem projeto de nação”. Esta é a constatação de Olívia Carolina, economista, pesquisadora do Instituto Tricontinental e dirigente da Consulta Popular.
No dia 22 de agosto, o ciclo de formação camponesa Derli Casali possibilitou o estudo sobre a formação econômica e política do Brasil, neste espaço virtual, Olívia ressaltou que estudar o desenvolvimento do capitalismo no Brasil e na América Latina deve ter em vista, duas especificidades: a teoria da dependência e do subdesenvolvimento como fundante da economia e a deformação do Estado Nação que produz a democracia asfixiada como base política.
Essas especificidades reforçam Olívia, partem das contradições do processo histórico de desenvolvimento do capitalismo nas nações de herança colonial, portanto, é a base do estudo e explícita a necessidade de um diagnóstico real do país para conhecer as contradições, e a partir daí fazer a interpretação e pensar a estratégia de revolução. Desta forma, construir um projeto popular com a estratégia do poder político.
Que país é esse que nós lutamos para transformar?
De acordo com o estudo da formação econômica precisamos remontar à colônia “não nascemos como país, nascemos como um negócio”, ou seja, somos um episódio no capítulo da expansão do capital, que se fundamenta na violência. Essa constatação pode ser medida pelo tratamento dado os povos originários os “ povos originários foram negados enquanto humanidade. Houve genocídio, exploração da natureza, saque, roubo negação da vida dos que aqui viviam. Os Europeus invasores, negaram e massacraram o modo de viver dos povos originários”. Destaca ela.
Para continuar, reforça que “a violência é uma marca de formação das nações que está expressa nas relações sociais até hoje, marca os processos de desenvolvimento, as contradições e a luta de classe no país”. Ela argumenta que por parte da burguesia há um desprezo à vida do povo, como, por exemplo, a negação do direito à terra para os povos indígenas com a invasão de seus territórios por parte do agronegócio, como no caso, de expulsão das famílias sem-terra no Quilombo Campo Grande — Minas Gerais, “a violência é uma força motriz do nosso processo histórico, com a matança dos camponeses, jovens negros, mulheres”, pontou.
No período da Independência do Brasil os elementos trazidos para reflexão evidenciam que “o povo não participou” da construção do Estado e Nação. Por isso, tempos mais tarde começa-se a desenvolver o Projeto Popular para o Brasil com reivindicação das seguintes pautas: luta pelo acesso à terra e a universalização dos direitos como uma retomada das lutas dos povos que foram ignorados e dos direitos não realizados no processo de independência.
Um projeto popular para o Brasil
Atualmente, os movimentos populares do campo e da cidade juntamente com os intelectuais estão construindo o Projeto Popular para o Brasil, e este, segundo Olivia “é portador dessas aspirações de luta de longa duração histórica que expressam a necessidade do povo brasileiro desenvolver seu real potencial, que significa entrar na história, organizado enquanto classe e assumir as rédeas da construção nacional”.
Construir um país que tenha como base o protagonismo popular, que efetive suas demandas como: reforma agraria, plano camponês, reforma urbana e tributária direcionada para um processo de disputa de poder político. De uma construção contra a burguesia violenta e que tenha uma correlação de força que seja favorável ao nosso projeto na sociedade.
Escrito por Érica Anne Oliveira e revisado por Leile Teixeira
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