12 de outubro de 2016
“Um dos elementos que mais afeta é a guerra econômica. Com isso, se busca o desabastecimento de produtores, alimentos, peças de carros e de máquinas produtivas, que o transporte não funcione. Parte do que aplicaram no Chile em 1973, está aplicando hoje em Venezuela. Mas o povo está resistido heroicamente”, comemora Duiliam Virigay, coordenador nacional da Corrente Revolucionária Bolivar e Zamora (CRBZ) da Venezuela e vice-ministro para as Comunas e os Movimentos Sociais.
Segundo ele, os problema internos, como a corrupção, também afetam o país. “Porque a gente vem desenvolvendo uma revolução pacífica, e teremos que conviver com os valores dos ‘acedos’ ( do partido Acción Democrática) e ‘copeyanos’ (do partido COPEI)”, enumera.
Em entrevista com o site de notícias argentino Notas.org.ar, o venezuelano falou da situação do país e do continente, as tarefas do chavismo e dos movimentos populares na América Latina na atual conjuntura.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato – Qual é a leitura da situação atual na Venezuela?
Duiliam Virigay – A situação na Venezuela não tem tanto a ver com uma data pontual do que está acontecendo nos dias atuais, mas é algo que se vem dando desde a perda física do nosso comandante Chávez, no 5 de março de 2013.
Desde então, todas as armas do imperialismo norte-americano vêm se articulando na Venezuela, usando todos os métodos de guerra contra nosso país. E não é só contra Venezuela, é contra todo o continente.
O imperialismo norte-americano tem compreendido que tem que libertar o “quintal do fundo”, como eles consideram a gente. Começou por Honduras, Paraguai, mais tarde Argentina, recentemente Brasil. Em cada país usam um método diferente.
Na Venezuela, eles têm aplicado todos os métodos, desde quando o comandante Chávez estava vivo. Mas este foi um pouco heroico e conseguiu derrotar o imperialismo norte-americano. Este é o que não nos vão perdoar nunca. Chávez levou para frente um projeto político usando os meios da burguesia, os meios do capitalismo, da democracia burguesa, e conseguiu construir uma revolução anticapitalista, socialista e anti-imperialista no nariz do império norte-americano.
Nestes momentos, nós enfrentamos a implementação do que os gringos têm definido como “guerra híbrida”, que é a aplicação de todos os mecanismos de guerra conhecidos até então pela humanidade contra nosso povo, nosso pais, e em particular, contra nossa Revolução.
Isso é terrorismo, como se evidencia com o assassinato de Robert Serra, asguarimas no 2014 [nome dado às ações de rua da direita venezuelana], o bloqueio financeiro – para que a Venezuela não aceda a prestamos -, a guerra do petróleo, a guerra na fronteira e a acentuação do conflito com Guiana e o contrabando com a Colômbia, o paramilitarismo e as organizações de bandas delituosa contra a Revolução que agora opera politicamente, como o Picure.
Um dos elementos que mais afeta é a guerra econômica. Com isso, se busca o desabastecimento de produtores, alimentos, peças de carros e de máquinas produtivas, que o transporte não funcione. Parte do que aplicaram no Chile em 1973, está aplicando hoje em Venezuela. Mas o povo está resistido heroicamente.
Também nos afeta problema internos, como a corrupção. Porque a gente vem desenvolvendo uma revolução pacífica, e teremos que conviver com os valores dos “acedos”( do partido Acción Democrática) e “copeyanos”(do partido COPEI).
São os valores do “puntofijismo”, que durante 40 anos tivemos na Venezuela. E, nessa sociedade capitalista, de maneira democrática e pacifica, conseguimos construir o socialismo. Obviamente que isso se construiu com erro, mas vamos corrigindo.
Hoje, há uma grande vontade de não seguir dependendo da renda petroleira. Este é um fator positivo que provocou a crise. Se tem incrementado a diversidade da produção no país. Mas, no desespero do imperialismo norte-americano, depois de aplicar todos os seus métodos e não ter nenhuma vitória, ele planejou uma “saída” para o 1º de setembro.
Foi a mesma saída que acharam em fevereiro do 2014, quando surgiram as “guaridas”. Não tiveram escrúpulos de planejar arbitrariamente uma saída violenta. Conseguiram ganhar a maioria na Assembleia Nacional e não têm conseguido avançar, somente sabotar o povo.
Nós, revolucionários, temos nos mobilizado todos os dias nas ruas de Caracas e de toda Venezuela. Em 1º de setembro, realizamos uma mobilização massiva em defesa de Caracas, e a direita não conseguiu o que queria. Todos os revolucionários desde país estão em alerta.
Quais são os protestas e as medidas que devem ser assumidas pelo chavismo na atual conjuntura na Venezuela?
Nesta conjuntura, o chavismo tem que estar mobilizado. Têm que enfrentar uma batalha para organizar uma Venezuela produtiva, o que o comandante Chávez propôs no Plano da Pátria.
Nós, como país, temos enormes potencialidades: terras produtivas, água, variedades de climas. Por isso, temos que construir uma soberania alimentar. Nestes momentos, uma das grandes debilidades da Revolução é que tudo o que consumimos é importado. O chavismo tem que dar enfrentar grandes batalhas para construir uma economia produtiva e ir deixando de depender, pouco a pouco, da renda petroleira. Usar a renda para “alavancar” o desenvolvimento nacional, e nos tornarmos auto-suficientes.
Além disso, requer fortalecer a construção do poder popular, de uma democracia participativa e ser o protagonista que tanto sonhou Chávez. Fortalecer os conselhos comunais e todas as estruturas do poder popular: os Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), o movimento camiones, a juventude. Atuando desde os territórios, cada ator cumprindo a tarefa que lhe corresponde.
Estas são as tarefas importantes nestas circunstâncias.
Quais são as tarefas que devem ser levadas pelos movimentos populares na América Latina esta etapa?
O povo organizado na América Latina tem que se preparar para passar por uma contraofensiva contra a estratégia do imperialismo norte-americano, que não reconhece as maiorias na América Latina nem os partidos políticos que as representam.
Antes disso, a esquerda e os movimentos populares do continente têm que repensar um plano conjunto, uma contraofensiva do imperialismo norte-americano e contra as burguesias nacionais. Por outro lado, tem que seguir apostando na unidade dos poucos no continente. Só juntos vamos vencer.
Se não entendermos, se não transformarmos a estratégia continental, com as particularidades de cada país e de cada cultura, não vamos entender que temos um inimigo em comum. O inimigo estratégico de todos os movimentos populares é o imperialismo norte-americano. É o mínimo que temos que vencer.
Temos que ter uma estratégia: pensar, discutir, chegar a alguns acordos mínimos que devem ser o plano de rotas de todos. Este é o inimigo de toda a humanidade, porque está pondo em risco a existência da vida humana no planeta.
Por Micaela Ryan e Juan Tévez – Notas.org.br
Tradução: María Julia Giménez – Brasil de Fato
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