23 de abril de 2024

Encontro nacional HortPANC acontece na cidade e mobiliza pesquisadores, produtores e consumidores durante três dias

Marcos Antônio Corbari
MPA Brasil

Delegações se deslocaram de todo país até São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, para participar entre os dias 23 e 25 de abril do 7º Encontro Nacional das Hortaliças e Plantas Alimentícias Não Convencionais (HortPANC), que pela primeira vez acontece no estado.

“Nossas expectativas já foram superadas com o número de inscritos – mais de 400 – e com os quase 100 trabalhos que serão apresentados”, afirma à reportagem do Brasil de Fato RS Jaqueline Durigon, presidenta do evento e professora na Universidade Federal do Rio Grande. Esses números, conforme destacam os organizadores, já antecipam esta sétima edição como a maior já realizada desde que o evento foi construído.

A programação está intensa, com palestras, mesas redondas, reuniões técnicas, lançamento de publicações e, claro, muitos momentos de rodas de conversa livremente estruturadas entre os participantes.

“Muitas novidades surgiram nos últimos dias e foram sendo agregadas na nossa programação”, aponta Jaqueline, citando como exemplos o lançamento da série de seis selos dos Correios que trarão como ilustrações imagens de PANC e os momentos culturais que vão acontecer ao final de cada dia de programação. Também está prevista na programação o pré-lançamento do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Território Zona Sul: identificação de espécies e usos de estruturas vegetativas”, em edição conjunta entre a FURG e a Embrapa.

“Outro momento muito especial que valoriza nossa programação é a 1ª Feira de Plantas Alimentícias Não Convencionais, que conta com participação confirmada de 26 feirantes e expositores, entre agricultores familiares e camponeses, produtores, empreendimentos agroindustriais, cooperativas e organizações que estarão ali representadas”, aponta a presidenta.

Segundo ela, os organizadores esperam que esta seja apenas a primeira edição de uma atividade paralela ao HortPANC e que se torne também tradicional por onde o evento itinerante chegar. A feira acontece nos dois primeiros dias do encontro, de forma paralela às demais atividades.

A programação de atividades na sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) irá abordar nos dois primeiros dias temas como os avanços e as aplicações das PANC no contexto agroecológico urbano e rural; sistema de produção de hortaliças tradicionais no Brasil; as potencialidades nutricionais e nutracêuticas das hortaliças PANC; a relação das PANC com a agricultura familiar, camponesa e quilombola; as PANC na gastronomia e culinária, da tradicionalidade à ressignificação das espécies em preparos não convencionais; sociobiodiversidade não convencional, FANC, HaloPANC e Plantas Medicinais; e PANC e políticas públicas, interface com agroecologia, agricultura urbana e economia solidária.

O terceiro e derradeiro dia do encontro tem um caráter todo especial preparado pelos organizadores: é hora de sair das salas de estudo e colocar a mão na terra. Os participantes serão convidados para se deslocar até a área rural de São Lourenço do Sul, no Sítio Espinílho, onde serão realizadas as atividades do dia de campo, com roteiros e estações englobando: hortaliças folhosas; hortaliças tuberosas; perenes e frutos; e identificação de PANC.

“É grande encontro de vários setores da sociedade que vêm trabalhando pela sociobiodiversidade alimentícia”, sintetiza Jaqueline. Ela destaca o papel desse espaço na valorização da agricultura familiar e camponesa e na conservação das práticas agroecológicas e dos saberes populares.

Josuan Schiavon, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores e Pequenas Agricultoras (MPA) saúda a realização do encontro nacional no território e valoriza os esforços de aproximação entre academia, instituições de pesquisa e desenvolvimento junto aos camponeses e as camponesas que têm papel central na concretização dos objetivos alinhados à temática das PANCs.

“As plantas alimentícias não convencionais são um tema que sempre esteve muito presente nas práticas do campesinato e dos povos tradicionais e da agroecologia, mas como tudo que de alguma forma incomoda o modelo agrícola industrial, isso foi se perdendo, foi sendo imposto um processo de esquecimento, agora é hora de resgate e reafirmação.”

Para Schiavon é preciso reconhecer o mérito do encontro “em articular os grupos participantes e tentar trazer os temas para próximo de fato a quem merece e precisa discutir para não virar apenas uma palavra bonita a ser utilizada em meios distantes da realidade concreta do povo”.

Esse é o mote, segundo o dirigente, que fez com que o MPA se somasse ao debate e à organização do evento. “Nós entendemos que as plantas alimentícias não convencionais têm múltiplos propósitos”, aponta, afirmando que são “importantíssimas para a sociobiodiversidade, exercendo um papel estratégico na garantia da soberania alimentar dos povos e na autonomia das famílias camponesas”.

Acompanhe o HortPANC, acesse o site e as redes sociais do encontro.

O 7º HortPANC é organizado pelo projeto PAMCPop, Universidade do Rio Grande, Embrapa e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). São apoiadores a Capes, CNPQ, Centro de Nutrição Funcional, ISLA, MARéSS, Ineesol, CAPA, FLD, ABH, Ufrgs, SPAF, Koinós, MPA, Origem Camponesa, Cooperfumos, CoopeForte, Emater, Centro Ecológico, UFTPR e Prefeitura de São Lourenço do Sul.