21 de agosto de 2018
Militantes em Greve de Fome por justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) chegam ao vigésimo primeiro dia de resistência com forte apoio. Nessa segunda-feira (20), os grevistas receberam, no Centro Cultural de Brasília (CCB) onde estão desde o dia 31 de julho, visitas de representantes de diversos organismos, pastorais e entidades, e no fim do dia realizaram ato inter-religioso em frente ao STF.
Os grevistas receberam carta de apoio e solidariedades da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) e a Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AMIR). O documento foi assinado pelo Reverendo Chris Ferguson (Secretário Geral) e pelo Reverendo Darío Barolin (Secretário Executivo).
O vigésimo primeiro dia da Greve de Fome também foi marcado pela visita solidária de representantes da Cáritas Brasileira e do Conselho Nacional do Laicato do Brasil. A visita reforçou a perspectiva da democracia e a luta contra a omissão da justiça praticada na atual conjuntura nacional. Na ocasião, a Cáritas Brasileira entregou uma carta de apoio aos grevistas, fortalecendo assim, a resistência à Greve de Fome. De mãos dadas, os sete militantes em greve se uniram aos visitantes em oração.
O representante da Agência de Solidariedade e Miséria no Brasil, Estefan Cano, também visitou os grevistas para expressar total solidariedade e preocupação aos militantes. “Estamos angustiados com os acontecimentos no Brasil nos últimos dois anos. A greve de fome por democracia e justiça é pautada também no exterior, com forte defesa. Hoje, entregamos um pano da Campanha da Fraternidade 2018 – Fraternidade e superação da violência, realizada em fevereiro deste ano, que tem a figura de dois homens e representa de igual para igual. Além disso, apoiamos o grito da ONU, pelo direito à candidatura de Luís Inácio Lula da Silva”, ressaltou.
No início da noite, às 18h, foi realizado o ato inter-religioso em frente ao STF para fortalecer a reivindicação por justiça. Mais uma vez, Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (ambos do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Gegê Gonzaga (da Central dos Movimentos Populares – CMP), Zonália Santos e Vilmar Pacífico (ambos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) e Leonardo Soares (do Levante Popular da Juventude) reforçaram a insensibilidade e ausência de resposta por parte do STF, após o protocolo, no dia 9 de agosto, de 11 pedidos de audiência, com encaminhamento para cada ministro, e o diálogo com o presidente da Casa, Ricardo Lewandowski. O ato inter-religioso reitera a exigência por votação das ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) e revisão do cumprimento de pena após condenação em segunda instância.
No ato, o Frei Wilson Zanatta ratificou que o atual momento de mobilização por transformação social representa o sagrado ao lado do povo, em prol da vida. Para ele, a fé e a vida caminham juntas, não podem se separar. O referendo Luis Sabaray acrescentou: “o clamor é por justiça e democracia. Não podemos permitir que volte à fome e a miséria. Esse ato inter-religioso é de resistência e esperança para transformar o Brasil em um país melhor para todos”.
A grevista Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores, reitera que o momento é de luta e sacrifício até que as grandes transformações sejam conquistadas. “Estamos construindo neste momento difícil da história o reino de Deus, do céu na terra, que é o esforço cotidiano, que se coloca como cristão e cidadão, que assina seu nome nas páginas da história. Falamos de um evangelho vivo, um Deus vivo e de um povo vivo que se dispõe à luta no nível que é necessária. E as vezes é o sacrifício que é necessário. Esperamos seguir firmes na nossa tarefa que é de lutar e ensinar os irmãos à lutarem. E até que conseguimos fazer grandes transformações, nossa tarefa é lutar e morrer feliz porque lutamos até o fim. Sejamos firmes e incansáveis”, completou.
Após o ato inter-religioso, as atividades do 21º dia de greve por justiça no STF foram encerradas com a visita dos violeiros Zé Mulato e Cassiano, que se apresentaram em apoio ao movimento.
Por Michelle Calazans | CIMI
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