7 de junho de 2018
Com o tema “Lutar pela Vida Reconquistando Direitos” a 10ª edição do Seminário da Terra realizado na Linha Fátima, município de São Miguel do Oeste (SC) reuniu mais de 200 lideranças de 4 municípios nesta quarta-feira, 6 de junho. O evento é organizado pela Frente do Campo e da Cidade, composta por vários movimentos, organizações, pastorais sociais e a Paróquia São Miguel Arcanjo, de São Miguel do Oeste (SMOeste).
O professor e vice-reitor da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) de Chapecó, Antônio Andrioli, assessorou a tarde de debates, que também contou com a fila do povo e com um momento de partilha de alimentos saudáveis, sementes e mudas.
A cerca do tema do Seminário, Andrioli, que também já compôs a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), destacou o direito a Água, a Terra, a Sementes Crioulas e a Comida de Verdade. “Sem sementes, água e terra não há como produzir comida, sem comida não há vida”, destacou, e ainda completa, “quem melhor cuida dos recursos naturais é o camponês é o agricultor, portanto é também um ambientalista”.
Andrioli ainda desmistificou o conceito da Agricultora Camponesa/Familiar e o Agronegócio. O Agronegócio ao longo da história das políticas públicas tem recebido a maior quantia de recursos econômicos destinados ao campo, porém produz commoditie para a exportação e não produz comida. Já a Agricultora Camponesa/Familiar é quem produz mais de 70% dos alimentos consumidos pelo povo brasileiro, mesmo com pouca terra e poucos incentivos de financiamento e crédito para produzir.
É preciso que entendamos como a conjuntura posta tem afetado os direitos dos camponeses e trabalhadores do campo e da cidade. O golpe em 2016, as retiradas dos direitos dos trabalhadores, a prisão sem provas do ex-presidente Lula, as privatizações das estatais brasileiras, e agora, com a greve dos caminhoneiros podemos perceber como é frágil a cadeia produtiva do Agronegócio e do Mercado. “Não consigo entender como teve gente, na greve dos caminhoneiros pedindo intervenção militar, é a primeira vez que vejo as pessoas indo para a rua exigindo o direito de não se manifestar”, indagou o professor sobre o recente ocorrido.
Da plenária, seu Pedro, do município de Paraíso, com lagrimas nos olhos relatou: “estamos vivendo grandes retrocessos e por vezes apoiamos coisas que nem sabemos direito, mas de uma coisa eu tenho certeza, quem viveu a ditadura militar, como eu e muitos aqui viveram, nunca mais quer viver de novo”.
O dialogo construído com os presentes trouxe o debate da desapropriação da Cultura Camponesa e como esse conjunto de mudanças tem afetado a saúde, tanto de quem produz como de quem consome essa produção. “A gente come muito sal, muito açúcar, muita soja, e todos os dias tomamos uma ducha de Roundup, pois a água que bebemos e usamos está contaminada”, denuncia Andrioli.
“Temos o direito a um Meio Ambiente Saudável, temos direitos as sementes, a Terra, a Água, temos direito a comida de verdade, temos o direito de escolher o que comer. Comer é um ato político e não temos o direito de desistir das nossas lutas”, afirma o professor referindo a necessidade de sermos sujeitos políticos e que façam política. “Nós temos que reaprender a fazer política, enquanto a gente não faz política, outros o fazem e aí somos obrigados a aceitar”, completa.
As provocações trazidas por Andreoli fizeram com que os participantes refletissem sobre os direitos que muitas vezes nem sabemos que são nossos direitos e também relatassem as suas experiências de luta e resistência, pessoais e também coletivas. Momento este fortalecido pela partilha dos alimentos, das mudas e sementes que cada participantes trouxe para o Seminário.
Pela parte da noite foi realizado a 12ª edição do Seminário da Cidade o mesmo tema foi dialogado com os/as trabalhadores/as urbanos no Salão Paroquial da Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, um rico em conteúdo e participação popular.
Por Adilvane Spezia – jornalista e militante do MPA
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