19 de setembro de 2018
Com o tema “Terra e Água, Fontes de Paz e de Bem Viver” e o lema “O fruto da justiça será a paz” (Isaías 32, 17), a 39ª Missão da Terra foi realizada no dia 16 de setembro, na cidade de Capim Grosso (BA), – Diocese de Bonfim. Os camponeses e camponesas do MPA, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Escola Família Agrícola de Jabuticaba (EFAJ) e as Paróquias da Diocese do Senhor do Bonfim contribuíram na articulação e organização deste importante evento. Um espaço de celebrar a fé e a vida, além de ecoar o grito do povo do campo e da cidade na luta pela construção de uma sociedade justa e fraterna.
“Animados pela fé e bem certos da vitória”, os romeiros e romeiras deu início a caminhada 8 e meia da manhã e foram seguindo a programação percorrendo 6 km até a Igreja Católica. Durante a caminhada participaram de três momentos específicos, sendo que na primeira parada o MPA contribuiu com a reflexão sobre o tema: “a Terra e Água privatizadas, vidas roubadas!”, na oportunidade o representante do Movimento, José de Jesus, apontou que nesta região semiárida, existe a destruição de nascentes, de rios pela poluição das cidades, assim como, a Lagoa de Capim Grosso que está soterrada e poluída, falou da concentração da água pelo hidro agronegócio para produzir alimentos com veneno ou por órgão que prioriza o atendimento de abastecimento das populações urbanas, deixando sem água os ribeirinhos/as e camponeses/as.
Trouxe a seguinte informação, “o Governo do Estado está fazendo a interligação das barragens de Pedras Altas, Capim Grosso (BA), com a barragem de Ponto Novo para atender a demanda do perímetro irrigado, o MPA não é contra esse projeto, porém, o MPA está fazendo o Acampamento da Água para que os camponeses/as, ribeirinhos tenha o acesso a essa água”. Neste ensejo, convidou para as pessoas se somarem a esta luta.
A mensagem do MPA para a multidão que escutava atentamente José de Jesus, se resume a seguir: “Temos cada vez mais de organizar nossas bases, o povo para luta. Por que só assim, teremos conquistas. Os direitos para os trabalhadores só foram possíveis graças as lutas e articulação social. Nesta conjuntura que vive o nosso país, precisamos lutar para conquistar nossos direitos não tenha medo, vão, lute e conquista e assim estaremos seguindo os ensinamentos do senhor Jesus Cristo, temos que fazer a nossa parte, façam valer a frase “eu vim para que todos tenham vida, e que todos tenham vida em abundância”. E finalizou dizendo que se organizar e lutar são as nossas armas para vencer o mal da concentração fundiária e hídrica que traz a miséria para o semiárido.
Este evento, durou o dia todo e ainda na caminhada contou com apresentação do tema: “Superar os vários rostos da violência é tarefa de todos! ”, e envolvido pela música Pai Nossos dos Mártires trouxe a mensagem que a violência precisa ser denunciada e que a justiça precisa atuar. Neste momento, o teatro foi sinalizando que o Poder Judiciário precisa atender com celeridade os casos de violências contra as mulheres, abuso a menores, assassinato de camponeses/quilombolas da luta pela terra, agir diante das injustiças. A superação da violência exige a participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e de organizações que atue para que a justiça reine na sociedade. Nesta segunda parada temática terminou com o chamado das bandeiras de lutas, das organizações reafirmando que temos um papel fundamental para que mudança aconteça no nosso país.
Já no palco, próximo a Igreja Católica de Capim Grosso, houve a reflexão sobre o tema: “Terra e Água: Justiça, Paz e Bem Viver”, com a participação dos estudantes da Escola Família Agrícola de Jabuticaba (EFAJ) de Quixabeira – Bahia. As formas de Bem Viver estão nascendo das cooperativas, associação e movimentos sociais que fortalece os pequenos agricultores, das mulheres e jovens, com feiras agroecológicas está mostrando que o alimento livre do agrotóxico é possível, a defesa da educação pública e de qualidade, assim como, da educação contextualizada.
Dando continuidade, o Padre Xavier Nichele representou o desejos e falas dos jovens estudantes e transmitiu para a multidão, como descrevemos a seguir: “O povo que não grita, morre. O povo que enriquece não grita, morre, é o dinheiro que ganha. A ganância do agronegócio destrói a natureza. Nós, o povo de Deus temos um sonho e uma luta que está dentro de nós e está calada, quando ela vai despertar? Quando o sonho e o grito do povo vão despertar? Quando se juntar e se encarnar? Nós temos um mestre que nos acompanha, que foi assassinado pelo poder político romano, morreu crucificado pelo poder religioso da tradição judia, como nós em nossa missão, grita, luta e se organiza por justiça social, assim como, fez Jesus Cristo? Sonho e terra precisa ser encarnado. A EFAJ dá este recado, nós temos um sonho, um grito mais deve se encarnar nas nossas vidas, nas nossas histórias”. Finalizou.
O evento teve continuidade até o fim da tarde e as pessoas se mantiveram firme neste momento de encontro, de sonhar juntos e de solidariedade cristã.
Por Comunicação MPA
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