21 de junho de 2018
Brasília, entre os dias 12 a 15 de junho de 2018, foi palco de um dos maiores encontros de Educação, o Encontro Nacional de 20 anos da Educação do Campo e do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). Com uma programação composta de reflexão sobre atuação do programa para a população do campo, o evento reuniu professores e intelectuais da educação de todo país, assim como, estudantes e representantes dos Movimentos Sociais do Campo.
O sociólogo, educador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel Arroyo, deixou sua contribuição sobre porque temos que lutar tanto por direitos? “Em tempos de golpes, de antidemocracia, da negação dos direitos é preciso contar as memórias de luta por direitos, não podemos deixar essas lutas cair no esquecimento, afirma ele que é um dos maiores intelectual da Educação do Brasil.
Ele aborda as lutas de negros, indígenas, sem-teto, sem-terra durante estes 20 anos para garantir a educação. Pois isso, “devemos pensar a partir da luta por direitos que ocorrem desde a colonização, o primeiro direito que estas populações precisaram lutar foi para serem reconhecidos enquanto humanos”, aponta Arroyo, que ainda completa:
“Os índios, negros e a população pobre não foram e nem são reconhecidos como humano devido o interesse dos colonizadores e da elite consiste na expropriação da terra, das riquezas da natureza, de tornar estes seres humanos em animais de serviços, ou por melhor dizer, mercadorias. Por esta razão a educação não é só apenas apreender disciplinas, o letramento tem a função de reconhecer estes seres humanos, enquanto humanos. Pois, até os dias atuais, eles [ a elite brasileira] continuam a pensar que as pessoas das favelas e do campo não são seres humanos. A luta é o caminho. Lutar por terra e dignidade humana são bandeiras veiculadas”, afirma o sociólogo.
Para concluir sua exposição Arroyo denuncia: “o Estado brasileiro tem dono, por está razão aconteceu o impeachment de Dilma e a prisão de Lula, o golpe significa um Estado de exceção, de suspensão de direitos e de massacre, nós estamos lutando por um outro Estado e a democracia vai nascer das lutas dos injustiçados. É chegado a hora de buscar as estratégias dos movimentos sociais”.
Por sua vez o professor e doutor em Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gaudêncio Frigotto, “o PRONERA é fruto da luta da classe trabalhadora (…), as ideias não transformam o mundo ajuda a interpreta-lo, o que transforma o mundo são as ações práticas”. Portanto é importante considerar que as mudanças que estão ocorrendo posterior ao golpe de 2016, como a reforma do ensino médio vem com o propósito de barrar o futuro dos jovens de ler o mundo de forma crítica.
Já a professora e doutora em Educação, Roseli Caldart, aponta que “nos 150 anos do livro de Karl Marx, O Capital, esta teoria muito tem contribuído nos 20 anos de Educação do Campo e PRONERA, ou assim podemos dizer, é preciso analisar esses dois programas a partir de um processo histórico. A construção de um projeto político formativo deve levar em consideração as condições materiais da existência da educação do campo, território, sujeitos, relações sociais, conflitos, luta de classe e a diversidade do Campesinato”.
O Movimento dos pequenos Agricultores (MPA) tem sido parte desses 20 anos de lutas, resistências e conquistas da Educação no e do Campo. Neste momento em que celebra-se 20 anos o Movimento não poderia deixar de estar presente. Como afirma Luiz Carlos, da coordenação nacional do MPA e integrante do coletivo nacional de Educação do Movimento:
– “Estamos celebrando 20 anos com símbolo de resistência, a resistência do Campesinato. Nestes 20 anos a Educação no e do Campo nos fez transformar muitos camponeses em mestres e muitos doutores em camponeses, através dos diálogos do saber. Proporcionou que vários militantes, estudantes e professores se envolvessem na construção do novo dentro das universidades”.
Luiz aponta ainda que estes 20 anos de resistência são a prova da capacidade do Programa e dos Movimentos de formar os sujeitos do campo.
– “Transformamos a educação em um Projeto Político de Sociedade que a gente quer construir. Resistimos quando o Agronegócio quis se apropriar do termo Educação do Campo, lutamos para que escolas do campo não fossem fechadas, fomos capazes de dizer que queremos a construção de novas escolas e novos cursos. A educação do Campo e o PRONERA foi construído com luta e resistência. Em tempos de golpes sabemos que defender estas pautas torna-se cada vez mais difícil, por isso precisamos fortalecer nossa mística e a tarefa dentro das universidades é defender o Pronera, defender a educação pública e de qualidade, e defender a Democracia”, conclui Luiz.
Por Comunicação MPA
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