3 de março de 2017
A iniciativa nasce a partir de uma parceria entre a Escola Familiar Agrícola de Ladeirinhas (EFAL) e o camponeses e camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Baixo São Francisco, Sergipe, por meio de intercâmbio e trocas de experiências.
O pontapé inicial deu-se quando os estudantes da EFAL deveriam construir um Projeto Produtivo do Jovem, carinhosamente chamado de PPJ, para que pudesse receber o certificado de Técnico em Agropecuária ao termino do curso. Entre os diversos temas, surge os agrotóxicos e a rizicultura no Baixo São Francisco, provocação feita pelo jovem militante do MPA, José Francisco dos Santos, que já possuía lavoura de arroz, porém trabalhava com o método convencional, onde o uso de agrotóxicos é uma constante, não só na Unidade Camponesa da família, mas também em todo a região.
Como já dizia Che Guevarra, “a argila fundamental de nossa obra é a juventude. Nela depositamos todas nossas esperanças e a preparamos para receber ideias para moldar nosso futuro”, a juventude do MPA tem mostrado sua força e empenho, Francisco desafiou-se a cultivar o arroz e tratá-lo somente com métodos agroecológicos.
“A experiência do Arroz agroecológico, parte da necessidade de se mudar o processo do plantio de arroz no Baixo São Francisco”, afirma o jovem camponês e protagonista do projeto. Que ainda assegura ter sido a vontade de mostrar, “que seria possível trabalhar com o método agroecológico, sem agrotóxicos, sem venenos e sem adubos químicos”, que o impulsionou a trabalhar agroecologicamente. A experiência conta com o apoio e empenho de toda família, que se propôs a trabalhar junto com ele no projeto.
De acordo com Francisco, o arroz apresentou baixa incidência de pragas e as poucas que ‘apareceram’ foram e ainda são tratadas com biodefensivos naturais produzidos a partir de álcool, fumo, arruda, castanha, extrato de nim e outros produtos que não apresentam prejuízos para a natureza, nem para a saúde humana.
O plantio de arroz agroecológico está no seu terceiro mês, apresentando ótimos resultados, superando inclusive o método convencional. O jovem camponês não esconde a felicidade em produzir arroz sem utilização de agrotóxicos, seu projeto está sendo um sucesso, além de ele estar alcançando a tarefa política enquanto militante do Movimento que está pautada na produção de alimentos saudáveis, respeitando a natureza. Francisco mostra-se um juvem que tem ocupado seu papel de protagonista de sua própria história.
O cultuvio de arroz na região
A realidade do cultivo de arroz no Território Sergipano do Baixo São Francisco, está inserido na lógica do uso intensivo e descriminado dos agrotóxicos, venenos provenientes do pacote tecnológico que integrava a chamada Revolução Verde, muito utilizados para combater insetos e doenças na rizicultura na região. Nessa perspectiva, o uso de agrotóxicos no arroz do Baixo São Francisco, atesta uma agricultura envenenada.
Segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o cidadão brasileiro consome, em média, 7,5 litros de veneno por ano em consequência da utilização de agrotóxicos. O território do Baixo Sâo Francisco não está imune ao estudo, pois também apresenta índices consideráveis de intoxicações humana, anima e do Ambiente como um todo relacionada ao uso de veneno.
De acordo com a organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que ocorram aproximadamente três milhões de envenenamentos humanos por pesticidas em todo o mundo ao longo de um ano, com mais de 220.000 mortes relatadas. No Brasil, segundo dados Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), foram registrados, no período de 2007 a 2011, 26.385 casos de intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, 13.922 por agrotóxicos de uso doméstico, 5.216 por produtos veterinários e 15.191 por raticidas.
Por Comunicação MPA
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