27 de novembro de 2025

Canadá: NFU declara que a violência doméstica e a violência de gênero são uma epidemia

Fonte: Via Campesina – Publicado em27 de novembro de 2025

Em 20 de novembro de 2025, os delegados da convenção anual da União Nacional dos Agricultores votaram pelo reconhecimento da violência doméstica e da violência de gênero como uma epidemia. Neste dia, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, precisamos que nossos líderes públicos se comprometam com uma resposta sistêmica e abrangente em todo o Canadá para atacar a raiz do problema e fornecer às sobreviventes os recursos de que precisam.

44% das mulheres no Canadá já sofreram violência doméstica_

“O reconhecimento da NFU de que a violência doméstica/violência de gênero é uma epidemia não é apenas simbólico – ajuda a trazer a violência doméstica/violência de gênero à luz”, afirma Summer Hansell, vice-presidente do NFU Women’s Caucus. “Ao fazer essa declaração, a NFU pretende deixar claro que a violência doméstica/violência de gênero é um problema social e que todos nós temos um papel a desempenhar na conscientização e na tomada de medidas para acabar com ela.”

A violência doméstica/violência de gênero é um problema generalizado no Canadá e em todo o mundo. Enquanto a violência de gênero se refere a qualquer tipo de dano direcionado a um indivíduo com base em sua identidade de gênero ou gênero percebido, a violência doméstica é caracterizada por um padrão de comportamento prejudicial em um relacionamento íntimo, usado para obter ou manter poder e controle sobre o(a) parceiro(a). Esse tipo de abuso pode ser físico, sexual, emocional, econômico ou psicológico. A violência doméstica/violência de gênero pode afetar pessoas de todos os gêneros, classes socioeconômicas, raças, níveis de escolaridade, etnias, religiões e origens culturais, embora as mulheres sejam significativamente mais propensas a sofrer esse tipo de abuso. Por exemplo, 44% das mulheres no Canadá já sofreram violência doméstica, sendo as taxas mais altas entre mulheres indígenas (61%), mulheres que vivem em situação de pobreza (57%) e mulheres com deficiência (55%).

A violência doméstica é um problema que afeta as comunidades rurais de forma desproporcional. Por exemplo, um relatório apresentado ao Comitê Permanente da Câmara dos Comuns sobre a Situação da Mulher em 2022 afirmou que a taxa de casos de violência doméstica contra mulheres rurais em Ontário é de 598/100.000, em comparação com 378/100.000 em áreas urbanas de Ontário. Pessoas afetadas tanto por violência doméstica quanto por violência de gênero em áreas rurais estão mais isoladas de recursos como abrigos, serviços de aconselhamento e apoio jurídico. Barreiras linguísticas e a falta de recursos culturalmente adequados podem dificultar ainda mais o acesso ao apoio para sobreviventes imigrantes e pessoas de cor. Além disso, as comunidades rurais tendem a ser mais interconectadas e unidas, o que pode levar à falta de privacidade para as sobreviventes, impedindo-as de acessar os recursos de que precisam.

A declaração da violência doméstica/de gênero como epidemia destaca a sua ampla disseminação no Canadá e aumenta a conscientização sobre o problema. Ela redefine a questão, transformando-a de um problema privado e doméstico em um problema social generalizado e uma crise de saúde pública, exigindo ação de todos nós, bem como uma resposta sistêmica e coordenada dos governos. Por fim, a classificação como “epidemia” pode proporcionar acesso a linhas de financiamento específicas que oferecem recursos essenciais para organizações com poucos recursos em todo o Canadá, especialmente em áreas rurais.

A violência doméstica e de gênero não é um problema exclusivo do Canadá, mas sim global. O dia 25 de novembro é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Segundo um relatório das Nações Unidas (ONU) publicado em 2024, 140 mulheres ou meninas morrem todos os dias pelas mãos de seus parceiros ou parentes, o que equivale a uma mulher ou menina a cada dez minutos. Além disso, a ascensão global da extrema-direita alimenta um conservadorismo crescente que mina os direitos humanos fundamentais das mulheres. Outras crises, como as mudanças climáticas, a insegurança alimentar, a instabilidade econômica, os conflitos e as guerras, corroem o progresso rumo à igualdade de gênero. De acordo com a ONU Mulheres, no ritmo atual, pode levar quase 300 anos para alcançar a igualdade de gênero.

A igualdade de gênero e a libertação feminista são elementos cruciais da soberania alimentar.

A Via Campesina, organização irmã da NFU, apela à ação coletiva para eliminar a violência contra as mulheres. Mais informações podem ser encontradas neste  link . As mulheres são guardiãs da vida, estão profundamente envolvidas na produção de alimentos, alimentam suas comunidades e realizam o trabalho de cuidado essencial para a sustentabilidade de comunidades em todo o mundo. Elas desempenham um papel crucial na luta pela soberania alimentar, um movimento global que consagra o direito dos povos de controlar seus sistemas alimentares e agrícolas. Portanto, é imperativo denunciarmos a violência cometida contra as mulheres e nos mobilizarmos coletivamente para pôr fim a ela.

Neste Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, é hora de nossos governos municipais, provinciais e federal desempenharem seus papéis e se comprometerem a fornecer os recursos que nossas comunidades precisam para abordar as causas profundas e garantir o apoio essencial às sobreviventes.

Por: Grupo de Mulheres da União Nacional dos Agricultores