19 de setembro de 2025

Feira de Sementes, Sabores e Conhecimentos Ancestrais fortalece a cultura e a diversidade camponesa no Quilombo da Restinga, Lapa (PR)

No último dia 13 de setembro, a comunidade Restinga, no município da Lapa (PR), foi palco da Feira de Sementes, Sabores e Conhecimentos Ancestrais. O evento reuniu camponeses, camponesas, organizações populares e visitantes em um espaço de celebração, partilha e resistência.

Diversidade de sementes e saberes

A feira foi marcada pela imensa variedade de sementes crioulas expostas e trocadas entre os camponeses e camponesas. Mais do que a partilha de sementes, houve também a troca de conhecimentos ancestrais sobre cultivo, manejo e períodos ideais de plantio, preservando práticas que fortalecem a agroecologia e a soberania alimentar.

Cultura e ancestralidade

A programação contou com apresentações culturais que valorizaram a espiritualidade e a resistência histórica dos povos negros. O público acompanhou peças teatrais que resgataram a memória do período da escravidão, com destaque para a força das mulheres ancestrais e sua luta pela vida e identidade.

O grupo Arueira de Maracatu, do Paraná, emocionou com uma apresentação vibrante, trazendo os elementos tradicionais e explicando a história dessa manifestação cultural. Também houve roda de capoeira, oficinas de autocuidado em saúde popular e momentos de partilha coletiva.

Bonecas de pano: memória e resistência

Um dos pontos altos foi a oficina de elaboração de bonecas de pano, conduzida por uma artesã que encontrou na arte um caminho de enfrentamento e cura. As bonecas pretas de pano carregam um simbolismo profundo: surgiram no período dos navios negreiros, quando mães que perdiam seus filhos confeccionavam bonecas rasgando suas vestes, encontrando assim uma forma de consolo e resistência diante da dor. Hoje, essa tradição é mantida viva como memória e esperança.

Celebração coletiva

A feira também contou com a participação de diversas organizações sociais, reafirmando a importância da luta coletiva. Um dos momentos mais marcantes foi a mística com a dança da ancestralidade, em torno de uma grande mandala feita com sementes e mudas, simbolizando a vida, a diversidade e a continuidade dos povos camponeses.

A Feira de Sementes, Sabores e Conhecimentos Ancestrais foi muito mais do que um encontro: foi a reafirmação do compromisso com a soberania alimentar, a cultura e a ancestralidade que seguem vivas e resistindo no coração do povo.