25 de agosto de 2025

No último fim de semana, lideranças de cerca de 10 municípios do norte mineiro debateram sobre os desafios da produção de alimentos e do Abastecimento popular, a partir dos povos do campo, das águas e das florestas.

Comunicação MPA

Com presença forte de quilombolas, pescadores(as) e camponeses(as), o MPA realizou várias assembleias comunitárias e territoriais, onde lideranças apontaram as principais dificuldades enfrentadas para se manterem no campo e nas águas, visto a dificuldade e as ameaças sofridas pelos(as) camponeses(as) no acesso à terra, no respeito aos territórios, na falta de acesso às políticas púbicas.

Falta de energia, de água tratada, de crédito, de tecnologias de produção, de beneficiamento e armazenagem, de acesso aos programas do governo como Minha Casa Minha Vida, PAA, PNAE, etc. Famílias proibidas de produzir o arroz de brejo e outros alimentos colocando em risco a segurança alimentar e nutricional desses territórios.

Em Bonito de Minas, a assembleia apontou também a necessidade de construção de uma Escola Família Agrícola, como forma de garantir que a juventude do território sejam os futuros técnicos que vão ajudar a estruturar a produção de alimentos. O prefeito do município e cinco vereadores estiveram presentes e se comprometeram em buscar solução para os principais problemas apontados pelas lideranças e na realização de audiência pública para tratar da produção de alimentos nos brejos no município.

No município de Januária, por exemplo, foi perceptível o tamanho do impacto do crime ambiental de Brumadinho, que causou contaminação das águas e dos peixes. A colônia de pescadores Z2, relatou o aparecimento de uma superpopulação de lesmas, verminose em peixes como o Pacu, a ponto dos pescadores orientarem a população a não consumirem esse peixe. As plantações de vazantes foram drasticamente afetas.

“Januária, produzia muita abóbora, a ponto de saírem vários caminhões carregados, hoje não se acha nem pra comer, e o feijão, amarela antes de encher a vagem e morre, parece que jogou veneno”. Os pescadores e pescadoras, apontaram a necessidade urgente da mudança do DECRETO Nº 12.527, DE 24 DE JUNHO DE 2025, que exige que os pescadores artesanais tenham renda exclusiva da pesca, não permitindo aos mesmo produzir nenhum alimento para comercialização.

“Os pescadores também produzem alimentos, nós somos agricultores e pescadores. Precisa mudar esse Decreto urgente, por isso nós precisamos estar nesse Movimento”. Segundo Anderson Amaro, coordenador nacional do MPA e responsável pela rodada na região, juntamente com Tião e Zé Matilde, esse processo reafirma a importância e a força do campesinato brasileiro, além da certeza que a Soberania Alimentar e o Abastecimento Popular depende da chegada das políticas públicas nos territórios.

“Foi emocionante repassar a bandeira do MPA para as mãos dos verdadeiros heróis e heroínas dos Grandes Sertões Veredas de Guimarães Rosa”.

Ao final dessa rodada em 10 municípios do Norte de Minas Gerais, o MPA vai consolidando sua articulação e expansão nas várias regiões de um dos mais importantes Estados Brasileiros, As Minas Gerais.