25 de junho de 2025

Carta do 2º Encontro da Escola Mineira de Formação da Juventude Camponesa do MPA

O 2º Encontro da Juventude Mineira do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), realizado em Governador Valadares, nos dias 20, 21 e 22 de junho, reuniu mais de 40 jovens das regiões da Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Vale do Jequitinhonha, teve por objetivo fomentar a formação política da nova geração camponesa. O encontro contou com apoio e participação de dirigentes de Minas Gerais, do Sergipe e do Espírito Santo.

A Carta final prioriza, sobretudo, as reivindicações e a luta por um campo que resguarde a vida digna, os direitos e garantias fundamentais e o protagonismo juvenil.

Eis a íntegra da Carta:

Carta Aberta da Juventude Mineira do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Minas Gerais, 22 de junho de 2025

Nós, juventude camponesa mineira do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), reunidos na Escola de Formação Mineira com a juventude do MPA entre os dias 20 e 22 de junho de 2025, no CETRECS (Centro de Treinamento e Referência em Tecnologias Sociais) em Governador Valadares/MG, sob a temática “Nova Geração Camponesa”, vimos, por meio desta carta aberta, expressar nossos anseios, preocupações e, sobretudo, reivindicações, na luta por um campo que resguarde a vida digna, os direitos e garantias fundamentais e o protagonismo juvenil.

Esta carta é fruto de vivências partilhadas, de sonhos tecidos coletivamente e da certeza de que a permanência no campo é, acima de tudo, um ato de resistência e de afirmação política. Herdamos de nossos pais não apenas os instrumentos de trabalho, mas também a dignidade de quem nunca se curvou diante da injustiça. E, ainda assim, carregamos as marcas da ausência do Estado, do preconceito e do esvaziamento de políticas públicas que resguardem nossa permanência digna no território.

Acreditamos na agroecologia como alternativa real à destruição do modelo do agronegócio e das monoculturas que expulsam, envenenam e desertificam. Reivindicamos uma educação do campo que dialogue com nossas realidades, que valorize nossos saberes e nossas histórias. Recusamos o modelo que tenta nos fazer acreditar que sucesso é sair do campo. Queremos escolas rurais vivas, com professores comprometidos, infraestrutura adequada, orçamento participativo e currículo emancipador. A educação do campo deve ser um instrumento de libertação, não de negação das nossas origens.

Não somos o futuro. Somos o presente que resiste, organiza e transforma. Assumimos nosso lugar na luta pela construção de um projeto camponês de sociedade. Queremos participação efetiva nas decisões políticas dos governos, com espaços para experimentar, errar e acertar, afinal, aprender também é um ato de formação da luta coletiva.

A juventude camponesa resiste e insiste em permanecer no campo. Acreditamos na agroecologia como caminho de futuro, na educação do campo como ferramenta de emancipação e na organização popular como instrumento de transformação. No entanto, seguimos enfrentando inúmeros desafios que nos impedem de florescer plenamente em nossos territórios.