25 de março de 2024
Comunicação MPA Brasil
Durante a Jornada, serão denunciadas as ameaças de despejos de 220 famílias dos acampamentos Virgílio Serrão Sacramento (Moju), Raiz de Jessé (Santo Antônio do Tauá) e Mocilândia (Maracanã). Essas três comunidades ocupam suas terras, com moradias e plantações de produção de alimentos consolidadas há mais de 10 anos.
O pedido solicitado, com urgência, ao governo do estado do Pará, e que através de seus órgãos competentes, em especial o INTERPA, tome as medidas urgentes no sentido de realizar as vistorias solicitadas pelas comunidades para que elas possam comprovar a legitimidade de suas ocupações e prosseguir com a regularização fundiária das terras em favor dessas comunidades.
Ou seja, a situação ocasiona muitas dificuldades para os moradores, entre as quais a falta de acesso à energia elétrica adequada, ruas de difícil acesso e a impossibilidade de acesso a políticas públicas da agricultura familiar.
A COP 30 será realizada em Belém e a atual conjuntura revela grandes desafios num contexto de crise ecológica, climática e civilizacional da atualidade. Neste sentido, ressalta-se a importância da reforma agrária e da agroecologia e o olhar global dos compromissos dos governos estadual e federal a respeito da pauta.
Camponeses e camponesas em luta por Terra e Soberania Alimentar.
Leia a carta destinada ao ITERPA, ao governo do Pará e ao governo federal:
Excelentíssimos Senhores,
Com muita apreensão, tomamos conhecimento da situação das famílias nas comunidades de Virgílio Serrão Sacramento em Moju, de Raiz de Jessé em Santo Antônio do Tauá e de Mocilandia em Maracanã, todas localizadas no estado do Pará, por correrem risco de ser despejadas de suas terras pelas empresas de plantações de monocultura do dendê Brasil Bio Fuels (BBF), Dendê do Pará (Denpasa), e um fazendeiro conhecido na região como o ´Rei do Charque´, respectivamente.
Essas três comunidades ocupam suas terras, com moradias e plantações de produção de alimentos consolidadas há vários anos. Durante todo esse tempo, solicitaram ao governo do Estado do Pará a regularização fundiária na certeza de que estão ocupando terras públicas pertencentes ao estado do Pará. Mas devido a processos judiciais ingressados na Vara Agrária de Castanhal pelas empresas e empresário citados, essas comunidades correm sério risco de serem despejadas. Por isso, torna-se mais do que urgente, uma vistoria do ITERPA para a elaboração de um estudo fundiário que possa comprovar as alegações das comunidades e evitar que elas sejam despejadas de forma ilegítima e com consequências desastrosas para as mesmas.
As 50 famílias da comunidade Virgílio Serrão Sacramento em Moju se juntaram no final de 2015 e reocuparam o território de onde várias delas foram vítimas de grileiros, na certeza que aquela terra era terra pública e para evitar sua apropriação pela empresa Brasil Bio Fuels. A comunidade solicitou em 2016 a regularização do território ao ITERPA. O processo foi iniciado, porém paralisado em 2020, devido ao fato que a BBF tinha recorrido à Justiça, reivindicando a propriedade da área. Em 2023, o Juiz da Vara Agrária de Castanhal, após a audiência de justificação, manteve a liminar de reintegração de posse do imóvel, mesmo diante da manifestação em contrário por parte do Núcleo Agrário e Fundiário do Ministério Público do Pará. Vale ressaltar que a cadeia dominial, bem como outros documentos utilizados na ação foram produzidos pela própria empresa, com o objetivo de obrigar as famílias a desocuparem a área. Diante disso, as famílias demandam uma vistoria d membros da Comissão de Conflitos Fundiários do estado do Pará.
É inadmissível que o Estado não tome as medidas cabíveis para defender essas comunidades. Ainda mais porque essa omissão coloca em risco a sobrevivência e futuro de centenas de famílias que produzem e comercializam alimentos saudáveis, gerando renda não só para suas famílias, mas também beneficiando a economia municipal e regional do estado, com produtos como açaí, pupunha, farinha de mandioca, entre outros.
“Nós construímos tudo aqui: nossas casas, nossa criação, nossas roças, nossas hortas, para nossa sobrevivência. Hoje, as famílias vivem de tudo aquilo que foi construído por elas, de forma coletiva, e trabalhando de uma forma carinhosa, cuidando da terra, respeitando o meio ambiente, tudo que vive na natureza. Hoje as famílias precisam muito dessa terra para continuar o seu viver, o seu dia-dia, ajudar sua família, ajudar outras comunidades que precisam do apoio da nossa. Hoje a BBF tenta tirar a terra das famílias através de uma liminar, enquanto há muito indício de grilagem que a BBF vem fazendo no estado do Pará, e através disso ela tenta tirar as famílias de suas terras, e é muito lamentável o que está ocorrendo. A comunidade se encontra dentro de uma terra pública, do Estado, então se a terra é pública onde as famílias moram, o governo do estado precisa apoiar, dar apoio às famílias. A gente deixa aqui nosso repúdio a essa situação; que as autoridades possam vir e nos ajudar para nos mantermos, para poder viver aqui enquanto comunidade. Fala de membro da comunidade Virgílio Serrão Sacramento, publicada em quatro idiomas no boletim do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais.
Declaramos toda a nossa solidariedade às famílias de Virgílio Serrão Sacramento, Raiz de Jessé e Mocilândia, e reforçamos seu pedido solicitando, com urgência, ao governo do estado do Pará que através de seus órgãos competentes, em especial o ITERPA, tome as medidas urgentes no sentido de realizar as vistorias solicitadas pelas comunidades para que elas possam comprovar a legitimidade de sua ocupação, além de imediatamente prosseguir com a regularização das terras em favor dessas comunidades.
Atenciosamente,
- Acción Ecológica, Ecuador
- Amigos da Terra, Brasil
- Amigos da Terra/Friends of the Earth, EUA
- Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe (ATALC), Internacional
- Biofuelwatch, EUA-Grã-Bretanha
- CEDENMA, Ecuador
- CENSAT Agua Viva, Colômbia
- COECOCEIBA – Amigos de la Tierra Costa Rica, Costa Rica
- Colectivo Ecofeminista Dafnias, Uruguay
- Colectiva ecofeminista Mujeres, Cuerpos y Territorios, Venezuela
- Consejo de Pueblos Wuxhtaj, Guatemala
- Coordinadora de Organizaciones Populares del Aguan (COPA), Honduras
- Corporate Europe Observatory, Bélgica
- Cotidiano Mujer, Uruguay
- COPACO, Movimento camponês da República Democrática do Congo
- Corporación Tierra Poderosa, Colômbia
- FASE, Brasil
- Focus on the Global South, Internacional
- Forum Carajás, Brasil
- Friends of the Earth, Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte
- Friends of the Earth Internacional – Internacional
- Fundación Pro Defensa de la Naturaleza y sus Derechos, Ecuador
- GE Free New Zealand, Nova Zelandia
- Global Justice Ecology Project, EUA
- GRAIN, Internacional
- Guardianes de la Andino-Amazonia, Putumayo, Colômbia
- Health of Mother Earth Foundation (HOMEF), Nigeria
- Indigenous Perspectives, India
- Institute of Sustainable Agriculture (ISA), Liberia
- Jogbar United Women Empowerment and Development Organization (JUWEDO), Liberia
- Justiça Ambiental, Moçambique
- JVE, Costa de Marfim
- La Red Ecuatoriana de Alternativas a la Palma Aceitera, Ecuador
- Land Watch Thai, Tailândia
- Margaret Prescod: Women of Color/Global Women’s Strike, EUA
- MLT, Brasil
- Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais – WRM, Internacional
- Movimento dos Pequenos Agricultores
- Movimento dos Atingidos por Barragens
- Movimento pela Soberania Popular na Mineração
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
- Mujeres por el Bien Viver, Chile
- Mujeres por el Bien Viver, Peru
- Mujeres, Organización y Territorios MOOTS, México
- Oakland Institute, EUA
- Observatorio de Ecología Política, Venezuela
- OLCA, Chile
- Otros Mundos Chiapas/Amigos de la Tierra, Mexico
- Pacto Ecosocial e Intercultural del Sur, América Latina
- Project SEVANA South-East Asia, Internacional
- PUSAKA, Indonesia
- l’ONG Muyissi Environnement, Gabão
- RADD, Camarões
- Red Latinoamericana de Mujeres Defensoras de los Derechos Sociales y Ambientales, América Latina
- Red Mesoamericana frente a la Palma Aceitera, Meso-America
- Rede Alerta contra Desertos Verdes, Brasil
- REDES-Amigos de la Tierra, Uruguay
- REFEB, Costa de Marfim
- Rettet den Regenwald e.V. – Rainforest Rescue, Alemanha, Salva la Selva, Espanha
- School of Democratic Economics, Indonesia
- SEFE, Camarões
- SYNAPARCAM, Camarões
- The Cornerhouse, Grã Bretanha
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |