7 de novembro de 2022
Érica Anne Oliveira
MPA Brasil | Distrito Federal
O evento, que iniciou no dia 4 de novembro e seguiu até o dia 6, ocorreu no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR) CONTAG, em Brasília. Na programação, a conjuntura política e econômica do país e da América Latina, a visibilidade ao trabalho produtivo das mulheres e a construção do planejamento para o próximo período foram temas dos diálogos.
“Depois de quase três anos afastados dos encontros presenciais por conta da pandemia de covid-19, o 3º Encontro Nacional de Mulheres foi um importante momento de retomada de nossas ações, corpo a corpo, de ânimo, debate em torno do Feminismo Camponês Popular, também de celebração da nossa vitória histórica nas eleições, de articulação política e fortalecimento da nossa organização na projeção das lutas nessa nova conjuntura e para os próximos períodos”, afirmou Jeieli Laís, coordenação nacional do coletivo de gênero, que mora no município Vale do Paraíso, no estado do Rondônia.
Este é o primeiro encontro presencial das camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores após a pandemia do coronavírus que se reencontra para planejar as ações. A atividade faz parte do processo de organização e planejamento do MPA Brasil, marcado por muita mística e animação.
O encontro reflete o processo de organização para visibilidade ao trabalho produtivo das mulheres. Elielma Vasconcelos, da coordenação nacional, enfatizou sobre a importância e os resultados deste momento. “Durante o encontro dialogamos sobre a produção camponesa das mulheres, dando visibilidade ao todo um processo de construção nos territórios, a partir da organização de base, nos grupos produtivos, cooperativa, unidade de produção familiar e coletivas. Com este momento de conhecimento das experiências e dos resultados em cada região, reafirmamos que as camponesas no seu dia a dia estão construindo soberania Alimentar, abastecimento popular de alimentos”, afirmou.
Um dos temas centrais do 3º Encontro Nacional de Mulheres foi o diálogo entorno do Feminismo camponês e Popular, o qual tem como linha central ser uma ação libertação das mulheres, a partir da diversidade do campesinato, com posicionamento de classe, na perspectiva da construção do poder popular.
“Com feminismo construímos o socialismo”, com esta frase a companheira Roseli Souza, coordenação do Coletivo de gênero inicia a sua fala sobre este importante momento do encontro falando do diferencial deste feminismo que está sendo construído pelas camponesas.
“É necessário afirmar o Feminismo Camponês Popular porque vivemos em uma sociedade que se organiza em um tripé de exploração, também das mulheres: classe, raça e gênero. A sua exploração é estrutural para acumulação capitalista. A relação patriarcal/machista ainda é muito presente, as relações de gênero seguem sendo desiguais, os papéis construídos do que é ser homem e do que é ser mulher são estabelecidos com desigualdades, as mulheres são as mais exploradas no trabalho, mais invisibilizadas. Há um conjunto de orientação nas relações sexuais na atualidade LGBTQIA+ e todas são discriminadas e exploradas também”.
Dando continuidade, ela lamenta pelo aumento das violências contra as mulheres e pontua que, infelizmente, é uma característica da sociedade capitalista que se baseia na exploração e nas violências. “Todo o processo de desenvolvimento da sociedade baseada na exploração, principalmente, sobre as mulheres foi e segue sendo com violências (físicas, psicológicas, moral, obstetra, patrimonial – econômica)”.
Por fim, Roseli manifesta o desejo das mulheres camponesas do MPA. “Queremos uma sociedade com igualdade nas relações de gênero, sem violências, com visibilidade do trabalho de mulheres, entre outras questões. Por isso, afirmamos o Feminismo Camponês e Popular no Movimento dos Pequenos Agricultores/Via Campesina”, finalizou.
Na primeira noite (4), aconteceu o ato político e cultural com parceiras dos movimentos urbanos e do campo, parlamentares e artistas para socialização e visibilidade dos produtos produzidos por Mulheres Camponesas. Na feira, foram identificadas mais de 100 amostras dos produtos de todas as regiões do país que vão desde remédios naturais e ervas medicinais, artesanatos, sementes, vinhos, cervejas, cachaças e variedades de beneficiamentos de alimentos.
As mulheres camponesas se alegraram e emocionaram com a apresentação de Indiana Nomma e José Cabrera, cantora hondurenha que traz na sua arte as canções da América Latina e o Jazz, semente das lutas revolucionarias. Indiana nos presenteou com o tributo a Mercedes Sosa, canções de lutas e resistência, duas mulheres que construíram e constrói a história da luta de resistência, na construção de uma sociedade digna para todos e todas.
Na segunda noite do encontro, as mulheres fizeram o Chá Feminista, um espaço que promove o autocuidado, a valorização da saúde popular e suas práticas integrativas, de escuta das mulheres camponesas anciãs com a socialização dos conhecimentos ancestrais, de acolhimento das mulheres e da partilha do chá. Segundo Filomena Scelegel, coordenação do coletivo fala sobre este momento, “no sentido de trazer presente o conhecimento ancestral, que vem de muito longe, das tataravós, bisavó e vó, e hoje nós que estamos aqui, é que foram sendo desenvolvido conhecimento do lidar com a terra, de conservar sementes, do conservar as diversidades das plantas e aprender as suas propriedades medicinas”.
A seguir, ela fala da valorização e socialização deste conhecimento popular, “a grandeza de passar esses conhecimentos, além da cura, visa o bem-estar dos seres humanos e não tem como propósito o bem financeiro, visualiza o respeito ao ser humano. As pessoas que se dispõe a essa causa, é uma ferramenta para transmitir esse saber que vêm da nossa ancestralidade, e precisa continuar para nossa descendência”. Para finalizar, ela diz que esse momento no encontro visa o empoderamento das mulheres camponesas, as trocas dos saberes, revigorar as energias e coragem.
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