23 de junho de 2022
Redação RBA*
São Paulo | Brasil
A velocidade do empobrecimento da população, com cada vez mais pessoas passando fome, aumenta a fila do Auxílio Brasil. É o que mostra um mapeamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizado em todo o país com dados de abril. Segundo o relatório, mais de 2,78 milhões de famílias esperavam para ser incluídas no programa social do governo Bolsonaro, que substitui o Bolsa Família.
A fila, porém, não deverá ser zerada. O estudo, feito pela mesma confederação, mostra que a previsão orçamentária para o Auxílio Brasil deste ano é R$ 89 bilhões, o que é insuficiente.
Os dados foram divulgados 10 dias após o segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, que mostrou que a fome no Brasil voltou a patamares dos anos 1990. Uma contradição no país do agronegócio, que se gaba de alimentar o mundo. No entanto, 33,1 milhões de pessoas não têm segurança de ter diariamente o que comer. Uma realidade que passou a ter 14 milhões de pessoas a mais que no ano passado.
Só entre março e abril, a demanda reprimida subiu em velocidade que se aproxima à apurada antes da migração do programa Bolsa Família, em 2021, para o Auxílio Brasil, que era de 3,1 milhões de famílias. De um mês para o outro, um aumento real de mais de 1,480 milhão de famílias à espera do benefício.
Isso significa que a fila mais que dobra em apenas um mês, o equivalente a um crescimento de 116%. Passou de 1,307 milhão de famílias (2,1 milhões de pessoas) para 2,788 milhões (5,3 milhões de pessoas). Pelas contas do CNM, falta pouco mais de 401 mil famílias para se chegar à fase anterior à transição.
Dados referentes a 2021 obtidos pela entidade mostram mais de 25 milhões de famílias registradas no Cadastro Único (CadÚnico). Isso corresponde a cerca de 75 milhões de pessoas. Em 2022, o número ultrapassou os 33 milhões de famílias, ou 83 milhões de pessoas. Corresponde a pouco mais de 38% da população brasileira naquele ano – 215 milhões de habitantes – recorrendo aos programas oficiais de assistência social.
A situação traz grande preocupação aos gestores municipais. São eles que a população cobra, já que é nos municípios que estão os centros de referência da Assistência Social (CRAS), pelos quais as famílias se cadastram ao programa.
Por isso eles defendem mais recursos para reforçar o programa e assim atender mais pessoas. Já especialistas defendem medidas mais amplas para conter o aumento da fome, como investir no programa de aquisição de alimentos (PAA) para doação de alimentos a famílias em situação de insegurança alimentar.
Há também críticas em relação ao desenho do programa, que tem contribuído para os problemas. É o caso do benefício mínimo de R$ 400 por mês para cada família, independente do tamanho. Ou seja: Um beneficiário que mora sozinho recebe o mesmo valor que uma mãe com dois filhos pequenos.
O senador Humberto Costa (PT-PE) criticou o presidente Jair Bolsonaro que “torra dinheiro público” enquanto quase três milhões de famílias passam fome.
*(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)
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