17 de junho de 2022
Mateus Quevedo
MPA Brasil | Natal (RN)
Quem visita o estande dos agricultores e agricultoras do Sergipe na feira da Grande Festa da Colheita que acontece durante a 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Natal, no Rio Grande do Norte encontra os produtos Velho Chico. A marca que homenageia o rio São Francisco é uma iniciativa de famílias rizicultoras da região do Baixo São Francisco em Sergipe. Entre os produtos que levam a marca estão o arroz branco, arroz integral, farinha de arroz e outros produtos da agricultura camponesa local.
A representante do Velho Chico na Feira é Lenilce Santos, jovem camponesa da comunidade de Tenório, em Neópolis. Segundo Lenilce as famílias rizicultoras da região produzem cerca de 200 toneladas do grão por ano, e esta quantidade poderia dobrar se não fossem os limites da irrigação no território. “Hoje nossa luta é para que a empresa que cuida da irrigação respeite os rizicultores e permita que as nossas famílias produzam arroz o ano todo”, denuncia.
Na semana passada diversos rizicultores e rizicultoras da região de Lenilce protestaram na sede da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) devido o descaso do superintendente Marcos Alves Filho, que agendou uma reunião na manhã do dia 6 de junho e não compareceu. A pauta principal de reivindicação é garantir a manutenção dos equipamentos de irrigação para que seja garantida a próxima safra.
Lenilce também apresenta que a comercialização e a transição agroecológica também são grandes desafios. “Nosso maior desafio ainda é o secante para o capim, porém, para o enraizamento e para florear já conseguimos utilizar somente insumos orgânicos. E não temos nenhuma ajuda do governo para que essa transição agroecológica seja completa. Os rizicultores não precisam do veneno, é as empresas do veneno que precisam dos rizicultores, precisamos mudar a lógica que está colocada. As famílias eram muito dependentes porque os pacotes de venenos já vinham prontos”, apresenta.
Lenilce também revela que há um processo de organização política na comunidade onde vive para ressignificar o território como quilombola. Conta que ainda é um processo que precisa de muito debate e construção coletiva para que a comunidade se entende como remanescente de quilombolas. Além desse processo de aquilombamento, a comunidade também luta por melhor infraestrutura. A comunidade fica distante da cidade e por isso, quando criança, tinha muita dificuldade de acessar a educação. “Muitas vezes os professores não chegavam na escola, porque era de difícil acesso. As estradas que dava acesso a comunidade muitas vezes se tornavam intransitáveis devido as chuvas, a infraestrutura era precária”, conta.
Ela fala que foi depois de um projeto que participou como educadora física, título que conquistou depois de se graduar em Educação Física na Universidade Federal de Sergipe, campus de São Cristovão é que passou a ter maior noção da realidade do povo. “Foi nesse projeto que comecei a entender a comunidade Tenório, porque todo aquele sofrimento que a gente passou não era normal, nesse projeto eu conheci outras pessoas que viviam na cidade e que estavam em maior vulnerabilidade social”, conta. Ela também se formou em Técnico Agrícola em Agroindústria no Instituo Federal de Sergipe, também em um campus em São Cristovão.
Foi nesta experiência como educadora física que ela conheceu o MPA. “Aí eu larguei a educação física e comecei a me dedicar mais sobre a educação do campo, percebi que era necessário a gente ter uma educação no campo contextualizada com a realidade da nossa vida, me tornei educadora popular desde então”. Hoje Lenilce atua como promotora de agroecológica com rizicultores que produzem o Arroz Velho Chico. “O arroz agroecológico Velho Chico, a nossa marca de arroz, permitiu que os rizicultores comessem seu próprio arroz, isso não era comum antes”, conclui.
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