11 de agosto de 2016
Os deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS), Paulo Teixeira (PT-SP), Wadih Damous (PT-RJ) e o senador Telmário Mota (PDT-RR) ingressaram com uma medida cautelar junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos referente ao processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.
Os parlamentares solicitam que o órgão, vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), determine três medidas ao Estado brasileiro: a restituição imediata de Dilma ao cargo de presidenta; a anulação de todos os atos referentes ao trâmite do impeachment; e a paralisação do processo até que a Comissão possa analisar o caso.
Segundo eles, o ajuizamento da petição inaugura uma etapa internacional de denúncia do processo de impedimento, na tentativa de reverter a decisão que se anuncia no Senado Federal, já que, na madrugada desta quarta-feira (10), o plenário da Casa aprovou a continuidade do processo de impedimento de Dilma por 59 votos a 21.
“Nós identificamos um conjunto de violações que ocorreram na tramitação do processo no âmbito da Câmara dos Deputados e no Senado e, lamentavelmente, também no Supremo. Neste momento, entendemos que era necessário que essa medida fosse adotada, até mesmo por uma questão de tempo, para que o retorno da Comissão possa ainda impedir que esse processo se consolide de maneira definitiva com a votação final no Senado”, explicou Paulo Pimenta (PT-RS) durante coletiva concedida pelo grupo na tarde desta quarta-feira (10) na Câmara.
O documento foi protocolado na noite dessa terça-feira (9), em Washington, nos Estados Unidos, onde fica a sede da OEA. Segundo os parlamentares, a petição foi elaborada por juristas e advogados brasileiros e também de outros países que têm experiência em casos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, da Argentina e do Brasil.
Como o Brasil é membro da OEA e signatário de diversos pactos internacionais, em caso de aceno afirmativo da Comissão sobre a necessidade de Dilma retornar ao cargo, o Estado brasileiro fica obrigado a cumprir a decisão.
No caso da tramitação ocorrida na Câmara, os parlamentares argumentam que a votação foi irregular porque teria ignorado o chamado “controle de convencionalidade”, previsto pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969), também conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica.
A argumentação é de que as garantias da presidenta afastada teriam sido violadas por diversos motivos. Um deles é que o juízo político do caso teve início a partir de uma mudança de postura do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre práticas costumeiras da administração pública (no caso, o entendimento sobre as chamadas “pedaladas fiscais”).
Outro é que os fundamentos da votação expostos pelos deputados eram alheios ao tema em análise. Além disso, o processo de defesa teria sido comprometido pelo fato de os advogados de Dilma não terem tido a oportunidade de fazer um “adequado interrogatório das testemunhas”.
Um quarto motivo é que o “princípio de não discriminação”, também previsto pela Convenção, teria sido violado porque o processo teve como alvo somente a presidenta Dilma, sem incluir o sucessor do cargo, Michel Temer, que enfrenta uma denúncia pelos mesmos fatos.
Os deputados também incluem como argumento na petição a postura assumida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) diante do processo deimpeachment.
“O STF entendeu que não deveria intervir no processo, a não ser pra estabelecer normas procedimentais. Ele tem dito que se trata de um processo político e que, em nome da separação dos poderes, não vai interferir na decisão do Senado. Ou seja, negam o acesso da presidenta a um tribunal superior e à proteção judicial dela. O Supremo ainda se nega a exercer o controle de convencionalidade, porque, se o parlamento brasileiro está desobedecendo a normatividade do Pacto de San José, o Supremo é que deveria intervir, mas se recusa a coibir a ilegalidade, recusando-se a respeitar a própria Constituição Federal”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ).
A expectativa dos parlamentares é que a Comissão atenda ao pedido do grupo pelo fato de a petição se basear em jurisprudências da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que já atendeu a solicitações semelhantes. Foi o que ocorreu, por exemplo, em casos na Venezuela e na Colômbia, em que personagens políticos tiveram os direitos retomados por decisão da Corte.
“A Corte entende que direitos políticos são direitos humanos, e a presidenta Dilma está sofrendo uma lesão nesses direitos. Ela foi afastada num ato ilegal que ofende a legitimidade do mandato, dado por 54 milhões de brasileiros. Queremos que a Constituição seja respeitada e que a democracia seja garantida”, disse Wadih Damous (PT-RJ), reforçando que acredita numa decisão favorável.
Na ocasião da coletiva, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) esclareceu que a decisão de recorrer à OEA se deu somente agora porque a Comissão Interamericana de Direitos Humanos exige que tenha havido um esgotamento do caso nas instâncias internas do país para que ele seja apurado internacionalmente.
De acordo com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a iniciativa do grupo foi comunicada à presidenta afastada Dilma Rousseff. “Ela tem ciência de que protocolamos essa petição na Comissão”, informou.
Ele ressaltou que um dos argumentos favoráveis a Dilma é o fato de ela não ter condenações criminais no país. “Ela não só não tem qualquer condenação como sequer existe qualquer ação criminal contra ela. Além disso, a conduta que estão imputando a ela no processo de impeachment não tinha nem lei específica para prever, portanto, todos os procedimentos feitos são ilegais. A abertura dessa processo resulta, na verdade, de uma retaliação”, afirmou o parlamentar, citando o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por Cristiane Sampaio – Brasil de Fato
Edição: Camila Rodrigues da Silva – Brasil de Fato
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |