15 de março de 2022
Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)
14 de março é uma data excepcional. Marcada, ainda recente, pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco que há quatro anos intriga a democracia do nosso país. Marcada pelo nascimento de Maria Carolina de Jesus, mulher que com sua escrita expurgou a fome em nossa frente.
Dia do nascimento de Castro Alves, que em 2022 completaria 175 anos, o poeta dos escravos, que mesmo com sua breve passagem denunciou as mazelas da escravidão. 14 de março também é dia do nascimento do cineasta Glauber Rocha, aquele do ‘Deus e o diabo na terra do Sol’ (1964), e também data da morte de Karl Marx, aquele do Manifesto Comunista e d’O Capital.
Ainda agora, 14 de março foi a data do lançamento do livro ‘Torto Arado’, do escritor Itamar Vieira Junior, na rede estadual de ensino da Bahia. Um lindo evento no Auditório da Secretária de Educação e Cultura marcou o lançamento. Com a presença de estudantes, professores, gestores, parlamentares, do Secretário da Educação do Governo da Bahia Jeronimo Rodrigues e do próprio autor do livro. O livro será distribuído para as bibliotecas de todas as escolas públicas estaduais.
“Nós não estamos brincando de fazer educação, por isso mesmo eles sabem (o governo federal) que a educação tem intencionalidade e nós temos que dar a intencionalidade necessária, seja ela na inclusão, na participação, na valorização da juventude”, defendeu o secretário Jeronimo.
Itamar , em sua fala de apresentação, lembrou a trajetória do livro até fazer o sucesso que fez. Lançado em 2019, em 2020 ganhou os prêmios Jabuti e Oceanos e, no ano passado, foi o livro mais vendido na Amazon Brasil.
“Esta história por mais que seja nossa, por mais que ela diga algo a nosso respeito, há coisas ali que são universais, que é o direito a terra, quem prescinde de um território? Esse direito ao território, a liberdade, a não ter seu trabalho explorado, de não ser objetificado. Estas questões me parecem universais e que dizem respeito a toda humanidade, mesmo assim esta é uma história nossa, da história do nosso país”, apresentou.
Francisca Silva, jovem quilombola da comunidade de Tigre, no município de Caem, e da coordenação estadual do MPA na Bahia acredita que “os estudantes e demais leitores ficarão entusiasmos, assim como eu fiquei só de ler o início, no mais recomendo para quem nunca teve acesso ao livro garantir essa leitura, pois o cuidado como foi escrito, a proximidade com a realidade do campo é grandiosamente transformadora e as personagens Bibiana e Belonísia muito nos representa”.
Uma das falas mais significativas do evento de lançamento foi do presidente do conselho estadual da educação na Bahia, Paulo Gabriel Nacif “Talvez essa seja a ação mais profunda e intensa de implementação da lei 10639”, lei que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira.
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