3 de outubro de 2016
Neste domingo, (2) os colombianos e colombianas formam as urnas em Plebiscito para responder à consulta: “você apoia o acordo para o término do conflito e construção de uma paz estável e duradoura?”. A resposta foi “Não”, representando 50,24% dos eleitores, 49,75% para o “Sim”, e, houve 63% de abstenção. Mesmo que a presença nas urnas não tenha sido muito expressiva 37,28%, o resultado retrocede o Acordo de Paz na Colômbia, apesar do Governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) já terem assinado um Acordo de Paz comprometendo-se a pôr fim nos 52 anos de conflito armado.
Para que o acordo fosse confirmado era preciso que o “Sim” chegasse a 13% dos votos de todos os colombianos aptos ao voto, isso representa 4,5 milhões de votos e número maior do que o “Não”. O “Sim foi predominante no interior do país, onde se encontram os mais afetados pelo conflito e as populações mais pobres, e o “Não, predominou no centro do país.
O resultado foi recebido com tristeza, pois a pouca diferença mostra o quão a Colômbia está dividida, de um lado estão os que lucram com a destruição do país e a morte, e de outro, os que querem a paz, querem seguir vivendo. Pois o conflito armado apresenta um saldo de mais de 260 mil mortos e quase 7 milhões de desalojados, pessoas, gentes, colombianos e colombianas que não conseguem vivem em paz em seu próprio território.
Com a decisão, os acordos negociados entre a FARC-EP e o governo do presidente Juan Manuel Santos não poderá implementar nenhuma medida do acordo firmado, assim como, todos os processos jurídicos anteriores à assinatura do acordo e o Ato de Legislativo para a Paz fica sem efeito.
Caminho da Paz
Em Comunicado à Opinião Pública o Congresso dos Povos, Articulação Colombiana que congrega diversas organizações sociais do campo e cidade, afirma que, “Depois do NÃO no Plebiscito, seguiremos construindo a Paz com Justiça Social”, demonstrando que a busca pela paz não irá cessar na Colômbia. Um SIM para a Paz que não veja sozinha, mas acompanhada de Justiça Social, de Vida Digna, de Igualdade, com protagonismo e participação decisiva na construção do país.
Os camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), soma-se em solidariedade e luta pela Paz na Colômbia. Para o Movimento é preciso construir a Paz no país irmão, porém compreende-se que ela precisa vir aguerrida de melhores condições de vida, de autonomia política, econômica e social, precisa ser construída juntamente com os povos da Colômbia. Os camponeses e camponesas do MPA fazem da luta pela Paz na Colômbia, também sua luta.
Leia o Comunicado do Congresso dos Povos na integra:
Comunicado à Opinião Pública
Depois do NÃO no Plebiscito, seguiremos construindo a Paz com Justiça Social
Hoje 2 de outubro, a tarde nos surpreendeu com a não referendação dos acordos entre a insurgência da FARC-EP e o Governo Nacional, depois de uma campanha pelo Sim, adiantada pelo grosso do movimento social colombiano nacional e internacional.
Uma situação que não se esperava em movimento popular, porém revelou que a ultradireita não está disposta a ceder em nada, não está disposta a deixar as armas que tem lhe permitido manter no poder. Este contexto se converte em um novo desafio político e organizativo para o movimento social, que deve manter a claridade da continuidade da saída negociada ao conflito a partir dos acordos com as FARC-EP e o desenvolvimento da fase pública de negociação com a insurgência do ELN. Assim como, a continuidade das lutas, pois historicamente tem se mobilizado, organizado e construído propostas políticas para o país.
Hoje, com a dignidade intacta, porque não sentimos este momento como uma derrota, mas como a comprovação da existência da luta de classes, afirmamos esses pontos que nós parecem imperativos de seguir andando e construindo: 1) Trabalhar para uma saída negociada para o conflito político, social e armado. 2) É preciso exigir uma ampla Participação decisória e vinculante da sociedade na construção da paz. 3) Temos que avançar na construção de uma agenda popular e democrática. 4) Temos que exigir e lutar pela negociação do modelo econômico, político e doutrina militar, 5) Como Congresso dos Povos debatemos seguir no caminho da construção de um movimento político.
Nossa proposta de Mesa Social para a Paz e Grande Diálogo Nacional seguirá avançando, como contribuições concretas na busca de uma participação ativa da sociedade na construção da paz. Sabendo que só através de mobilização e organização popular, podemos avançar na construção de uma agenda social para uma paz transformadora.
Reconhecemos que o triunfo do Não, no Plebiscito, é parte da ofensiva imperialista sobre nossos povos, como pode ser visto, neste mesmo dia nas eleições municipais no Brasil, um ataque da mídia, política e econômica contra a República Bolivariana da Venezuela, o recrudescimento neoliberal na Argentina, a violência sistemática contra movimentos na Meso América, entre muitas outras situações que hoje caracterizam o momento como uma retomada de posições do imperialismo na Nossa América. Um desenfreado avanço pela usurpação dos bens comuns, e a imposição da morte como mecanismo de coerção das maiorias populares. Diante desta longa noite, temos muito a que reivindicar.
Mas também, temos de comemorar a grande quantidade de colombianos que, diante da ofensiva comunicacional e do terror na Colômbia, nos atrevemos a dizer Sim para Paz, um Sim que também não se conforma com uma assinatura, mas assume ir para mais: para a justiça social, para a vida com dignidade, a igualdade, por uma participação protagonista e decisiva na construção do país.
Queremos reconhecer profundamente o papel de expulsão dos colombianos e colombianas que por causa do conflito integral em nossa Pátria, tem sido obrigado a migrar, e a partir de cada rincão desta terra, tem se convertido em atores e atoras protagonistas da construção da paz na Colômbia e em cada um dos territórios onde vivemos. Este, e em cada um dos Congressistas Populares em diferentes partes do mundo, tem-se convertido em importantes referências na construção do Poder Popular.
Reconhecemos também a solidariedade, a participação ativa dos vários movimentos do mundo que fazem da luta pela paz na Colômbia sua própria luta e sua própria construção. Nós como parte do movimento popular do Mundo e Nossa América, entendemos que a Paz deve ser uma grande construção da nação ou nunca poderá ser verdadeira, por isso com força hoje decidimos que a nossa luta continua.
Seguimos e seguiremos forjando a Paz a partir da luta popular, pela transformação da sociedade. Sempre em frente!
Comissão Internacional
Congresso dos Povos
Por Comunicação MPA
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