28 de janeiro de 2023
Mateus Quevedo
MPA Brasil | Salvador (BA)
Anahí Lazo havia acabado de chegar em Lima, no Peru, quando nos atendeu. Havia viajado para Buenos Aires, na Argentina, onde acontecia a 7ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Anahí é socióloga e professora, foi Ministra da Mulheres e das Populações Vulneráveis do Peru, entre julho de 2021 e fevereiro de 2022, e nos denuncia, de forma sucinta, a situação de Estado de Exceção em que o Peru se encontra depois da prisão de Pedro Castillo, então presidente do país, em dezembro do ano passado.
Anahí começou citando a crise política de 2009, organizando suas ideias a partir da ideia de que o conflito instaurado ali foi mal resolvido. Para quem não sabe, em 2009, o governo peruano, liderado pelo presidente Alan García, aprovou regulamentos que permitiam às empresas o acesso à Amazônia peruana, o que gerou uma série de protestos, instabilidade política e a renúncia do primeiro-ministro, Yehude Simon.
Esse conflito mal resolvido fez surgir uma crise política permanente acontecer no Peru de 2016 para cá. Desde as eleições de lá, o país já teve 6 pessoas na presidência, praticamente uma mudança a cada ano, sendo que somente dois deles foram escolhidos por meio de eleições diretas. Anahí apontou as diversas reformas feitas no Parlamento e o que fazem o Peru entrar cada vez mais a fundo em um regime parlamentarista.
Desde que Pedro Castillo foi eleito presidente, em 2019, a direita reacionária do país tem realizado um boicote permanente para que não haja governabilidade. Na mesma sistemática bolsonarista, o processo eleitoral tem sido colocado como fraudulento e, desde que assumiu, houve, pelo menos, uma moção de vacância a cada três meses. Até que em 7 de dezembro do ano passado, Pedro Castillo foi deposto e preso.
Desde então, protestos em diversos lugares do país eclodiram. Pedro está com seus direitos políticos caçados e há uma forte repressão aos protestos populares. Quem assumiu a presidência foi Dina Boluarte. Até o momento 46 civis foram mortos, resultado da força policial e militar. A esse número somam 9 pessoas vítimas no contexto dos bloqueios e um policial morto, resultando em um total de 56 mortos, sendo que 9 foram menores de idade.
“O peso do Brasil é importante para colocar luz ao que está acontecendo no Peru e para que haja uma saída democrática”, apontou Anahí. Segundo a ex-ministra, a direita quer novas eleições somente para outubro de 2023 ou abril de 2024, o que prolongaria o estado de sítio no país. “O que queremos, e esta tem sido a bandeira da unidade com os movimentos populares, indígenas, campesinos e, inclusive, com parcela da classe média é que Dina Boluarte renuncie para que novas eleições sejam convocadas em menos de 6 meses”. Segundo Anahí, o congresso também não apoia o a renúncia por que é necessário fazer novas eleições para o parlamento também.
Quando perguntada sobre quais regiões estão mobilizadas em defesa da saída democrática, Anahí é contundente: “basicamente é a população indígena, que vem de uma estrutura popular, em regiões em que o voto muito crítico, antissistema, antineoliberal, e votaram no Castillo por saber que por ser campesino tem uma agenda de defesa dos bens naturais e proteção nacional, mas também temos muitos cocaleiros, mototaxistas, profissionais informais, estudantes”.
“A direita tem se apropriado do discurso de quem está por trás dos protestos são grupos terroristas, narcotraficantes, citam até o nome de Evo Morales, mas na verdade é que são gente descontente e utilizam este discurso para violar direitos humanos, estamos em um estado de exceção”, apresentou Anahí. A socióloga também demandou chamadas de solidariedade ao povo peruano e respeito aos direitos humanos, aos povos indígenas do Peru e à democracia.
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