16 de junho de 2021
Comunicação MPA Sergipe
Das regiões brasileiras, o Nordeste é considerado a região com maior rebanho de ovinos e caprinos. A produção destes pequenos ruminantes é uma atividade de grande importância cultural, social e econômica para a região, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento do semiárido nordestino. No Alto Sertão Sergipano, por exemplo, durante muitos anos os animais de pequeno porte eram criados por famílias camponesas por serem de fácil comercialização, por demandarem pouco recurso para manter a criação e por apresentarem boa adaptação na região, especialmente no verão.
Durante a pandemia o número de criadores aumentou consideravelmente, como é o caso de jovens camponeses da comunidade quilombola de Mucambo no município de Porto da Folha. Em busca de novas alternativas de manejo ampliam o olhar para a sustentabilidade no ‘criar’ e ‘administrar’ e incorporam em suas práticas camponesas a abordagem agroecológica.
No manejo alimentar dos animais, por exemplo, os jovens têm apostado na produção e utilização da Glirícidia, uma forrageira que é adaptada às condições de estiagem e, além disso, possui um grande teor de proteína, evitando assim, o gasto com insumos externos.
O aumento do número de jovens camponeses na criação de ovinos durante a pandemia se deu primordialmente pelo incentivo do auxílio emergencial de 2020 que, embora seja considerado pouco para o consumo, foi a saída que a juventude encontrou para investir e garantir a renda durante mais tempo para suas famílias nesses períodos em que o Brasil passa por crises sanitária, social, econômica e ambiental. A proporção do auxílio emergencial é ainda mais discrepante quando comparado aos créditos que são ofertados a projetos para a criação de animais de grande porte.
Dessa forma, os jovens perceberam que investir parte do recurso na criação de ovinos seria viável. Entre outros motivos, o pouco gasto na manutenção do rebanho, o aumento na demanda pelos derivados da produção e também pelo retorno rápido de recursos, são os que mais aparecem nas motivações dos jovens.
Essa experiência é a demonstração concreta do quanto é necessário e importante políticas públicas, tais como o acesso a crédito, voltados para a juventude camponesa, principalmente em momentos em que a fome e as desigualdades se agravam ainda mais. Dessa forma, o auxílio emergencial por meio do PL 823, ou Lei Assis Carvalho II – aprovada na Câmara dos Deputados no dia 8 deste mês – representa uma oportunidade para jovens das comunidades rurais continuarem produzindo, trabalhando e garantindo a permanência no campo.
No entanto, a cadeia da bovinocultura nos moldes do agronegócio representa uma série de desafios para os camponeses. Os conglomerados monopolizam o mercado de leite e derivados, controlam o preço e inviabilizam as fabriquetas da região, o que fragiliza a autonomia dos criadores.
Mesmo com a criação dos pequenos agricultores pela subsistência, os camponeses do Nordeste brasileiro ainda enfrentam enormes desafios. Os principais deles estão relacionados com a falta de estrutura e recursos financeiros para o estabelecimento e manutenção do rebanho.
Ao decorrer dos anos esse número foi decaindo fruto de políticas agrícola de estado e o acirramento do avanço do agronegócio, que passou a estabelecer critérios de produção e apoio financeiro visando o fortalecimento da cadeia da bovinocultura de corte e leiteira na região. Atualmente, o sertão é um dos maiores produtores de leite do estado, o que reflete no reconhecimento de Nossa Senhora da Glória, cidade sede de duas empresas de laticínios como a bacia leiteira da região.
Observando esses fatores limitantes e compreendendo a potencialidade da criação de pequenos ruminantes no semiárido, mesmo sem políticas de incentivo para a criação, alguns camponeses permanecem com a cultura de criar ovinos, a exemplo a comunidade Mocambo no município de Porta da Folha e seus jovens.
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