28 de março de 2018
“A água é nossa, a água é do povo, e é do povo, é do povo, é do povo”. Foi cantando assim que a juventude da Via Campesina encerrou a mística de encerramento do penúltimo dia do Fórum Alternativo Mundial da Água. O evento ocorreu no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, durante os dias 19 a 22 de março. Entre os dias 17 e 18 o FAMA aconteceu no Centro Comunitário da Universidade de Brasília. Foram mais de 7000 participantes, de mais de 37 organizações vindas de 35 países.
Desde o dia 1 de março nossa Caravana Nacional de Luta Camponesa Clodomir Santos de Morais esteve empenhada na construção do grupo de teatro político do FAMA. O grupo, além da juventude do MPA, também foi construído com outros movimentos da Via, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores por soberania popular na Mineração (MAM), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e ainda o Levante Popular da Juventude.
O grupo que antecedeu os trabalhos de divulgação do FAMA contou com mais de 40 integrantes, vindos de 16 estados brasileiros diferentes. “Todo o processo foi pedagógico, e acumulamos bastante, essa ferramenta é uma das melhores formas de dialogar com o povo dentro dessa atual conjuntura de golpe, inversão de valores, que nós lutadores e lutadoras do povo estamos passando, a arte revolucionária liberta a mente da nossa gente, do controle e alienação burguesa”, quem fala é um dos integrantes do grupo, o jovem paraense Lailson Ferreira, 26 anos, do MAM.
O anuncio duas Brasílias no Cerrado
Antes de estender o convite a trabalhadores e trabalhadores do Distrito Federal para participarem do FAMA, o grupo passou por um processo de formação politica. Conhecer o território de formação social e política da capital brasileira, o responsável por facilitar o espaço foi Fabio Tinga do Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD). A questão hídrica foi o eixo central da conversa, uma vez que, desde janeiro do ano passado as áreas que são abastecidas pela bacia do Descoberto sofrem com o racionamento de agua pelo menos dois dias da semana.
As cidades satélites de Candangolândia, Taguatinga, Vicente Pires, águas Claras, Samambaia, Riacho Fundo, Recanto das Emas, Gama, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Park Way e Guará são as principais áreas afetadas, e onde a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras que fazem Brasília funcionar moram. “O morador do Lago Sul usa 6 vezes mais água que a Ceilândia, percebe-se que o uso de água pela burguesia é superior devido ao seu estilo de vida e ao acesso facilitado a água.” Apontou Fábio.
“Havia muitos povos indígenas nessa área central, o Cerrado era muito rico, existia gente, existia povo, existia uma vegetação. Todo histórico de degradação ambiental que a gente teve nesse processo culminou nessa crise hídrica que Brasília enfrenta”, continuou Fábio. Ele ainda aponta a falta de investimentos, o sucateamento e ineficiência dos órgãos públicos, o histórico de politica habitacional e politica agrários, com uso de venenos, adicionados de muita desigualdade social e falta de conscientização.
Outro espaço de formação foi com Rafael Villas Boas, integrante do grupo de teatro político Terra em Cena, sobre o papel do teatro politico para transformação social. Ele observou a diversidade de pessoas e movimentos sociais unidos em uma só causa e aconselhou: “É muito importante que este grupo se especialize em fazer este contato com a população.” A Cia Burlesca, grupo de teatro brasiliense, também provocou o grupo há transmitir à mensagem de desigualdade na distribuição e utilização de agua por meio das técnicas do teatro popular e de rua.
Bruno Pilon, do Movimento dos Pequenos Agricultores, também contribuiu no processo de formação da turma trazendo um panorama geral da conjuntura do país desde o golpe de Estado que retirou a presidenta Dilma do poder. “O golpe é uma tacada do capital financeiro, com a crise do sistema capitalista produtivo mundial, a abertura financeira e dos bens da natureza no Brasil e na América Latina representam o processo mais lucrativo do mundo na atualidade”, iniciou sua fala, não deixando dúvidas sobre que forças que influenciam a história recente do Brasil e também do continente latino.
Um luta internacional
Chegado os dias oficiais do FAMA, os jovens adotaram o nome da companheira hondurenha Berta Cárceres para a identidade do grupo. Anne Tavares, 21 anos, integrante do grupo pelo Levante Popular da Juventude avisa o que motivou o grupo escolher o nome de Berta, “o nome surgiu a partir de nossa identificação do momento em que estávamos, mulher, líder indígena, que tinha como pauta de luta a agua e também porque Honduras atravessa um momento parecido com o Brasil, onde o próprio governo golpista entrega os recursos naturais, patrimônio dos povos, para o capital estrangeiro.
Berta Cáceres foi assassinada em 2 de março de 2016 porque lutou bravamente contra a instalação de uma barragem hidrelétrica da empresa Água Zarca no rio Guarcarque. O território cobiçado pela empresa pertencia ao povo indígena Lenca. Ela pertencia a coordenação do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH). Dois anos depois do crime, o povo hondurenho continua a gritar justiça.
Por Comunicação da Caravana Nacional Clodomir Santos de Morais- MPA
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