17 de novembro de 2017
É preciso construir um projeto de país que resolva os problemas do povo brasileiro. Essa foi a síntese do debate sobre os desafios da esquerda durante a V Assembleia Nacional da Consulta Popular, que acontece desde segunda (13), em Fortaleza, no Ceará. Falar em um projeto para o Brasil, como explica João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), indica a necessidade de provocar transformações estruturais, que ao longo da história não foram realizadas.
A construção de um projeto de país exige elaboração, que deve, na opinião do dirigente do MST, ser uma tarefa prioritária dos movimentos populares e dos partidos de esquerda. “Nossa iniciativa de curto prazo é o Plano Popular de Emergência, realizado pela Frente Brasil Popular. Esse plano é um consenso e deve ser entendido como um instrumento pedagógico, que sirva para educar o povo e construir uma saída para crise. Só vai existir um projeto para o Brasil se conseguirmos fazer o debate com a sociedade”, defende Stédile.
Outra iniciativa que está em curso é o Projeto Brasil Popular, que converge diversos intelectuais, lideranças de movimentos, profissionais que são referência em sua área de atuação, além de quase dez instituições e fundações, como o Centro de Educação Popular do Sedes Sapientiae (CEPIS). Desde fevereiro de 2016, esse coletivo promove reflexões acerca de 30 áreas temáticas, como economia, questão urbana, participação popular, educação, agricultura e saúde.
Em tempos de golpismo, é uma questão de sobrevivência da esquerda a construção de uma unidade capaz de enfrentar a onda de retrocessos, como ressalta o militante da Consulta Popular Leidiano Farias. “A construção da unidade entre as forças democráticas e populares, que na aposta da Consulta se concentra na Frente Brasil Popular, foi constituída no processo de resistência ao golpe”, pontua.
A Frente Brasil Popular articula centrais sindicais, movimentos populares e diversas organizações e, conforme afirma Leidiano, cumpriu um papel fundamental na resistência ao golpe e tem protagonizado importantes manifestações em todo o país.
Roberto Amaral, que é um dos dirigentes da Frente, ao apontar desafios de consolidação e enraizamento da organização, afirma que além de crescer, a Frente deve se dedicar à construção de um projeto para o Brasil. “Na Frente cabem todos que estão dispostos a lutar contra esse governo. Se não tivermos força para implantar o nosso projeto, seremos impedidos de governar, mesmo que ganhemos as eleições de 2018”, coloca.
O debate levantou a necessidade de ser forjado um novo ciclo de luta da esquerda brasileira, que combine as experiências anteriores com novas formas organizativas e de participação, agregando pessoas que não possuem militância em ferramentas já existentes, para que também possam se somar na Frente Brasil Popular.
“O novo ciclo ou é frentista, ou não será. É preciso combinar a luta de ideias, de massas e institucional, como forma de reacumulação de forças”, defende Walter Sorrentino, da direção do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Como caminho, o fortalecimento dos movimentos e das lutas sociais aparece como central para o próximo período. “É necessário construir uma linha para as ações de massas, retomar o trabalho de base. Nossa estratégia perpassa o trabalho com o povo, pois quem fará a revolução é o povo”, aponta Rafaela Alves, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Rafaela acrescenta que é uma tarefa fundamental, de toda a esquerda, defender a candidatura de Lula às eleições de 2018 e garantir sua vitória, combinada com organização popular. Para Stédile, as eleições de 2018 não serão comuns, mas “luta de classes”, pois esse processo representa o primeiro passo que possibilita o Brasil sair da crise.
Uma das medidas que devem ser tomadas, para que Lula, em caso de vitória em 2018, possa governar, é a convocação de uma Assembleia Constituinte que potencialize as ferramentas de participação social e radicalize a democracia no Brasil. “Em nosso último congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), colocamos a Constituinte, livre e soberana como a principal bandeira do nosso programa. Não se governa com as medidas que o governo Temer aprovou”, sinaliza Rui Falcão, ex-presidente do PT.
Ricardo Gebrim, da Consulta Popular, acrescenta que o golpe em curso no Brasil aconteceu devido aos acertos dos governos do PT, como a distribuição de renda e aumento do acesso à educação e ao mercado de trabalho, mas os erros cometidos também foram aproveitados para desestabilizar, fragilizar e perseguir o PT e a esquerda em geral. Entre os erros, ele cita a falta de organização e conscientização do povo e a ausência de ações de enfrentamento ao neoliberalismo.
“A esquerda vai se reorganizar, mas se iludem aqueles que acham a saída é apenas organizativa. O central é a estratégia, que necessariamente deve passar pela disputa do poder”, sublinha.
A programação da V Assembleia da Consulta Popular segue até sexta (17). Entre os 800 delegados, de todas as regiões do Brasil, o evento conta com convidados e representantes de diversas organizações populares, sindicais e partidárias.
Por Comunicação 5ª Assembleia
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