Quando falamos em sementes crioulas, falamos também de raças e mudas, estamos falando da imensa diversidade genética que as famílias camponesas mantiveram ao longo da história.

As variedades crioulas foram muito combatidas pela revolução verde  – e em muitas regiões deixaram de existir -, contaminadas por transgênicos e híbridos  ou ainda acabaram perdendo seu vigor.

Assim desde o inicio da atuação do Movimento dos Pequenos Agricultores, o resgate e a multiplicação das variedades crioulas é uma prioridade, entendendo que o controle popular sob as sementes crioulas é uma das bases da autonomia camponesa e popular.

Experiências produtivas de sementes crioulas

No intuito de potencializar a produção de sementes crioulas em escala territorial o MPA desenvolveu e implantou  as Unidades de beneficiamento de Sementes Crioulas (UBS’s) atualmente em funcionamento nos estados do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Desde a implantação das  UBS  Mais de 200 mil famílias receberam sementes produzidas por famílias do Movimento nessas unidades.

Campos de sementes crioulas

O Movimento vem desenvolvendo áreas para cultivo exclusivo de várias crioulas para a produção de sementes, os campos de sementes produzem sementes para distribuição  local e regional, geralmente desenvolvidos em sistemas coletivos, vem contribuindo para que as famílias camponesas retomem o acesso e o controle sobre variedades de sementes básicas com milho, arroz e feijão.

Destacamos as experiências dos campos de sementes baianos, que são compostos por 16 unidades  num total de 32 hectares, além da experiência da Unidade de Produção Camponesa- UPC do estado de Sergipe, coordenado majoritariamente por jovens camponeses.

Os Guardiões de sementes e a Campanha Adote uma semente

O conceito de guardiões e guardiãs de sementes é amplamente difundido nos movimentos camponeses, a atuação dos guardiões é parte ativa do Movimento desde sua gênese na década de 90, centenas de famílias preocupadas com o mantenimento de variedades crioulas prestes a desaparecerem iniciaram um árduo trabalho de coleta, seleção, plantio e armazenagem das sementes raças e mudas, as colocando novamente disponíveis para as comunidades. 

Existem guardiões e guardiãs de sementes em todos os estados onde o MPA se organiza, em muitos as famílias guardiãs organizam casas de sementes, destacamos experiências de casas de sementes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe, que vem organizando um vasto acervo genético sob controle das comunidades camponesas.

As sementes Crioulas também é um elo do campesinato internacional, identificando isso a Via Campesina internacional em 2001  lançou uma campanha  global chamada” Sementes, Patrimônio dos povos a serviço da humanidade!” organizando e motivando as organizações camponesas em defender seu patrimônio genético ante o avanço das transnacionais.

Para fortalecer essa  ação  internacional em nossas bases, o MPA lançou a Campanha “ Cada Família Adote uma semente”,  A estratégia é que cada família camponesa assuma o compromisso de adotar uma nova variedade de semente de qualquer cultura ou animal, aquela que desperte maior interesse para cada família, por sua identidade, seu território, como parte da afirmação do modo de vida Camponês.  A família deve se tornar uma guardiã dessa semente, garantindo sua propagação, depois de adotar a família deve-se organizar a reprodução  e a distribuição dessa semente vegetal/animal, a ideia é criar uma grande rede de sementes crioulas, recuperar as que estão escassas e ampliar a produção.