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Comunicação MPA25 de outubro de 2016
Por Damião Rodrigues*
Vivemos um cenário onde vemos nossos patrimônios naturais a cada dia serem entregues aos investidores do grande capital financeiro, vemos a água e as terras cultiváveis do nosso país nas mãos dos grandes latifundiários onde coma exclusiva intenção de produzir grãos para exportações, nesse processo lançam o uso de um pacote que poderia ser chamado de pacote do mal, em seu conteúdo uma série de práticas que vem aumentando ainda mais as ameaças ao campesinato brasileiro, não só pela a expulsão dos mesmos de suas terras mais principalmente pelo monopólio das sementes, fazendo assim milhares de trabalhadores e trabalhadoras ficarem reféns desse modelo devastador que produz grãos e não alimentos, ameaçando assim a Soberania Alimentar de milhares de pessoas que podem a passar cada vez mais fome por conta desse modelo de agricultura.
Quando falamos em Soberania Alimentar, campesinato e por ai vai normalmente relacionamos aquele camponês ou aquela camponesa que trabalha com a terra, aquele que utiliza de práticas milenares para produzir alimentos para tanta gente não é isso? Pois bem é de grande importância ressaltar que existem tantos outros povos que não estão tão distantes de todo esse contexto relacionado ao campesinato e Soberania Alimentar, um deles são os ribeirinhos, aqueles e aquelas que utilizam a pesca como sua principal fonte de sobrevivência, e assim a exemplo dos camponeses e camponesas que trabalham com a terra e as sementes esses também vem enfrentando inúmeras dificuldades para sobreviver, o grande capital tem ameaçado constantemente o território pesqueiro, as invasões de grandes investidores nos territórios ribeirinhos vem sendo uma das principais causas de conflitos nessas áreas, contribuindo ainda mais para um futuro incerto e ameaçando a soberania desse povo.
A necessidade para que seja modificado nosso modelo de produção é urgentíssima, pois a cada dia que ficamos longe de conquistarmos nossa Soberania Alimentar. Iremos nos deparar com o agravamento na Crise Alimentar que já é uma realidade no mundo, enquanto isso o que observamos são projetos que são introduzidos que não vão de encontro com a necessidade do nosso povo, nos últimos anos é crescente o número de ameaças que atingem os ribeirinhos, pois além dos problemas ambientais que acontecem no Rio São Francisco.
Outros fatores tem contribuído pela expulsão dos pescadores e pescadores de suas margens afetando diretamente a sua necessidade de sobrevivência nas suas comunidades tradicionais e de forma mais prática, esse mal tira de suas redes alimentos para seu próprio consumo. Da mesma forma que vemos pequenos agricultores ficando refém das sementes do mal, já é possível encontrar pescador indo no supermercado comprar sardinhas.
Temos pela frente um futuro de muitas incertezas onde afetam diretamente sua sobrevivência, as constantes e aceleradas modificações no cenário ambiental, social, cultural e econômico tem gerado graves impactos, ficando cada vez mais distante do tão sonhado projeto de revitalização do São Francisco e de alternativas de sobrevivência do seu povo, principalmente depois das transformações que ocorreram após a construção da usina hidrelétrica de Xingó que ocasionou a extinção de inúmeras lagoas de arroz que por muitos anos foi uma grandiosa fonte de sobrevivência dos ribeirinhos, se já é difícil conviver com toda essa realidade imagina saber que tantos outros desafios ainda estão por vim, principalmente com a constante ameaça de ter em sua vizinhança usinas nucleares, barragens, mineração e a presença cada vez mais marcante dos investidores do ramo imobiliário que vem privatizando as margens do rio reduzindo assim o território pesqueiro. É importante lembrar que quanto menos pessoas produzindo no campo mais alimento faltará no prato.
* Damião Rodrigues é camponês e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA no estado do Sergipe.
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