AUTOR(A)
Daniela BentoAUTOR(A)
Daniela Bento4 de dezembro de 2019
Por Daniela Bento*
EU SÓ PEÇO A DEUS, quando o compositor argentino León Gieco fez e gravou esta canção, ao final de 1978, seu país vivia uma guerra criminosa imposta pelo ditador Videla. A época dessa gravação eu somava meus 08 anos e alimentava em mim a vontade ser freira. Dessa guerra nada sabia, nada sentia.
Porem quando Beth Carvalho a regrava em 1986 em parceria com a gigante Mercedes de Sosa, eu já somava aí meus quase 16, e militava no movimento estudantil, e já compreendia a letra e a necessidade diária de lutar pela democracia, posto que o Brasil, embora rumasse para a redemocratização do país, ainda éramos uma ditadura, e essa música em mim calava fundo.
Foi nessa época também que descobri os porões da ditadura, através do Livro Brasil Nunca Mais Um Relato para a História.
É dessa minha juventude, forjada nas lutas estudantis, na palavra revolucionaria de Jesus Cristo, PJMP, CEBs, Gritos dos Excluídos… que me concretiza as certezas e consciência da mulher que me tornei.
Hoje, lendo as notícias sobre Paraisópolis e a postura do Estado Brasileiro, vejo que estamos de cabeça mergulhada num tipo de ditadura ainda mais perversa que a da chamada anos de chumbo. Não há mais um porão secreto para o extermínio é a luz do dia, a olhos vistos, plenos que a polícia mata autorizado pelo chefe geral do País.
Vivemos um tipo de A-I5 velado, pois o Congresso Nacional assiste a tudo sem fazer de fato nada que posso coibir essa barbárie desenfreada.
Vale relembrar que nesse último dia 21 de novembro, o presidente Bolsonaro, enviou para o Congresso, um projeto de lei que amplia a excludente de ilicitude, que tem como objetivo, isentar militares das Forças Armadas de eventuais punições. Ou seja, de acordo com a proposta, a ampliação é aplicável “aos militares em operação de Garantia da Lei e da Ordem e aos integrantes dos órgãos a que se refere o caput do artigo 144 da Constituição e da Força Nacional de Segurança Pública, quando em apoio a operações de Garantia da Lei e da Ordem”.
Em qualquer contexto essa lei já seria questionável, ainda mais quando olhamos quem é que o estado vem matando desde sempre, negros, negras, favelados, periféricos, pobres, LGBTTIs, mulheres…, contudo, em cenário em que ampliam as percas dos direitos sociais, individuais e coletivos, é inevitável que o povo uma hora não aguente a pressão e vá em massa as ruas, e nesse sentido, o estado militarizado terá legalidade para matar, sobre a prerrogativa da Garantia da Ordem.
E eu aqui, nessa minha angustia e oração musical:
“Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria”
Não recuemos, é preciso reacender diariamente a chama da utopia e da esperanças que se forjam na luta de homens e mulheres que não se curvam ao medo.
*historiadora, educadora popular e cordelista
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