25 de agosto de 2022

Para as camponesas é a luta coletiva por melhores condições de viver na terra, por soberania alimentar e em defesa dos territórios do avanço do agronegócio e do capital, que as permite a superação da invisibilidade social, política e econômica histórica imposta pelo patriarcado.

É neste sentido que o Coletivo Nacional de Gênero do MPA vem pautando o Feminismo Camponês e Popular para construção do Plano Camponês por Soberania Alimentar e Poder Popular: mais da metade da população do campo é feminina e como afirma nosso camarada Lenin, não se faz luta de massas sem as mulheres.

Por isso munidas dessas afirmações as Camponesas do Coletivo Estadual de Gênero de Rondônia construíram o Encontro Regional de Mulheres Camponesas – Norte, nos dias 11 e 12 de Agosto, no município de Jaru, região centro do estado, que tem uma forte presença do campesinato mas sofre especialmente com o incursão dos sojeiros que vem avançando vertiginosamente sobre os territórios mais recentemente, com cresciment

o de 230% nos últimos 10 anos segundo o próprio presidente da Aprosoja Rondônia.

O espaço reuniu 32 mulheres, 2 homens, 2 adolescentes e 8 crianças em torno do debate que partiu da conj

untura, seguido pelos temas da construção da estratégia da organização, poder popular e controle de território. Houve também um momento de muita mística, com trocas de mudas e sementes crioulas, trazidas pelas Camponesas, no sentido de multiplicar e fortalecer a autonomia na produção, projetando também a 7a Festa Camponesa que deve acontecer no próximo ano no município.

Para tanto, entendendo seu papel crucial na economia e na luta, o MPA afirma a partir do Plano Camponês que desenvolver formas de trabalho, produção e cooperação, de controle e de acesso aos recursos naturais essenciais, com a participação coletivas das mulheres e jovens, é primordial. Por isso o Coletivo de Gênero do MPA vem pautando, aprofundando e elaborando o Feminismo Camponês e Popular. Um feminismo que intersecciona a luta contra as opressões de gênero sobre corpos femininos e LGBTI’s com a luta de classes, contra o capital e o agronegócio, em defesa de nossos territórios, por acesso a terra, por soberania alimentar e energética, por condições dignas de trabalho, em defesa da nossa biodiversidade e da vida no planeta.

Pois reiteramos que somente assim uma nova geração camponesa se projetará no vínculo orgânico entre a luta de superação do capital e do patriarcado, bem como no reconhecimento das camponesas e camponeses como grandes produtores de alimentos para toda a humanidade.

Jeiéli Laís é integrante do Coletivo Nacional de Gênero do MPA e camponesa de Rondônia.