AUTOR(A)
Leila SantanaAUTOR(A)
Leila Santana9 de janeiro de 2020
Por Leila Santana*
“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou
religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”
(Simone de Beauvoir)
O ano de 2019 nos apresentou grandes desafios e, dentre eles, evidencia-se o necessário reposicionamento de um projeto popular para o país articulado junto à classe trabalhadora e, neste projeto, recolocar a força, a participação ativa e livre das mulheres, especialmente, as mulheres camponesas que são guardiãs do saberes ancestrais da terra, da natureza, da agrobiodiversidade e são as que produzem boa parte do alimento deste país.
Neste ano de perdas, retrocessos e ataques à classe trabalhadora, as camponesas têm se somado nos Estados, em todos os processos de luta e resistências populares, mas, mesmo assim, seguem sendo marginalizadas e violentadas pelo Estado, onde sua presença e luta nos territórios tem representado – aos olhos do “neofascismo” federal – como movimentações que promovem rebeldia e balbúrdia, seja a partir do chão da roça ao chão da escola do campo.
Neste caminhar, tivemos um ano intenso de reações populares de um lado, mas também uma avalanche de feminicídios pelo país por outro, todos eles alimentados pelo discurso do ódio, violência e ações de intolerância diversas. É na carne das mulheres que o patriarcado despeja seu ódio e cria canais de permissão para massificação deste ódio dentro da sociedade. Mas, mesmo tendo clareza de quem conduz este processo e mesmo com grande rejeição popular que possui, o atual Governo Federal segue a todo vapor protagonista de proposições de caráter patriarcal, intolerante, fundamentalista, entreguista, antidemocrático e racista dentro do país. Tudo isto atacando os/as mais pobres e, neste lugar, atacando às mulheres!
Somado a este cenário, institucionalmente, várias ações que promoviam acesso às políticas públicas para melhoria da vida das mulheres e para sua segurança foram desmontadas como consequência do atual modelo e, a partir disto, os retrocessos e o ataque às mulheres foram se consolidando: desmantelamento da educação básica, creches e ensino superior (precarização do acesso à educação crítica contextualizada para as mulheres e seus/as filhos/as!); privatização interna do SUS (sendo que 70% das usuárias são mulheres); cortes de programas/ações de combate à pobreza (cortes e suspensões de Bolsa Família e etc, onde a titularidade são das mulheres!); sucateamento da Previdência social; decreto de uso de armas; desmonte das Casas da Mulher Brasileira, “bolsa estupro” proposta por Damares e tantas outras insanidades.
Para as Mulheres Camponesas do MPA Brasil, dentre tantas pautas táticas, defender a natureza e sua agrobiodiversidade, defender a Democracia e a vida de qualidade são estruturantes para o próximo período, tanto para o campo quanto para cidade, por isto afirmamos que o próximo período é momento de fortalecer as alianças e a construção de processos que amadureçam a construção de experiências de poder popular desde a base rumo à luta nacional necessários neste novo momento histórico e, nestes lugar, as mulheres camponesas são sujeitas da rebeldia e fundamentais para reorganização popular e efetivar um combate contra ideológico.
Por isto apontamos que as lutas unitárias devem ser nosso instrumento e precisarão nos direcionar a um olhar estratégico, formativo e disputa de classe provocado pelas mulheres, demarcando as lutas e seu caráter anti capitalista, anti racista, anti patriarcal e anti imperialista. Com isto, deveremos nos fortalecer e contribuir no enraizamento das nossas bandeiras de luta e a mensagem do nosso movimento.
Caminhando rumo às ruas e a um novo ano que se anuncia este é o momento de organizar as mulheres camponesas nos nossos municípios e resistir, radicalmente, por acreditar na luta contra todas as opressões carregadas pelo atual discurso fundamentalista que nos atinge enquanto mulheres, entendendo que este é a hora, como diz Angela Davis, de agir, esperançar e mobilizar nossas camaradas já que “não aceito mais as coisas que não posso mudar, estou mudando as coisas que não posso aceitar”.
Mulheres camponesas do MPA Brasil: lutando e resistindo rumo
ao poder popular!
*coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA
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