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Comunicação MPA3 de outubro de 2018
Poucas vezes em uma eleição invocou-se tanto o Nome de Deus para forçar ou pedir o voto dos fiéis.
Porque isto? Na consciência de quem crê, em pessoas que acreditam muito em seus guias religiosos, a força do argumento de que “esta é a vontade de Deus” tem uma capacidade de influência impressionante.
Um guia religioso tem o direito de fazer este tipo de apelo?
Em meu entendimento, não. Se acredito mesmo em Deus, nesta mesma crença está incluído que Deus ao nos criar, nos criou com consciência e liberdade.
E na tradição cristã, nos Evangelhos, Jesus proibiu jurar em Nome de Deus e sequer em nome do templo. Nesta tradição, também está nos mandamentos a proibição de tomar o Nome de Deus em vão.
Porém, as tradições religiosas têm um conjunto de princípios éticos, valores orientadores da vida pessoal e social. No caso dos que professam a fé cristã, em suas várias expressões, estes valores orientadores da vida pessoal e social estão nos Evangelhos e na vida de Jesus de Nazaré: amor ao próximo, fraternidade, partilha, perdão, paz, socorro aos doentes, justiça aos pobres, valorização dos pequenos, respeito às mulheres, poder como serviço e não como dominação, entre outros.
Estes princípios podem e devem, sim, orientar os que acreditam a definir seus engajamentos e posicionamentos políticos. Mas sem apelos e sem manipulações.
A veemência política é legítima, mas com argumentos políticos.
Fanatismo, nenhum faz bem. Porque cega as consciências, apaga a liberdade, suprime os argumentos. Fanatismo político, qualquer que seja, não é bom. Mas fanatismo religioso é pior, pois é dito e imposto em nome de um ser superior, ao qual devo obediência, é o pior fanatismo, pois dá a ele uma força que escapa às decisões humanas.
Numa sociedade plural, laica, mesmo que inspirada em valores de origem religiosa e mesmo que muitas pessoas na arena das disputas políticas façam opções e engajamentos baseados em valores provindos de sua fé, e constituindo maioria, entranham estes valores na legislação, na ação política e nas construções de políticas públicas, o que é legítimo, isto pode ser feito em NOME DE DEUS?
Quem pode se atribuir o monopólio da vontade de Deus na terra?
Há até um candidato a presidente que tem em sua propaganda eleitoral “DEUS ACIMA DE TODOS”.
A Igreja Católica se atribuiu durante largo período de anos na idade média, uma teocracia, governo de Deus, mediado pelo Papa. Foi o período chamado de cristandade. Longos debates teológicos e longas lutas internas, pressão de reformadores e dissidentes, junto com o crescimento de uma sociedade civil com pensamento autônomo em relação à autoridade da Igreja levaram-na a buscar outra forma de estar no mundo.
Hoje isto parece voltar com força, ainda entre alguns católicos saudosistas dos tempos medievais, mas muito forte em alguns chefes de algumas denominações religiosas. Alguns invocam Salomão, do Antigo Testamento. Aí até que tem fundamento, tanto para querer uma nova teocracia como para fundamentar uma certa teologia da prosperidade.
Outros o fazem em nome do Jesus. Aí é mais difícil, pois o Mestre foi claro “Os chefes das nações governam com tirania. ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM”. Nem a teologia da prosperidade prospera muito com Jesus: “Vai, vende o que tens e dá aos pobres, depois vêm e segue-me.”
Deus acima de todos também parece ser um equívoco para quem invoca a fé inspirado na pregação, na vida e na prática de Jesus de Nazaré. Pelo menos o Deus Pai anunciado por Jesus é um Deus que vem ao encontro de seu povo e em seu Filho se fez igual a nós, irmão, por amor, pela encarnação, para nos salvar. Não se coloca acima, mas junto. “Onde dois ou mais se reunirem em meu nome, eu estou no meio de vós”.
Quando faço opções políticas, não invoco o nome de Deus, não invoco o nome de Jesus. Invoco minha consciência, meus compromissos, minha capacidade de analisar a realidade que me cerca. E a história das pessoas e das propostas que se apresentam.
Invoco minha confiança no ser humano, no valor das pessoas, na dignidade das mulheres, na justiça social, nos direitos dos pobres, na democracia que deve ser cada vez mais participativa, na superação das desigualdades, nos direitos iguais de todos os seres humanos e que ninguém pode ser desprezado por ser mulher, por ser pobre, por ser negro, por ser índio, por morar na periferia, por ser camponês, por ter opção sexual diferente da minha. Invoco até os valores que creio ter aprendido no Evangelho de Jesus.
Por isto, neste momento dramático da história do Brasil voto e faço esforço para eleger Haddad e Manoela porque acredito que é a melhor opção para o bem e o futuro do povo brasileiro.
Por Frei Sérgio Antônio Görgen ofm –
Frei Franciscano, dirigente do MPA e autor do livro “Trincheiras da Resistência Camponesa”
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