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Comunicação MPA4 de setembro de 2017
O Governo Sartori está impondo uma nova legislação para a indústria da carne no Rio Grande do Sul. Vai exigir que cada pequeno açougue tenha sala de desossa, câmara fria e que a carne seja embalada em sacos plásticos. Será proibida a “venda fatiada”. Terá que ser embalada antes de ir para o balcão.
Os pequenos açougues e pequenos comerciantes garantem que não terão recursos para fazer tais investimentos e que eles não são necessários para produzir carne de qualidade.
Ademais, o costume de adquirir carne fresca e escolher o pedaço da carne que mais lhe agrada, bem como moer a carne na hora de comprar, já faz parte da cultura do povo do Rio Grande. As novas exigências quebram tradições gaúchas na escolha da carne para churrasco e outros cortes.
As argumentações do Governo são de que se trata de proteger a saúde da população e de combater o roubo de gado, o abigeato, de forma mais eficaz.
Em nossa opinião, esta argumentação é apenas cortina de fumaça para esconder outros interesses, talvez publicamente inconfessáveis. As grandes indústrias e os grandes supermercados monopolizarão a industrialização, a distribuição e a venda da carne.
O argumento da qualidade é falso, porque até hoje, os problemas sanitários com consumo de carne não aconteceram com as formas tradicionais de abate e consumo, mas com a carne industrializada e vendida em sacos plásticos, como se pôde ver com a operação “Carne Fraca”. E o combate ao abigeato se faz com investimento em segurança.
Estas medidas do Governo Sartori só vão promover uma nova concentração industrial e comercial na produção de carne. Cada vez mais a “economia da carne”, que orgulha os gaúchos, terá o controle das grandes indústrias e supermercados, cada vez mais, multinacionais.
As medidas, editadas através de portarias e decretos, se completam com a lei de iniciativa de Sartori, aprovada recentemente pela Assembleia Legislativa, que implanta a fiscalização privada, contratada e paga pela indústria e o desmonte do sistema público de fiscalização da qualidade da carne. Dizem que assim vão garantir carne de qualidade na mesa dos gaúchos.
Tais decisões políticas do Sartori penalizam os camponeses que não terão mais mercado para os animais produzidos na pecuária familiar, ficando a mercê da grande indústria. Penaliza os pequenos municípios que perdem uma fonte de geração de emprego e ativação da economia local. Perdem os consumidores que não poderão mais escolher sua carne para o churrasco e outros pratos do gosto das famílias.
Estima-se que mais de 10 mil estabelecimentos de comercialização de carne serão obrigados a fechar no Rio Grande do Sul. Mais de 50 mil empregos distribuídos em todos os municípios do Rio Grande serão extintos com estas novas leis do governo Sartori.
A concentração da distribuição e venda de carne no estado exclui os pequenos açougues, o pequeno mercado local, os pequenos agricultores e pecuaristas familiares e a população fica nas mãos das grandes indústrias capitalistas.
E fazer churrasco com carne ensacada que pinga água nas brasas ao invés é gordura, velha, sem sabor nem consistência é o que o Governador Sartori reservou de presente paras as festas de fim de semana das famílias gaúchas.
Vamos deixar isto acontecer?
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promoveu uma Audiência Pública Popular, em Santa Cruz do Sul, no dia 25 de agosto de 2017, com a presença do deputado estadual Nelsinho Metalúrgico, para compreender o alcance desta legislação e suas consequências e decidiu iniciar mobilizações contra sua efetivação e convoca os demais agentes sociais para encarar esta luta, para revogar as duas portarias, o decreto do governador e rever a lei da fiscalização da qualidade dos produtos de origem animal.
Por isto, hora de informar, tomar consciência, organizar-se e lutar contra estas barbaridades.
Por Eng. Agrônomo Leandro Noronha “Ganso” de Freitas – Dirigente Estadual do MPA-RS
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