10 de maio de 2020

As atitudes do Governo Bolsonaro, de caráter neofacista, necessitam de reflexão no conjunto da sociedade. Nós do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) afirmamos que nunca tivemos ilusões sobre as posturas que ele adotaria na condução do país, por isso o combatemos no período das eleições e alertamos o povo do campo e da cidade sobre o que aconteceria com ele na Presidência da República, mas foi eleito e estamos no cotidiano “pagando o preço” do voto equivocado: retirada de direitos, destruição de políticas e programas, abandono da produção de alimentos, venda dos bens naturais, destruição dos territórios de diversos povos, destruição da saúde pública, volta da fome, aumento da violência e do desemprego.

O projeto conduzido de forma autoritária por Bolsonaro reflete os interesses dos ricos, do agronegócio, do latifundio, dos patrões, das grandes empresas, do capital internacional e por isso ele também está de joelhos para o Estados Unidos. Tudo fica ainda mais complexo com a gravidade da pandemia do coronavirus e com a postura genocida adotada pelo presidente para esse período: desconsidera orientações e normas mundiais, estimula a população a atos equivocados, foca a preocupação com setores da economia, não cria as condições para que a população adote o isolamento social nas cidades e para que o campesinato tenha condições de seguir produzindo alimentos para enfrentar a crise de abastecimento popular que já se avizinha, não estrutura o sistema de saúde, despreza alertas, faz chacotas e brinca com a preservação da vida desumanizadamente.

Diante desse contexto cresce em diversos setores da sociedade a campanha pela queda de Bolsonaro e com o conjunto das organizações de esquerda que se somam a frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, nós do MPA também nos colocamos nessa batalha conscientes de que Bolsonaro é incapaz de solucionar qualquer problema posto na sociedade, pelo contrario, suas decisões só aprofundam as crises. Nos colocamos também com consciência dos desafios que estão postos para o conjunto da esquerda. Nesse momento precisamos refletir sobre o que virá depois de Bolsonaro, fortalecer a solidariedade, a unidade, a organização do povo para mudar a correlação de forças e ao mesmo tempo, retomar o debate estratégico do horizonte de profundas transformações no nosso país. Assim recolocar o debate do projeto popular para o Brasil na pauta cotidiana do povo Brasileiro e das organizações nos parece um dever imediato de cada cidadão e do conjunto da esquerda brasileira. Precisamos avançar, agir no presente conectados ao sonho de futuro. Nos importa a luta pela vida das presentes e futuras gerações.

Rafaela Alves
Camponesa, nordestina, pedagoga, compõe a Direção Nacional do MPA.