AUTOR(A)
Comunicação MPAAUTOR(A)
Comunicação MPA29 de março de 2018
A foto do repórter Guilherme Santos, colaborador do portal Sul21, talvez seja a imagem mais reproduzida e que melhor representa a simbologia histórica que está por trás das agressões praticadas por extremistas de direita e fazendeiros do Rio Grande do Sul contra a Caravana de Lula e aqueles que lhe são simpáticos. A cena capturada, onde um filho de fazendeiro agride um sem-terra com golpe de relho, converte-se em uma imagem narrativa, que serve para ilustrar um fato, mas também para contar uma história.
A imagem, ao mesmo tempo que retrata uma contemporaneidade assustadora, onde a prática do jogo democrático perde espaço para o protagonismo de figuras asquerosas que fomentam a violência e o fundamentalismo contra aqueles que pensam e militam de forma contrária, relembra um passado sombrio que deveria ser lamentado por todos e rememorado apenas para fins pedagógicos de modo que os crimes de ontem não se repitam nos dias de hoje. Mas, infelizmente, a disciplina de história já não parece ter o mesmo prestígio de outrora.
A propriedade que excede a necessidade e a instância de mando que estabelece o exercício de poder de alguém sobre outrem – como se um detivesse algum tipo de superioridade sobre o outro – são os dois pilares desse raciocínio tosco que se perpetua de geração a geração, fundando a condição desde os senhores de escravos do passado aos que se apresentam como “produtores de divisas” no presente. Transmutou-se a expressão, mantiveram-se as posições.
O chicote havia dado lugar aos expedientes de dominação simbólica que se construíram através do domínio do campo social e da anulação de qualquer discurso contestatório. Agora ele está de volta em fotos, em relatos, em ameaças que não se preocupam mais em soar veladas. O chicote que abre vergões na pele daquele que apanha, açoita muito mais do que o corpo do mais fraco, fere de morte o sentido de humanidade que tanto precisamos recuperar.
Os grilhões de antes haviam sido substituídos pelas cadeias ideológicas do nosso tempo, onde o bombardeio de informação condiciona muitos trabalhadores e trabalhadoras à condição de neo-escravos, traindo a própria classe em defesa daquele que lhe explora. A pergunta que cabe fazer é sobre quanto tempo estes que resgataram o chicote, vão demorar para resgatar também as correntes, o tronco, as senzalas…
Uma imagem. Uma foto. Um grito que se cala no ar, preservado no tempo, entre o ontem e o hoje. Um zunido de couraça cortando o ar, que ecoa incomodamente como se a qualquer momento pudesse atingir pelas costas a mim, a ti, a qualquer trabalhador e trabalhadora que ainda não despertou sua consciência de classe e não teve coragem de dar seu próprio grito de alforria.
Por Marcos Antonio Corbari – Jornalista e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |